writer's pov
Depois de muitos meses lutando em uma cama de hospital, Jeannet faleceu pacificamente na sua terra, Copenhaga, acompanhada da filha Victoria. Por vezes, a pequena adolescente não conseguia aceitar que a sua mãe estava doente: que aquele sorriso tinha perdido o seu brilho, que o seu cabelo loiro tinha caído todo, que ela estava destinada a morrer.
Semanas após tentar processar tudo o que tinha acontecido, ela começou a pensar na morte, a pensar demasiado. Ela, uma menina que sempre tinha sido relaxada toda a sua vida, sentia conforto em pensar em morrer, olhava para o céu como aquilo fosse um lugar seguro, confortável. Vieram pensamentos à cabeça dela como "Porquê que foi ela e não eu?".
Os seus dias se passavam na base de estar deitada na cama todos os dias, não sair do seu próprio quarto. Nica batia à porta do quarto inúmeras vezes, mas Vic nunca abria. Perto das 9 da noite - a hora da morte da mãe das duas pequenas e da esposa do seu pai - o pai dela, Sandro, iria abrir a porta com uma segunda chave todos os dias e lhe trazer o jantar. Ela não comia, não falava. Foi um estado de choque que ela nunca entendeu.
Em um desses dias, o seu pai entrou no seu quarto à mesma hora de sempre, dessa vez com uma mulher à sua trás. Minutos depois, ela se apresentou a ela como Vanessa, a sua terapeuta. A postura dela conseguia intimidar qualquer um. Com aqueles olhos verdes grandes, estatura alta e um nariz pequeno, ela parecia um bebê no corpo de um adulto vestido de um blazer e salto alto. Ela tinha apenas 28 anos, acabado os seus estudos há pouco tempo, fazendo especialidade, e aquela tinha sido uma dos seus primeiros pacientes a sério. Ela ficou 4 anos acompanhando Vic, até ela começar em tour com a banda.
12 de fevereiro. Naquele ano faziam 4 anos que Jeannet tinha ido para um lugar melhor. Com 19 anos, Victoria já andava em tour com a sua banda, a sua nova família. E foram eles que a abrigaram quando ela caía de um abismo de pensamentos. Naquele dia, eles fizeram um show em Londres, era a sua primeira vez lá desde o X Factor. Nos últimos anos, ela passava esse dia a chorar, olhando as fotos da sua maior inspiração, normalmente em Copenhaga. A mãe dela amava aquela cidade, era a sua definição de casa, apesar de viver em Roma. Na verdade, casa para Jeannet era seja onde que as pessoas que ela amassem fossem, o mesmo se aplicava para as suas filhas, que puxaram a sua personalidade forte e carismática. Ao contrário do resto da sua família e dos seus colegas que diziam para ela desistir de tocar instrumentos, ela e o seu pai sempre acreditavam nela e no seu talento. A levaram para uma escola de música longe de casa, fizeram tudo para que ela fosse feliz, especialmente o seu pai Alessandro, depois da sua mãe partir. Naquela escola, ela conheceu Damiano, e Thomas. Se ela não tivesse superado os seus medos do futuro, ela nunca estaria onde está hoje. É uma menina muito forte, e ela sabe disso. Foram meses e meses pensando nela todos os dias, mas à medida que o tempo foi passando, as lágrimas diminuíram, e a dor no peito desapareceu. Porém, a saudade continuava lá, e as boas memórias também.
Naquela noite de concerto, ela usou uma roupa da cor dos olhos da sua mãe, azuis como o céu. Ela dedicou cada uma das notas que ela tocou a Jeannet, todo o concerto a ela. Ela sabia que ela estaria orgulhosa em a ver agora, crescida, famosa, uma "rokcstar", a usar aquele estilo de roupas que ela sempre quis usar. Então, cada vez que ela queria falar com ela, ela olhava para as estrelas do céu e escolhia uma, e a chamava de mãe, e contava os seus dias inteiros, sobre as suas novas mudanças, ou cada vez que ela descobria algo novo. Victoria nunca foi de acreditar em um ser superior específico, mas quando ela viu que logo naquela noite o céu ficou estrelado e de Lua Cheia - como a mãe dela gostava - ela ficou realmente achando que havia alguém olhando por ela nesse mundo gigante. Foi a partir daí que ela começou a usar os seus terços com realmente algum significado por trás, pensando na mãe dela.
Já cansada e de banho tomado, ela foi até à varanda do seu hotel. A sombra do seu corpo magro contrastava com a luz da lua refletida no pequeno sofá do lugar. Aí, ela pegou em um papel rasgado do seu bloco de notas, um texto enorme que ela fez à sua mãe, em dinamarquês. Vic nunca tinha feito nada parecido, nunca tinha recordado os seus melhores momentos com ela naquele dia. Antes, ela apenas se lembrava do peso que ela colocava em cima daquela cadeira do hospital durante meses, de ver os olhos dela a se fechar pela última vez, a ouvir o último sinal de um batimento cardíaco da pessoa que ela mais amava até então. Mas dessa vez ela não se lembrou nada disso.
"Mãe, eu acho que eu fiz o meu luto," ela afirmou, finalmente.
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GOLDWING
Fanfiction"Sabe, se apaixonar por uma pessoa que você não tem intenções de se apaixonar é das formas de 𝘢𝘮𝘰𝘳 mais genuínas que eu alguma vez já conheci, e também a mais dolorosa." - história completamente fictícia, sem objetivo de desrespeitar as pessoas...