GOLDWING

chapter 5

(dia seguinte)

Acordei e olhei para o relógio do celular: ainda eram 11 da manhã.
Como sempre, o Leo já tinha acordado e já nem estava lá, e a luz forte da janela começava a iluminar o quarto.
Entre algumas notificações, uma delas era de uma mensagem do Ethan.

Ethan🥁
10:30
Preguiçoso, quando vc acordar venha ter ao quarto da Vic, encomendamos uma pizza que vai chegar perto do meio dia.

11:06
Bom dia, já estou indo.
vista 11:09

Naquele momento só me apetecia dormir mais um pouco, mas consegui enganar a minha própia preguiça e me levantar da cama. Tomei um banho quente, vesti uma roupa semelhante à do dia anterior e saí do meu quarto.
Ao abrir a porta, vejo o Ethan, o Thomas, e o Leo sentados no sofá, enquanto a Vic estava sentada no chão.

— Bom dia pessoal.- disse, bem calmo.

— Uau Damiano, que cara é essa? Parece que você ficou acordado até às 4 da manhã...- diz o Thomas.

— Ahhhh, sim, essa noite foi bem... complicada.

Mal ele sabia que eu tinha literalmente me deitado às 4 da manhã.

Quando chego perto da Vic, lhe dou um beijo na testa e um abraço, e após a observar por um tempo vi que estava muito calor, e ela estava com um sweater, que por acaso já foi meu, mas eu dei a ela. Provavelmente, para esconder todos os pensos que eu coloquei.

— E então Vic, porque é que não tira esse sweater? Tá tipo 23 graus.- disse o Thomas.

— Eu estou bem assim, não se preocupe. - diz ela, tentando dar um sorriso.

— Vá Vic, tira esse sweater. 

— Eu já disse que eu estou bem assim!- disse ela, cruzando os braços.

Ao ver ele a se aproximar dela e tentar tirar o sweater, o meu único impulso foi agarrar o Thomas pela mão e o encostar à parede.

— Ouve Thomas, se ela disse que não quer, então a respeite. Estamos entendidos?

— O que se passa com você Damiano? Vocês os dois andam tendo alguns one night stands né?

Antes de bater nele, sinto o Ethan e o Leo me puxarem pelos dois braços, tentando me acalmar. O que, só me enervou mais.

— Então Damia, calma. - diz o Ethan calmamente.

Quando deixei de agarrar o Thomas, olhei em redor e vi que a Vic já não estava sentada onde estava. Fui ao banheiro dela, ao meu, e até fui ao meu quarto, à varanda e à receção do hotel e não havia nem um sinal de Vic de Angelis.

— Boa Thomas, ela desapareceu, de novo. E sabe de quem é a culpa? SUA.

— Damiano, tem calma. Ela já volta.- diz o Leo, com uma voz calma.

— Tem calma o caralho. Você sabe muito bem que quando a Victoria desaparece, é que alguma coisa não está bem.

— Eu sei mas, também é normal, o que você acha que ela pensou quando viu você a quase bater no Thomas por causa dela? - disse o Ethan, com um braço em volta do ombro do Thomas.

— Ela vai aparecer, não se preocupe.- disse o Leo, me dando um abraço leve.

Passei praticamente quase 1 hora a ligar à Vic, e todas essas chamadas não foram atendidas. Entretanto, a pizza chegou, mas aquela situação toda tinha me deixado sem fome, então voltei para o meu quarto antes que tivesse vontade de bater de novo no Thomas. Aproveitei e arrumei a minha pequena mala e consegui dormir um pouco, mas mesmo assim estava extremamente preocupado com a Victoria. 

Acordei com o Leo quase a gritar comigo, ao que parece já estava quase na hora do voo. Tinha dormido mais de 6 horas, e nem tinha dado conta. Rapidamente troquei de roupa, peguei na minha mala e nos meus documentos, e saí do nosso quarto de hotel. Quando cheguei à receção já estavam lá o Ethan, o Thomas, o Leo e o nosso manager, mas faltava alguém, a Vic. Como assim ela estava desaparecida há mais de 6 horas?

— Bem pessoal, vamos? - disse o manager.

— É óbvio que não, falta a Vic.

Esperamos quase 1 hora por ela na receção, e ela não apareceu, e eu que já estava preocupado antes, tinha ficado 1000 vezes mais.

— Bem Damiano, desculpa, mas não podemos esperar mais, já devíamos estar no aeroporto há imenso tempo.- disse o Leo, bocejando.

— Ela vai chegar Leo, eu tenho a certeza!

— Lamento, mas não podemos esperar mais mesmo.- disse o manager.

No fim, acabamos por ir para o aeroporto, sem a Vic. Logo que entrei nas lojas de lá, me lembrei do quanto eu e ela gostamos de observar e experimentar perfumes, era o que nós fazemos sempre que vamos viajar. Tentei fazer isso sozinho, mas não tinha graça fazer sem ela. Até quando estávamos dentro do avião quase a levantar voo, antes de por o celular em modo de voo fui verificar se por acaso ela tinha ligado ou mandado mensagem, mas não tinha nada. Para tentar esquecer aquele assunto, coloquei a minha almofada de viagem e os meus Airpods e dormi todo o caminho. 

O tempo em Roma estava bem calmo, bem agradável para um anoitecer de um dia de início de  verão. Cada um de nós foi para as suas casas porque tínhamos 2 dias livres,  e depois iríamos para Zurich, para continuar a tour.

Chamei um Uber, e em seguida fui para o meu pequeno apartamento. Estava um calor insuportável lá dentro, fui mesmo burro por não ter deixado nem uma janela aberta. Para tentar relaxar, tomei um banho longo, encomendei comida no Uber Eats, acabei de ler um livro e comecei de novo a minha maratona de The Big Bang Theory: sim, esse é o meu sinónimo de paz, e foi assim que consegui esquecer o desaparecimento da Vic por umas horas.

Quando acabei a minha maratona já eram quase 1 da manhã, vi que tinha começado a chover, e aproveitei e fui fumar à varanda enquanto ouvia o som da chuva, o que se torna um pouco terapêutico para mim. E do nada sinto alguém tocar à minha campainha. Ao início, pensei em não ir ver quem era, até porque era 1 da manhã e ninguém costuma visitar a essas horas, quer dizer, às vezes  o Leo me visita de madrugada quando não está sóbrio, mas esse é outro caso. 

Ao abrir a porta, vi quem era, e não sabia se ficava feliz ou irritado.

— ... Ol..á.... - disse a Victoria, dando um ligeiro sorriso, tentando me dar um abraço.

— Victoria, é sério?- digo, tirando os braços dela dos meus ombros.

— Eu sei que eu desapareci, mas...

— Mas o quê ? 

— O que interessa é que eu agora estou bem.

— Vic, eu realmente não sei como você consegue ser tão... egoísta! Você só pensa em você mesma, o tempo todo, e isso é claramente visível nas suas palavras. Você não tem noção do quanto eu fiquei preocupado, ainda por cima estávamos em OUTRO PAÍS.

— Você não sabe o quanto me doeu ouvir você discutir com o Thomas por minha causa.

— Sério? Eu só estava te defendendo, e mesmo assim você fica chateada? Desculpa Vic, mas eu não tenho mesmo paciência para ouvir seus argumentos inválidos. - disse, quase gritando.

— Bem, então é assim que isso acaba? Está bem, então esquece a nossa viagem a Santorini, as nossas roupas partilhadas, os livros emprestados e essa estúpida pulseira da amizade. A partir de agora, só nos relacionamos por causa da banda, estamos entendidos?-  disse ela, gritando e me empurrando para a porta do meu apartamento, indo embora rapidamente.

A minha primeira reação foi simplesmente um choque total, eu não esperava que aquilo fosse acontecer logo numa calma madrugada de sábado. Ao que parece, tinha acabado de perder a minha melhor amiga.