carta

à ele III

e as palavras são tão vazias para expressar,
querido,
o que só poderia ser demonstrado com carinho.
e eu só queria demonstrar,
demonstrar para sempre,
eternamente,
o amor que eu partilho
com você.

e ter gatinhos,
e ter coelhinhos.
e acariciar seu cabelo,
afaga-lo com cuidado
para não ser amassado.
querido,
eu queria poder demonstrar.

demonstrar o que eu sinto.
por que as palavras são tão vazias pra mim,
que eu não poderia usá-las verdadeiramente.
por que as palavras são tão lindas,
mas não fazem sentido pra mim,
senão em poesia.

me perdoe, querido,
por não demonstrar como você.
por que as palavras são rasas pra mim.
mas eu prometo a você,
que quando puder,
vou demonstrar
- ah, querido -
e como vou me deliciar
nas demonstrações de carinho
e de como eu verdadeiramente
e eternamente,
amo você

como o sol poderia ter amado a lua,
ou como as flores amam a chuva.
como eu
eu, querido
como eu amo você.

e quando cansar de amar,
vou procurar mais características suas para apreciar.
por que há um infinito em seus olhos,
que parece que só eu sei enxergar.
me perdoe, querido
por não querer que outras pessoas enxerguem
as características que eu tanto amei e tanto irei amar.

por que quando me cansar de amar,
vou procurar outras características suas para me deliciar.
e então recomeçar a amar,
e de novo, e de novo.
querido
não terá fim esse meu carinho,
eternamente,
eu vou tentar demonstrar
sem as palavras

- que eu tanto admiro quem sabe usar -