eu sinto como se
todos soubessem o que estão fazendo
e eu precise só
seguir a correnteeu sinto como se
estivesse vagando lentamente
entre oceanos de pessoas
que podem me matareu sinto como se
você nunca tivesse ido embora
deixando um banco vazio
e uma alma desamparadaeu sinto como se
minha poesia fosse fruto da raiva
e da tristeza que vem nas madrugadas
mas nunca do amor, desde marçoeu sinto como se
não fosse boa poeta
por que nem sempre consigo escrever
e ele levou meus poemas com eleeu sinto como se
não conseguisse correr contra o tempo
porque meu peito dói
como se estivessem me sufocandoeu sinto como se
não soubesse o que estou fazendo
só seguindo o fluxo da vida
sem mudar absolutamente nadaeu sinto como se
tudo estivesse muito agitado
mas eu enxergasse em câmera lenta
nessa câmera analógica quente e antigaeu sinto como se
visse minha vida de fora
nunca sentindo realmente
porque pessoas morreram e eu nem vieu sinto como se
fosse uma estranha no meu corpo
como se não tivesse vivido pra presenciar
o que aconteceu comigoeu sinto como se
fosse insensível não chorar
porque não queria que
tivesse sidoeu sinto como se
minhas opiniões oscilassem
piscando e mudando conforme
o horário e os gatilhoseu sinto como se
não pudesse viver sem você
ou como se amasse me livrar de você
tudo em prol do ato de vivereu sinto como se
estivesse com dor de cabeça há dias
fruto da dor de pensamento
ou dos gritos que ouço lá dentroeu sinto como se
odiasse cada segundo que passo sem ele
e aí odia-lo por ter aceitado aquilo
e me odiar por sempre escrever sobre issoeu sinto como se
não fosse interessante o suficiente
pra que eles fiquem comigo
ou sequer tentem ficareu sinto como se
fosse figurante do meu próprio filme
dando espaço aos outros
sem nunca reclamareu sinto como se
fosse observada por mim mesma
me julgando como se soubesse o que eu sou
(porque nem eu sei)eu sinto como se
meu constante amadurecimento não funcionasse
e que eu não consiga aprender com
meus erroseu sinto como se
devesse me esforçar mais para
ver
ouvir
falar
ler
escrever
amar
aprender
sorrir
conquistarviver
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carta
Poetrycartas que escrevi mas não quis enviar porque não teria coragem de as explicar