Capítulo 15 - Os Sons

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Ana segurou a mão de Ray até o momento em que foi impedida de entrar na próxima sala.

_ Mas ele vai sozinho? - ela resmungou irritada ao que uma das enfermeiras lhe impediu de seguir, segurando suas mãos e a fazendo ir para outro caminho.

_ A equipe já está com ele, querida, provavelmente já está sendo levado para a sala de cirurgia. Preciso que se acalme para que eu possa te deixar aqui e conseguir informações - a mulher disse.

Ela era uma pouco mais baixa que Ana, o cabelo loiro acinzentado preso num coque, a aparência de talvez cinquenta e tantos anos e seu crachá no uniforme dizia Enfermeira Clarissa.

Ana passou a mão pelo rosto e inspirou o ar profundamente duas vezes.

_ Isso mesmo, respire. Vamos fazer de tudo por seu pai - a mulher dizia. - Sente-se aqui - falou indicando uma das cadeiras da sala reserva num canto mais privativo.

Lá fora a chuva caía muito forte, Ana podia escutar o barulho ficando ainda pior, como se nunca chegasse ao seu limite. Ela tinha medo da energia, de repente as luzes de apagarem e os aparelhos pararem de funcionar.

Respire.

Respire.

Se tornou seu mantra por quase dez minutos inteiros. Clarissa permaneceu ao seu lado, e Ana nem percebeu quando, mas a mulher tinha um dos braços em volta de seus ombros e uma das mãos segurança as duas suas.

_ Eu preciso que me diga se está machucada - a enfermeira falou gentilmente, a voz calma como soprano.

Ana balançou a cabeça de um lado para o outro ao mesmo tempo que seu pé batia freneticamente no chão. Seu coração ainda estava acelerado de forma preocupante, suas mãos suavam e sua cabeça, mais específico na nuca, doía como o inferno. Mas não era hora para aquilo, não era importante.

Ela encarou suas mãos. Estavam completamente sujas de sangue.

O sangue de Ray.

Ela não entendia como tudo aquilo havia acontecido.

Apenas havia acontecido.

O barulho dos tiros eram como uma cena repetitiva na cabeça de Ana.

_ Vamos apenas acabar com isso. Agora. Vamos viver nossa vida e esquecer tudo o que existe aqui - as palavras eram de Elena.

Ela parecia hipnotizada, louca.

Ana havia se desencostado da parede, não conseguia desviar os olhos, não conseguia mais respirar, não conseguia focar.

Os sons eram a única coisa verdadeira em sua mente, porque o resto, ela duvidava de tudo ao redor.

O plim do elevador foi tão alto, mas ao mesmo tempo tão silencioso que ela havia conseguido ouvir uma porta também.

Uma porta se abrindo ou se fechando.

Até o momento Ana não entendia.

Como Ray estava ali de repente, naquele cenário horrível?

Como ele foi tão rápido em entender o que estava acontecendo?

Como ele entendeu que Elena estava apontando a arma para Ana, e não para Troy?

Como ele apenas entrou em sua frente?

Como Taylor estava do outro lado, provavelmente vindo pela escada de serviço, rápido em atirar na mão de Elena, mas não rápido o suficiente para impedir o disparo?

Como Ana percebeu todas aquelas coisa, mas não percebeu que a morte daquela vez não seria a dela?

_ Eu vi que você conseguiu dar algumas informações aos paramédicos. Raymond Adams é seu pai, certo? Ele tem cinquenta e sete anos, não tem alergia a nenhum medicamento que você conheça... - a enfermeira falava.

50 Tons de Uma SteeleOnde histórias criam vida. Descubra agora