à minha nova tentativa IX

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o meu drama, a minha trama
tem sido somente observar você
e como me faz ficar horas acordada de madrugada,
rolando e rolando na cama,
sorrindo, recosturando minha alma rasgada,
traída, triste e apaixonada.

eu te enxergo
(ou talvez só imagine)
entre o ondular das cortinas semi abertas,
azuladas, trêmulas e observadoras.

ah, e aí me vem uma vontade enorme
de rasgar as cortinas e pintá-las com meu amor,
me deitar sobre as lembranças
e deixá-las coloridas da nossa cor.
aquele meu amarelo queimado,
envelhecido, acontecido, aquele que me faz compor:
é com ele que vou pintar minhas cortinas
pra lembrar pra sempre do nosso amor.

escrevo com cuidado
minhas cartas a mão
mas se não queremos dizer nem ler nada
que a gente ouça Exagerado, então.

se o laranja traz alegria e equilíbrio,
eu desejo que vejamos
milhares de pôres do sol na sacada,
sob o olhar da rua agitada
que sequer presta atenção em nós.

eu só peço que desapareçam as pessoas passadas
que foram sem olhar para trás;
que não sejamos só mais um nós que se foi.
então ne me quitte pas,
que sejamos nós no Arco do Triunfo, no Louvre
tudo que precisar para que você não se vá.

que as palmeiras à beira da praia se curvem.
não a nós, mas ao vento,
demonstrando respeito e dizendo
"olha só aqueles que passam por lá"
que joguemos nossas toalhas sobre a areia,
e que o sofrimento seja passageiro.
que observemos a maresia.
e, enfim, que sejamos um do outro.


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