à vida e a morte II

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a vida não é calma, amor
ela é um turbilhão de respostas
a perguntas que nem fizemos
a perguntas que não queremos fazer
e elas caem em nossas costas
mesmo que não saibamos
como lidar, como responder

antes que sejamos enganados
a morte também é agitada
só sua sutileza mantém sua popularidade
assim é tão solicitada
a morte é ocupada
por ingênuos ansiosos por paz
mal sabem eles
que a morte é muito mais sagaz
do que eles
com suas mentes não-ordenadas
e suas lágrimas não-derramadas

"palavras doem"
diz a morte a mim
fingindo ressentimento
"deixe-a"
me defende a vida
e me sinto culpada por odia-la

morte e vida
iguais melancólicas
apaixonadas
juntas apenas por um fio pequeno
que as mantém atadas
ao mesmo universo sereno
que estão aprisionadas

inspiração de poetas tolos
- como eu -
que se sentem tocados por elas
uma mão aqui, um fio de cabelo lá
um sopro no ouvido a noite...
sopros, sussurros, palavras atravessadas
aqui e acolá...

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