à vida e a morte

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"como é possível que a vida e a morte sejam amantes?"
a vida, obviamente,
experimenta da morte toda vez que existe alguém na melancolia profunda.
essa pessoa está morta
(por dentro)
mas ainda está viva.

ela não se sente realmente viva,
e a morte tem tudo o que ela anseia:
calma.

mas a morte,
a pessoa não sabe ainda,
é a calma mais agitada que existe.
é o mal-estar, a melancolia.

a morte não tem companhia,
por que mata o que a toca.
a morte não tem companhia,
por que não se permite amar.
a morte não tem companhia,
por que ela que separa as outras companhias.
a morte não tem companhia,
por que mesmo que quisesse,
sabe que ninguém a amaria.

a morte,
por muito tempo
não teve companhia.
mas descobriu um dia
que quem a amaria,
genuinamente e respeitosamente,
seria, literalmente, a vida.

e a morte queria a si mesma,
queria morrer,
ficar em paz.
e pensar que a morte já foi tão ingênua,
em pensar em morrer,
achando que só haveria calmaria.
não.

a calmaria era a vida se vivida corretamente.
ah, e como a morte viveu.
viveu de encontros inesperados,
de pedaços de vitalidade caindo sobre ela,
viveu do amor da própria vida.

e a vida não foi prejudicada pela morte
era um gosto de rebeldia,
de perigo, algo que a vida anseiava tanto
por que sua vida era entendiante,
era calmaria.

como um oceano sem ondas sobreviveria?

a vida experimentara a morte,
por que só é vida se for vivida.
a morte provou da vida,
e ficou viciada totalmente na calmaria,
enquanto a vida só anseiava a adrenalina.

então as duas foram amantes,
e se amaram até o fim da vida,
ou melhor, até o início da morte.

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