à ausência

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recentemente eu tenho estado
ausente de tudo,
principalmente da vida
que tem estado mais
“ah, sinceramente, fique
tanto faz”.
me perguntam recorrentemente
“onde está o poeta?”
e eu já nem o vejo mais.

eu enxerguei poesia na dor
e me imaginei dizendo
"dramático, teatral, avassalador!”
fiquei por semanas remoendo
o fato de que já não me restava amor.

o café esfriava na mesa
e o peito tilintava de frio.
nem minha  mente estava acesa:
nela só restava o vazio.

minha mão manchada de aquarela,
meus olhos manchados de lágrimas,
minha mente manchada de mentiras,
meus pulsos manchados de sangue,
e meu peito manchado de memórias
(nada que me limpe ou me estanque)
(nada que ame, que queira e que fique)

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