à minha nova tentativa VI

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enquanto a água escorria pelo meu pescoço,
a inspiração vinha.
nada rimava nem se conectava,
mas ainda era poesia.
eu pensava nas minhas ações equivocadas
e questionava minha própria honestidade,
e me sentia suja, traidora, mentirosa,
mentindo para alguém como você.

o quarto está escuro,
a noite está escura.
minha mente está nublada
de saudade sua,
sabia?

se você soubesse o quanto
a culpa me atingiu
por não ter dito a verdade,
me perdoaria por pena, amor,
e te amar seria
finalmente minha prioridade.

eu solucei, desesperada,
porque a hipocrisia
prendeu-se à minha garganta
enquanto chorava pensando
"como transformar isso em poesia?"
e me cansando, eclipsando, extravasando,
confessando que minha maresia
acabou sumindo de novo.

eu morro de medo de perder
o nosso quase.
eu tentei demais te entender,
e concordei com sua base.
eu também me odiaria,
não posso nem me defender.

e sozinho - caetano veloso
toca aqui,
e dói, dói, dói,
e me deixa num jeito meio dengoso
de carência do
carinho que me reconstrói:
o seu.

escrevo, sonolenta,
sobre nós
porque sei que minha mente violenta
só se acalma quando fica a sós
com minha inspiração meio cinzenta,
carente, isente do nosso momento.

cartaOnde histórias criam vida. Descubra agora