DAMIANO'S POV
— Damiano, Damiano.— eu oiço alguém falando. — Esse não pode morrer no meu turno.
O meu cérebro queria que meus olhos abrissem, mas eles queriam fechar. A minha boca não conseguia se mover. "Ele não está respondendo." Eu estou tentando. A dor abdominal fazia o meu estômago virar ao contrário tão fortemente que as minhas cordas vocais não vibravam. Entre piscadas, o meu campo de visão abriu. Tudo estava quase apagado. À minha volta, encontrava vultos escuros.
— Ele voltou.— uma das vozes disse. — Damiano, você sabe onde está?
Será que sei ? Pensei. Neguei, com a minha cabeça.
— O que você tomou?
Aí eu tento voltar para o passado levemente.
Eu tinha voltado de uma festa. Meus amigos tinham deixado Sicília naquela manhã, só restava eu, e os fantasmas que vivem na minha cabeça. As garrafas de champanhe mantidas no meu frigobar estavam vazias, apenas sobrando os seus cacos espalhados pelo chão. Comecei a ficar cheio de calor, tirei todas as minhas roupas e o linho delas se misturava com o vidro no pavimento. Olhei em frente, e tinham 2 mulheres semi-despidas na minha cama, outra vez, o aparecimento de um prazer que não passava de momentâneo, que me fazia sentir como um puro objeto, mas que trazia qualquer coisa, que apesar de não ser romântica, despertava algo em mim. Porque como nesse dia e em tantos outros, eu acordaria muitas horas depois de um sono solitário naquela cama que estava repleto das coisas que eu queria esquecer quando ia dormir. Os comprimidos, a bebida, as seringas.
Foi difícil perceber que aquele não era o lugar certo para mim, e que eu precisava de sair de lá, perceber que aqueles amigos não eram amigos, mas que eram pessoas que gostavam do dinheiro que eu conquistei com muito mérito e que só sabiam me colocar mais tentações na minha frente. E quando percebi isso, não quis aguentar com o caos mental que era não ter ninguém preocupado comigo porque eu não permiti que nem um amigo próximo tivesse perto de mim, que eu não conseguia lidar com tudo o que tinha feito à minha mulher.
— O que você tomou?— a voz retornou a perguntar.
Se eu dissesse o que eu tinha tomado, eu poderia ir preso. Mas não era isso que me preocupava. O facto é que eu não conseguia deixar uma única letra sair da minha boca.
— Tire o cobertor, Salva.
— Pois.— a voz suspirou, e começou a se assemelhar com um tom masculino.
— Eu sou a Sílvia, estamos aqui para te ajudar. Você se injetou, certo? Consegue me dar um sinal?
Piscadas com os olhos irão funcionar, pensei.
— Que...Quetamina?
Acenei com a cabeça.
— Vamos levar você para a ambulância, ok? Depois do Ruiz conseguir passar pelo vidro.
Vidro?
As horas em um hospital que eram infinitas para mim enquanto visitante se tornaram rápidas enquanto paciente, em que medicamentos intravenosos revertiam o efeito da substância anestesiante que tanto apreciava em tempos difíceis. Calmantes para reduzir a agitação, fluídos para me manter hidratado, terapia com oxigênio e naloxona para reduzir a dificuldade respiratória. Eu estava internado por 3 dias quando chegou uma pessoa familiar à minha porta. Leo. Ele, que eu tentei afastar durante esse tempo em que não estava no meu melhor, porque sabia que ele não iria lidar bem com isso. O seu colo e abraço recomfortantes me faziam parecer uma criança grande em cima das suas pernas. A minha habilidade de andar estava tentando voltar ao que era, apesar de ser um pouco incapacitante.
— Eu preciso de te contar umas coisas.— ele me perguntou, após me ter ajudado a ir de volta para a cama.
—Go ahead.— respondi.
— Isso não pode continuar assim.
— Eu sei.
— A sua filha nasceu há exatamente 12 horas atrás.— ele pausou. A minha bebê, a minha filha.— O nome dela é Aria. Harper Aria.
Os meus olhos estavam em uma posição sem expressão. No meio desse tempo todo, eu praticamente tinha me esquecido de que eu tinha uma filha que estava quase a estar presente nesse mundo. Que, pela primeira vez, teria alguém descendente de mim para me adorar em vida.
— Leo...— eu disse, entre suspiros.
— Eu não acabei.— ele disse, de forma séria.— O casamento do Ethan é dentro de 3 dias. Se você quiser, você vai e conhece sua filha.
— Eu quero ir.— ressaltei.
— Me deixe acabar, por favor. Depois disso você vai para uma clínica em Milão.
Não, não, não.
— Por favor Leo, não me faça isso, por favor.
— Damiano, olhe nos meus olhos. Você tem apenas 29 anos. Você tem uma carreira que você ama. Pessoas que se importam com você de verdade. E tem a Victoria, que está mais do que com um simples coração partido depois de todas as suas alegações de traição com aquela rapariga lá, e eu tenho a certeza absoluta que não foi só uma vez. Ela que, é a sua mulher, que nunca deixou de estar ao seu lado, que motivou a sua paixão pela música, e que é a mãe das suas filhas. Por isso meu querido, você tem 2 opções. Ou você vai procurar tratamento e tomar as bolas de pedir perdão à sua esposa, ou isso tudo acaba aqui e agora, e você não tem que me ver mais.
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oiii gente. Eu acho que o conteúdo desse capítulo diz tudo o que eu queria vos contar desde lá do início. Escrever flashbacks são das minhas partes favoritas de escrever, e esse foi dos primeiros que eu escrevi em só de um ponto de vista; o que vocês acham deles?
muito amor,
mel.

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GOLDWING
Fiksi Penggemar"Sabe, se apaixonar por uma pessoa que você não tem intenções de se apaixonar é das formas de 𝘢𝘮𝘰𝘳 mais genuínas que eu alguma vez já conheci, e também a mais dolorosa." - história completamente fictícia, sem objetivo de desrespeitar as pessoas...