carta

à minha nova tentativa II

eu gostaria de dizer que amo você
com a mesma facilidade que eu dizia à ele
mas as palavras se tornaram hábitos vazios
e eu não quero que sejam vazias com você
elas tem que ser cruas e verdadeiras
e doces, em caixa alta, com flores

é fácil demais escrever sobre nós, sabia?
as palavras fluem, elas chegam até mim
como a maré que sobe, rápida
todo entardecer, toda vez que cai o sol
fácil como floresce um carmim

como o orvalho cai
a chuva se vai
o vento se esvai
do jeito que você atrai
as coisas boas até aqui
a minha respiração se contrai
contra a sua
e toda a minha preocupação se vai

eu fico feliz instantaneamente
sabendo que você sente
tudo que diz sentir
(supostamente)

mas mesmo que seja mentira
me deixa numa maresia desesperada
agoniada, com uma vontade desgraçada
de não deixar isso se tornar
só mais uma paixão efêmera
como as que vivi por aí

meus olhos sentiram saudades suas
se o nosso lar é onde nos sentimos seguros
eu me sinto segura no seu olhar
mas será que você mente
quando diz que sente
que meus olhos são seu lugar?

noite passada lembrei de você
noite passada pensei naquele sábado
noite passada pensei em te ver
noite passada lembrei do momento inacabado
noite passada pensei, pensei, pensei
(a maioria dos pensamentos era sobre você)