à minha nova tentativa VIII

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eu não vou para lugar algum
e mesmo assim me despeço
como se pudesse fugir, pudesse fingir
como se pudesse forjar um espaço
em que tudo fosse meu
meu céu, meu caminho, minha vida
minha memória, minha personalidade
meu amor, meu lar unilateral
onde me desfaço e te faço
meu amor literal
algo que fosse real
que fosse leal
que fosse li-te-ral-men-te sem igual

ah, meu amor,
se você soubesse
como a sua falta dói,
voltaria por pena.
eu queria saber o porquê
de você ter sumido
só pra poder dizer
que nós poderíamos ter sido
mais do que aconteceu,
que poderíamos ter tido tudo
mas você desapareceu de mim

a noite escura me escuta.
ela não enxerga meus olhos inchados,
não enxerga meu rosto cansado
de sentir falta de você.
eu queria que tivesse chovido mais
pra que meus ouvidos fossem preenchidos
pelo som da chuva,
ao invés de relembrar e remoer
a saudade da risada sua.

você volta pra mim
se eu te prometer
que todas as vezes que sentir
que não te amo mais
vou mutilar minhas convicções
e chorar até dormir?

você volta pra mim
se eu te disser
que todos os versos que tenho escrito
alheios a nós
tem sido apagados, excluídos, amassados
porque só me interessa o que diz respeito a ti?

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