1 mês passou, e tudo estava meio parado entre a banda. Damiano tinha acabado de sair da sua lua de mel em Vegas, Ethan tinha voltado com a sua tendinite na mão e eu estava passando por uma recaída da minha depressão. A nossa tour tinha sido forçada a ser adiada, por isso não tínhamos quase nenhum show marcado durante a primavera. No verão, estaríamos cheios
de festivais, entre eles o Rock In Rio. Apesar de terem acontecido coisas boas, o meu mundo parecia estar desmoronando.Nosso último álbum tinha sido praticamente um fracasso na boca da sociedade. Diziam muito na Internet que esse álbum era uma autêntica cópia do Teatro D'ira. Na mídia, consideravam que estávamos em uma era de flop. Meses atrás, estávamos liderando as estatísticas mundais e abrindo concertos para os Rolling Stones. Nesse momento, parecia que as pessoas tinham apagado o nosso nome de grande parte da indústria musical.
E no meio de tanta coisa, meu problema com a bebida tinha se agravado. Bebia muito, bebia demasiado. Tinha chegado a um ponto que eu estava dependente de um copo de tequila para me levantar da cama, e me sentir bem para começar um dia. A razão para isso? Beber me fazia esquecer de todos os meus problemas e preocupações, apesar de me fazer acordar com a cabeça pesada e por vezes vomitar. Há pouco tempo atrás, tinha sido diagnosticada com alcoolismo. Sim, alcoolismo é uma doença.
Um dia, nossos empresários nos reuniram todos no home studio. A proposta era clara: queriam que lançássemos algo grande, algo que nos trouxesse de volta para os tops mundiais.
- Oiça, se vc pensa que vamos fazer uma versão 2.0 da Beggin' vc está bem enganado.- disse Dam, muito irritado.
- É o seguinte. Se vocês querem receber outro convite do Royal Albert.... é melhor trabalharem para isso....
- Como assim, trabalhar para isso?
- Talvez... vocês tenham que estar mais dias no estúdio, tentando criar algo....
- A gente pode tentar.....- disse o Ethan.
- Mas a gente tem que focar nesse verão, gente. Vai ser tudo uma autêntica loucura.
- Ainda nos restam 2 meses até ao verão, e 4 para o Rock In Rio...
- A gente vai conseguir criar algo novo, tenho a certeza.
- A esperança é a última a morrer, não é mesmo?- disse o Dam, um pouco mais calmo.
- Ou ela pode também ser a primeira a morrer....- disse eu, completando.
Ficamos no estúdio por dias, e não tínhamos nenhuma criatividade nem motivação para criar uma melodia. Ao longo de 2 semanas, não tínhamos feito quase nada produtivo. Quer dizer, se ter discussões é considerado fazer algo produtivo, acho que fomos bem produtivos. O ambiente pesado não ajudava nada, já que costumávamos escrever músicas em um ambiente calmo e saudável, e sem pressão. Estava totalmente frustrada, sem uma direção para onde ir e descarregava essa dor e raiva em garrafas de whisky às 4 da manhã, quando ninguém estava acordado. E pela primeira vez em um tempo, voltei a pegar na lâmina. Tinha cicatrizes nos dois braços, nos pulsos, no peito, nas costas, nas coxas, no antebraço, enfim... Bem dizem que cicatrizes contam histórias.
Depois de imensa pressão e comportamentos incorretos, acabei de por cometer uma loucura, em um sábado à noite.
Estava no jardim, com os pés na água fria da piscina. Era maio, por isso as temperaturas não subiam dos 22 graus e não desciam dos 16. Ainda me lembro da roupa que usei naquele dia: uma calça de pijama e uma t-shirt do Bowie.
A temperatura começou a baixar, então fui à sala e vesti um sweater que devia ser de algum dos garotos. Um tempo depois, peguei em 2 garrafas de bebida que tinha escondido no móvel do corredor e fui para o meu quarto. Estava há cerca de 3 dias sem tocar no álcool, um dos meus maiores máximos na altura. O que não durou muito, como é óbvio.Fiquei quase meia hora olhando para aquela parede branca vazia, pensando mil vezes se deveria fazer isso. Não era nem a primeira nem a segunda vez que tinha pensado em tirar a minha própria vida, e das outras vezes sempre arranjava maneira de escapar daqueles pensamentos. Mas como eu já mencionei, essa noite foi diferente.
Tinha aberto o meu pequeno bloco de notas preto com um autocolante dos The Rolling Stones e comecei a escrever cartas. Aquelas cartas que eu nunca coragem de escrever. Sim, cartas de despedida.
Escrevi a primeira para a minha mãe (mesmo que já não estivéssemos no mesmo mundo, mas brevemente poderíamos estar), a lhe contar tudo o que tinha sofrido com a sua perda e com todas as coisas boas que tinha feito no mundo depois de ela partir. A segunda foi para Thomas, pedindo desculpas por nunca ter sido capaz de lhe admitir quando estava mal, e por não o ter ouvido quando ele dizia que minha relação com Damiano nunca iria dar em nada. As outras foram para o Lorenzo, agradecendo por tudo o que ele tinha feito por mim nos últimos meses; para o Ethan, pedindo perdão por todas aquelas vezes que eu ficava chateada com ele por ele esconder o álcool que tinha em casa; para a minha irmã Veronica, desejando a ela o maior e melhor futuro depois de ela acabar a universidade e pedindo para ela ser forte como sempre foi; ao meu pai, dizendo que queria o recompensar por tudo o que fez por mim um dia mas que nunca consegui, e que me sentia culpada por isso; e para o Damiano.
" Querido Dam,
Apesar de tudo, eu quero te agradecer por tanta coisa. Obrigada por ter ficado acordado à noite quando eu desejava nunca mais acordar de um sono profundo; por ter me motivado quando eu estava desmotivada; pelos passeios nos corredores do hospital; por ter ido me procurar quando eu fugia; por ter me ligado vezes sem conta nas alturas em que vc sabia que eu não estava bem; por ter curado as minhas cicatrizes, quer sejam elas físicas ou psicológicas; por me agarrar nos seus braços enquanto eu chorava; pelas waffles de manhã; pelos abraços; pelas vezes incontáveis que vc trocou a minha garrafa do oxigênio; por me relembrar de tomar a minha medicação; por ter levado com todos os meus desabafos; pelos beijos na testa antes dos concertos; por ter cuidado de mim quando eu não tinha forças para o fazer; por me emprestar as suas roupas; por me devolver a autoestima que eu tinha perdido; por me reconfortar quando um gatilho chegava à minha mente; por pedir permissão para agarrar a minha cintura; por aquelas ocasiões que percorríamos Roma procurando lojas de roupas em segunda mão; por me adormecer quando eu tinha pesadelos; por ter me defendido de tudo e de todos...
Sabe, se apaixonar por uma pessoa que vc não tem intenções de se apaixonar é das formas de amor mais genuínas que eu alguma vez já conheci, e também a mais dolorosa.
Por favor, continue com a banda. Até o Queen continuou os concertos mesmo que o Freddie Mercury tenha morrido, e quem sabe, vc pode encontrar um Adam Lambert para o Måneskin.
Fique com a Chilli, quem sabe ela pode se dar bem com o Bidet e o Lego.
Agora, vou te ver quando as estradas da vida decidirem que é tempo para os nossos caminhos se cruzarem novamente. Sabe, a vida tem que acabar, mas o amor não.
yours,
Vic. "
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heyyyy!
o que você espera para o próximo capítulo? deixe nos comentários ;)tenho que pedir desculpa pela inatividade, mas dentro dessas semanas deixei alguns capítulos prontos :)
tks for reading <3
mel.

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GOLDWING
Fanfiction"Sabe, se apaixonar por uma pessoa que você não tem intenções de se apaixonar é das formas de 𝘢𝘮𝘰𝘳 mais genuínas que eu alguma vez já conheci, e também a mais dolorosa." - história completamente fictícia, sem objetivo de desrespeitar as pessoas...