chapter 8

365 18 2
                                    

writer's pov

Quase 2 semanas se passaram, e finalmente a Victoria teve alta hospitalar. Concertos ao redor do mundo todo tiveram de ser cancelados, e ainda haviam imensas explicações a serem dadas. O Thomas e o Ethan continuavam pedindo explicações ao Damiano sobre a saúde mental da Vic, perguntas que nem ele próprio sabia responder.

E nisso tudo, uma das pessoas que estavam mais afetadas era ele, o Damiano. Ver a sua melhor amiga às portas da morte originou diversos pesadelos e ataques de pânico, coisas que ele nunca havia sentido alguma vez. Quando saiu daquele hospital segurando a mão da Vic, ele viu aos poucos uma luz ao fundo do túnel.

damiano's pov

Depois de 2 semanas, finalmente saímos de Zurich. O meu psicológico estava absolutamente desgastado depois daqueles 15 dias em que fui todo o santo dia a aquele hospital ver a Victoria, porque apesar de esse processo de recuperação demorar muito tempo, haviam alguns dias que ela ficava melhor, e em outros, muito pior. Foi uma verdadeira conquista ver ela sair daquele hospital andando quase sem ajuda, apesar de ainda estar precisando do oxigénio. Quando saímos daquele avião que nos levou a Roma, senti que tinha um longo caminho pela frente, mas nunca tinha perdido a esperança de ela melhorar.
Por segurança, decidi a levar para viver em minha casa, pelo menos nos primeiros dias de recuperação. Tive de ter imensos cuidados com ela, como não sair de casa muito sozinho, estar a controlar o seu estado de saúde diariamente e a ajudar em coisas muito básicas, como a tomar banho e a se vestir, não posso deixar de admitir que foi muito estranho eu ter que colocar a mão em certos lugares do corpo dela.
Perdi a conta dos dias em que fui para o seu quarto a reconfortar até ela adormecer, de todas aquelas vezes que ela simplesmente me puxava pelo braço e me levava para o quarto para vermos algum filme juntos, de ouvir a sua respiração enquanto dormia, enfim. Às vezes, sinto saudades daqueles momentos.

Se passaram quase 2 meses desde que voltámos para Roma depois daquela situação toda, e o processo de recuperação da Vic tem melhorado bastante, tanto que ela está ficando cada vez menos dependente do oxigénio e já ganhou todo o peso que tinha perdido durante o internamento e as primeiras semanas de recuperação. O que me preocupa, é que ela ficou super dependente psicologicamente de mim, por ser uma das poucas pessoas que ela viu durante esse processo de recuperação, por exemplo já houve algumas situações em que eu saí de casa enquanto ela estava dormindo, e por conta da sua ansiedade quando ela acordou começou a achar que eu nunca mais iria voltar. Depois desse tempo todo, ela já é capaz de fazer tudo o que ela estava impedida de fazer antes sozinha, e o mais importante de tudo, ela já está sem se automutilar há exatamente 53 dias, o que significa que ela já pode voltar para a sua casa e viver "normalmente. Mas essa decisão não poderia ser tomada por nós, ela tinha de ser tomada pela médica que a acompanhou desde o início da sua recuperação. E felizmente, essa decisão estava quase a ser feita.

No dia da consulta eu, o Ethan, o Thomas e a Victoria fomos dar uma volta pelas ruas de Roma, uma coisa que não fazíamos há um tempo por causa das quebras de tensão constantes da Vic. Naquele dia, todos estavam com esperança de boas notícias da médica, todos, menos a própria Vic. E na altura, aquilo me pareceu estranho, afinal, eram boas notícias certo? Será que haveria algum motivo específico para a tristeza dela?

Depois de um café em uma esplanada calma, eu e ela fomos para a clínica, enquanto o Ethan e o Thomas ficaram andando por sítios aleatórios. Chegamos lá, e depois de ficarmos esperando sentados na sala de espera, finalmente chamaram o nome de "Victoria de Angelis".

- Boa tarde Victoria. Uau, você parece estar muito melhor. - disse a médica, surpreendida. - O seu namorado pode esperar lá fora durante uns 10 minutos?

- Sim, é claro.- disse a Vic, me piscando o olho.

Pera, a médica tinha tinha acabado de dizer que eu era o NAMORADO dela? Uau. Por incrível que pareça, eu não me surpreendo assim tanto com isso, muitas pessoas acham que nós estamos namorando, mas nós somos só amigos, amigos muito próximos. Depois de um tempo de espera, a médica autorizou de novo a minha entrada, eu olhei para a cara dela e parecia que ela tinha boas notícias.

- Bem... de acordo com esses dados todos dos exames, parece que a Victoria não precisa mais de algum cuidado específico, só mesmo um pouco mais de controle do indíce de glicemia e quando precisar pode continuar com o oxigénio. Se a evolução dela continuar assim, a quantidade diária de ansiolíticos pode diminuir até metade até ao final desse ano.

Quando ouvi essas palavras, o meu coração encheu de alegria, não por ela já não precisar de viver comigo, mas sim por esse ser um grande passo da sua recuperação. Finalmente, depois de 2 meses de luta diária, outra luz no fundo do túnel voltou a se acender.

Saímos da clínica, e reparei que a Vic não estava assim tão alegre por aquela decisão da médica.

- E então dolcezza, porque você está assim?

- Assim como? Eu estou ótima. - disse ela, coçando os seus olhos.

- Vic, eu te conheço. Essas pupilas dilatadas não me enganam mais.

- Não é nada, eu juro. Eu estou ótima.

Mesmo assim, não acreditei no que ela disse. Acho que não é novidade para ninguém que a Vic é boa em esconder sentimentos.
Depois de andarmos um pouco, encontramos o Ethan e o Thomas sentados em um banco velho no fundo de uma rua sem saída.

- E então, quais são as novidades?- disse o Ethan, se levantando imediatamente.

- Eu já não preciso de viver com o Dam mais. A minha evolução está...boa. - disse a Vic, com uma voz cansada.

- Isso são ótimas notícias! - disse o Thomas, abraçando-a. - Temos de festejar isso. Que tal uma ida ao Hard Rock Cafe?

- Acho que é uma boa ideia. - digo, sendo interrompido pela Vic.

- Na verdade, eu não quero ir. Não estou com um mood para isso nesse momento.

- Uau Victoria, mas você adora ir lá. O que se passa?

- Primeiro foi o Dam a perguntar isso, agora é você. Eu estou completamente bem! - diz ela, um pouco irritada.

- Ok, podemos deixar isso para outro dia então.- diz o Thomas, um pouco surpreendido.

Depois de nos despedirmos, a Vic me agarra por um braço e vamos andando até ao parque de estacionamento em que deixamos o meu carro. Durante a viagem de carro, notei que ela tinha fixado o seu olhar no boneco que tenho pendurado no tabliê, e não disse nem uma palavra durante o trajeto inteiro. Era óbvio que algo se passava.
Chegamos a casa, e ela foi diretamente para o seu quarto, outra coisa que não costuma acontecer. Pensei que ela poderia estar com dores, então mandei vir uma pizza e preparei uma noite de filmes/séries. 1 hora depois, a pizza chegou e a Vic ainda não tinha saído do quarto, e então fui ver como ela estava.

Entrei lá, e vi ela estendida na cama, com um pijama de outono, dormindo ainda com o auxílio do oxigénio, parecendo um anjo que caiu do céu.
Ao sair do quarto, faço sem querer um barulho forte ao fechar a porta, que acabou por acordar a Vic.

- Alguém tinha de me acordar, não é mesmo? - diz ela, com uma voz sonolenta.

- Eu só vim ver se você estava bem. Enfim, vamos comer?

- Eu não estou com fome, mas ok...

Levei uma toalha para cima da minha cama, coloquei a caixa da pizza e os pratos em cima, e liguei a TV.
É esse ritual que tínhamos hábito de fazer, comer enquanto vemos algum filme. Mas mesmo assim, ela ainda parecia triste.

- Vic, isso é uma... lágrima?- digo, colocando a minha mão direita no seu rosto.

- É que... pronto. Eu não sei se quero voltar a viver sozinha... Eu amo estar aqui vivendo com você.

- Honey, não é preciso você ficar assim. Independentemente de você estar vivendo aqui ou não, podemos continuar a ter essas noites de filmes e as nossas conversas profundas. Nada vai mudar, eu prometo.

- Always?

- Always. - digo, colocando a cabeça dela encostada ao meu peito.

GOLDWINGOnde histórias criam vida. Descubra agora