nota do autor: se puderem, ouçam a música acima durante a leitura desse capítulo, eu o escrevi com ela como som de fundo. boa leitura!
VICTORIA'S POV
Eu enfrentei aqueles primeiros 3 meses de gravidez com muita seriedade. Fiz tudo direito, anotava tudo e todas as horas que comia. Senti a diferença entre essa gravidez e a minha primeira. Não tinha nada a esconder a quase ninguém, e todos os meus amigos e família já sabiam da notícia. E tentei fazer a minha parte em não beber mais. Tentei. Viver com um alcóolico está longe de ser uma coisa fácil, e ser um também. As frases da terapeuta "Pense na sua família, nos seus amigos, na sua filha" cruzavam na minha mente ao mesmo tempo que os momentos em que estava alterada. Eu sabia os riscos. Todos. Eu posso até fazer uma lista deles. Aqueles nomes longos e desconhecidos viviam na minha cabeça todos os dias. Desde que fomos em tour, Damiano andava à minha trás como ele nunca teve. Ele me controlava em tudo o que comia, bebia e tomava. Quando eu fugia a isso, ele poderia ser calmo ou extremamente agressivo. Por isso, por vezes eu não bebia não por mim e pelo bebê, mas para não ouvir mais ele falar. Passar por uma abstinência em uma clínica é muito diferente do que passar por uma quase sozinha, sem medicamentos, sem sedativos, quando o único sedativo é o álcool e um companheiro controlador. Eu estava de 12 semanas, com o conceito apagado que eu estava criando um ser vivo. A casa nova já estava em construção, a licença já estava aprovada e arquitetos e empresas contratadas, o que me levou a dias dentro um escritório escolhendo pavimentos, cores de parede, o design dos banheiros e das cozinhas, com ainda decisões complicadas sobre os quartos principais. Em casa, estava esperando os abraços apertados de Dam em cima do balcão da cozinha. Em vez disso, encontrei os sacos onde escondia a bebida na entrada da casa. Nesse dia eu conheci um lado novo do amor, o mau.
Era Primavera. Estávamos no meio de Abril, nos Estados Unidos. O Coachella começava dentro de alguns dias, e estávamos planeando uma performance enorme. No estúdio, eu, Damiano, e outros 3 produtores estávamos ouvindo o EP de Aidan and Nadia no silêncio inexistente do estado de Arizona. Eles se perguntaram como é que uma música tão melancólica pode ter um som tão bonito. Na minha cabeça, isso parecia o mundo perfeito do sucesso da banda há um tempo atrás enquanto eu me cortava no chão do banheiro de uma estação de rádio. O trauma continuava lá, não valia a pena ficar meses e meses sóbria porque cada vez que me cruzava com uma lâmina, tudo vinha à minha mente. Os medicamentos apenas me faziam não o tentar fazer de novo. "O que você acha, Victoria?" perguntou Ally. "Está bom, mas podemos colocar a guitarra um pouco mais alto?" "Claro, como vocês quiserem."
Saímos do estúdio às 8 da noite, eu estava cheia de fome. A minha coluna doía, os meus olhos estavam extremamente cansados. Estava na cama do hotel, cheia de calor. Vestia um conjunto de linho azul claro que me deram enquanto estava no hospital, observando a minha pequena barriga. Dam tinha saído com Thomas, e tinha me deixado sozinha, com a porta de saída trancada. Ele disse que Ethan chegaria a qualquer momento mas tinha passado 1 hora, e eu continuava igual. Água era a única coisa que eu conseguia tolerar naquelas últimas semanas, muitas vezes me hidratava com soro fisiológico em pó, para me manter bem.
Ethan chega ao meu quarto com uma caixa com chocolates. Ele vestia uma gola alta preta com um jeans da mesma cor. Já não nos víamos há 2 dias, depois que Dam tinha me apanhado olhando para uma cerveja. Eu sabia que ele me amava, mTas por vezes parecia tão controlador, tão chateado. E isso me magoava bastante. Já não conhecia aquele que era o gentil, carinhoso e paciente Dam, o meu marido. Ele estava tão diferente do homem que eu tinha voltado a me apaixonar há uns anos atrás. Talvez eu o tinha estragado com os meus problemas. Talvez eu não ouvia os seus problemas. Talvez eu era a culpada disso tudo.
Lágrimas escorriam dos meus olhos como se fosse uma cascata. Eu não aguentava mais, esse sofrimento, esse controle excessivo. Nem mesmo um bebê conseguia me colocar um sorriso na cara. Senti Ethan a largar os sacos que ele segurava e me levantar, com a ajuda das suas mãos. Senti as suas mãos na minha cintura, me abraçando por trás, enquanto se movia de um lado para o outro. Essa é uma das posições que ajudam em um parto, o Slow Dancing. Enquanto Dam ia dormir algumas noites ao hotel em Paris para compensar a privação do sono, ele me fazia isso à noite por quantas horas fossem necessárias, enquanto eu ficava naquela bata de hospital, onde aquele pedaço de tecido tinha mais volume do que o meu corpo. Sentia as minhas lágrimas molhando o meu pijama, enquanto Ethan as limpava. Mais do que Damiano, ele conseguia ler o meu pensamento como ninguém consegue.
—Vic.— ele disse, no meio de um suspiro.— Eu sei de tudo.
— Do quê?
— De Dam. Leo me contou.
— Não se importe com isso, você sabe como ele é.
— Eu sei muito bem o que eu vi no outro dia. Ninguém deve bater em ninguém, especialmente em uma mulher grávida.
— Ethan, por favor.
— Foi no pescoço, não foi? Eu consigo ver.
— Você não quer se meter nisso.
— Eu quero Victoria. Se você quiser, você pode...
— O quê? Fugir?
— Isso não é assim tão díficil. A gente pode ir à polícia, colocar uma ordem de restrição.
— Isso não é assim tão simples. Ele não fez nada de mal.
— Fez sim, e continua assim. Você não pode viver mais assims, isso está te destruindo. Eu sei que você não bebe mais para não discutir com ele. Eu sei que ele não consegue resolver isso sozinho. Vocês os dois precisam de ajuda.
— Eu estou grávida do...
— Do bebê dele. E depois? Isso não te dá o direito de passar pano para isso.
— Eu não posso fugir.
— Pode sim. Eu sei que você voltou a beber. Você quer voltar à clínica?
— Não, não, pelo amor de Deus.
— Okay.— eu oiço o seu suspiro leve.— O que você acha que o Damon diria disso? Sinceramente.
Boa questão. O que o Damon diria disso.
— Ele... ele iria dizer para eu sair de perto de coisas que me fazem mal. Ele diria para eu me mudar para Manchester, e que ele iria ajudar a criar o bebê se eu precisasse de ajuda, me faria de cobaia para experiências fotográficas. Ele... ele provavelmente iria ter uma conversa com Damiano, com aquela voz tão calma que ele tem.— eu pensei. Do nada, tudo o que eu me lembrei foi do seu sotaque, do quão direto ele era.— Mas ele já não está aqui. Eu não vejo o ponto na sobriedade sem ele. Desde que ele foi, eu quero ir com ele, Ethan.
— Vic... ele pode não estar aqui, mas ele quereria te ver feliz. Independentemente da pessoa ou do local ou do quê te fizer feliz, ele iria fazer tudo para te apoiar. Ele desistiu, ele pensou que não aguentava mais. Mas isso é mentira. Lembra de todas aquelas vezes em que a gente acendia uma vela no dia em que você completava meses de sobriedade? E de quando você estava grávida de Angel? Ele foi embora esperando que você ficasse para fazer o que ele não fez.
— Você está dizendo que...
— Eu posso falar com Leo, e você já não faz mais concertos a partir do Coachella. Eu... eu falei com Nica. Ela conseguiu um trabalho em Copenhaga como você já deve saber, ela comprou a casa que ela queria. A Dinamarca é a sua casa, volte para casa.
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oi pessoal! que capítulo, meu deus. a inspiração desse capítulo veio da my tears ricochet, por isso o agradecimento de hoje vai para a deusa Tay!
amo vocês, até ao próximo capítulo:)
mel.
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GOLDWING
Fanfiction"Sabe, se apaixonar por uma pessoa que você não tem intenções de se apaixonar é das formas de 𝘢𝘮𝘰𝘳 mais genuínas que eu alguma vez já conheci, e também a mais dolorosa." - história completamente fictícia, sem objetivo de desrespeitar as pessoas...