à elas

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eu ainda consigo escrever
sobre coisas que não nós?
consigo escrever sobre as lua
e os sóis
os quais
eu continuo orbitando?

“e aquela foi a última vez
que eu te veria
ir saltitando até o carro
depois da aula”   
e um  soco doeria menos.

a minha cabeça latejou
de saudade das nossas manhãs
e das idas ao refeitório para fofocar
e dos cafés-das-manhãs risonhos
que me mantiveram viva
quando eu já não queria estar.

eu não poderia dizer que eles foram meu mundo
porque foram elas que me seguraram
quando meu mundo estava desabando

meus pulsos ardiam menos com elas
e as risadas eram até mais altas
quando estava lá eu esquecia
quão abertas estavam minhas feridas

o chá era mais doce
e os sorrisos eram mais comuns
a solidão deixou de ser hábito
e elas me encheram de luz.

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