"Perhaps 'fuck off' might be too kind." - Do Me a Favor, Arctic Monkeys.
DAMIANO'S POV
Não existiu nada mais doloroso para mim do que ver a Vic ficar fraca a cada dia que passava. Porém, subir a um palco sem ela, me custou ainda mais.
De uma maneira ou de outra, eu saberia que tinha que voltar aos palcos, com ou sem ela. A Alice tinha começado a ensaiar connosco há semanas, e estava se integrando, os poucos. Começaram a marcar eventos, em todas as partes do mundo, até no Japão. Estávamos nos preparando para voltar com tudo, mais fortes do que nunca.
Um dia, nos tinham reunido para outro encontro, no estúdio. Dessa vez, até com Alice, substituindo Vic, que tinha se recusado a ir. Queriam a nossa aprovação para participar em alguns eventos. Entre alguns festivais, estava o grande, o maior, e o mais prestigiado: Rock In Rio. Dessa vez, partilhando o palco no mesmo dia que a nossa grande amiga Miley. No ano passado, tivemos de cancelar o concerto por razões óbvias. Mas esse ano, queríamos voltar com força, e dar um show ainda mais poderoso do que o que iríamos dar antes. Além disso, iríamos ter um lucro enorme com a presença em um festival desses. No mesmo dia ao final da tarde, a confirmação de esse grande feito deveria ser anunciada, no instagram oficial do Rock in Rio.
Saímos os 4 do estúdio, mais contentes do que nunca. Fomos até o centro da cidade, para beber alguma coisa. Tivemos apresentando Roma para a Alice, já que ela é de Londres e mal conhecia a cidade. O seu sotaque era puro britânico, o que deixava as coisas ainda mais divertidas. Ao iníco, era muito tímida e introvertida, mas à medida que o tempo passava, ela se expressava cada vez mais.
Fomos até à região de Trastevere. É conhecido pelos turistas pelo bairro mais agradável de Roma, e é um dos meus sítios favoritos da cidade. Passei muitas tardes dando passeios com a Vic por lá, quando ainda nem éramos famosos. E quando passava por lá sem ela, me sentia levemente vazio, sentia que alguma coisa estava faltando. Para mim, Trastevere não era o mesmo ser ter a Vic andando curiosa pelas ruas, tirando fotos a tudo e mais alguma coisa. Encontramos um bar mais ou menos no fim da rua, perto de alguns restaurantes. Pedimos 4 cervejas artesanais, e depois de pagar, nos sentámos em um banco de uma praça.
Ficamos observando as pessoas passarem, cidadãos de todas as nacionalidades e partes do mundo. No meio deles todos, vi Lorenzo passar, com Chili, e com a bolsa da Vic na mão. Ele me deu um olhar simpático, e continuou a andar até a uma descida do caminho. Se ele estava com Chilli e com a bolsa dela... estava óbvio que ela também estava em Trastevere.- Gente, eu já volto, preciso de fazer uma... chamada.
Liguei a ela, 2, 3, 4 vezes, sem resposta. Comecei a descer a rua, passando por inúmeros turistas e lojas de souvenirs. Reconheci aquele cabelo loiro comprido e aquele casaco de couro à primeira vista. Acabei por a encontrar perto de um parque de estacionamento, quase no fim da rua.
- Vitto!- gritei.
Como ela tinha me ignorado, corri até à sua direção, e a puxei pelo braço.- Você está bem, Vic?
- Sério, você ainda tem as bolas de me perguntar se eu estou bem Dam? Depois do que eu acabei de ver? Pelo amor de deus, vá embora.
- Eu não vou embora sem você me explicar o que aconteceu.
- Ok, se você não vai, eu vou. Adeus.- disse ela, de uma maneira fria.
Não estava conhecendo a Vic. Há pouco tempo, estávamos tão bem um com o outro, e do nada, ela decide se chatear. Mas ela tinha uma razão para isso, eu notei isso nos seus olhos. Só cabia a mim descobrir do que se tratava.
Voltei para o banco, acompanhado dos restantes. A minha perna não parava de tremer, e a minha cabeça me enchia de pensamentos. Porém, não me sentia confortável a contar o que passava pela minha cabeça aos outros, por isso, carreguei aquele peso na consciência por horas. Com tanta coisa junta, quando me apercebi, estava sentado no banco de trás do meu carro, tendo um ataque de pânico.
O sentimento era horrível. Não conseguia respirar, tinha a sensação que ia colapsar e estava tentando ficar consciente. Esses ataques estavam ficando cada vez mais frequentes, o que me assustava muito. Pensava que os tinha controlados, mas estava enganado. São nesses momentos que vejo as consequências de ter parado temporariamente a terapia.
Cheguei à casa dela pelas 10 da noite. Estava nervoso, com um leve medo de levar uma grande porrada, apesar de não ter compreendido a razão pela qual ela estar chateada. Bati 3 vezes na porta, e esperei uns minutos. Para a minha surpresa, quem abriu a porta foi o Lorenzo. Com apenas uma calça vestida, chamou a Vic, e encostou a porta. Ela voltou, também apenas vestindo apenas uma t-shirt branca, levemente transparente. Será que eu estava interrompendo alguma coisa?
- Me diga Damiano, o que você veio fazer aqui, logo agora?
- Eu... eu não conseguia descansar sem pensar em voc.... quer dizer, do que você estava chateada.
- Você quer mesmo que eu explique? Ok, eu posso.- disse ela, respirando fundo, se sentando em um degrau.- Então, sabe o dia que eu quase fui dessa para melhor?
- Sim, óbvio. 22 de maio.
- Você se lembra que a minha terapeuta me dizia que eu estaria livre de essa merda toda de restrições depois de um ano do acontecido?
- Acho que sim, Giorgia me contava muito sobre isso. Quando eu não te.... visitava.
- Eles me reavaliaram. Eu vou ficar assim mais 5 meses. E sim, eu sei que você merece um pedido de desculpas, eu não merecia ficar chateada por nada.
- Se eu fosse você, iria sentir a mesma coisa. Eu sei o quão terapêutico os palcos são para você, mas também sei o quanto eles são perigosos. Houve alturas que você tinha demasiados ataques de pânico quase todas as semanas. Se eles não te deixaram ainda, é porque você ainda não está preparada.
- Mas sabe o que me deixa pior do que os ataques de pânico antes de concertos? Ver todos os cartazes desse verão com o nome da nossa banda, e eu não poder ir a nenhum.
- Eu pensava que você aceitava de boas o facto que a Alice vinha te substituir...
- Ouve Damiano. Da mesma forma que eu não aceitava a 100% o seu casamento, também é difícil aceitar que vocês me substituíram.
- Não traga o meu casamento para a conversa, pelo amor de Deus.
- Mas sabe, já estou acostumada a ser substituída. Por isso, faça um favor a você mesmo e a mim, e vá embora. Por favor.
- Vic, não diga isso, pelo amor de deus.
- Porquê? É mentira?
- Não. Infelizmente não.
-
oiii :)
brevemente irão acontecer coisas muito boas, por isso fiquem ligados!
tks for reading <3
mel.

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GOLDWING
Fanfiction"Sabe, se apaixonar por uma pessoa que você não tem intenções de se apaixonar é das formas de 𝘢𝘮𝘰𝘳 mais genuínas que eu alguma vez já conheci, e também a mais dolorosa." - história completamente fictícia, sem objetivo de desrespeitar as pessoas...