Você aceita-me como esposa? Sariette

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— Você acordou e ela simplesmente não estava mais lá? – A voz de Wanda é ouvida no seu pequeno consultório, enquanto atendia o casal para mais uma sessão.

— Olha não foi bem assim... – Sarah tentou se explicar sendo cortada pela amiga, que estava ali imparcial fazendo seu trabalho.

— Okay Sarah, vamos ouvir a Juliette, sim? – Disse educadamente, e a outra calou-se.

— Quando eu me acordei ainda estava chateada por tudo que aconteceu no dia anterior, por toda a dor de cabeça e preocupação e não dei conta que ela tinha ido embora. – Suspirou. — Foi nossa primeira briga, e dormimos separadas a primeira vez desde que começou o experimento e o nosso date. – O casal se olhou. — Mesmo depois de anos eu sei quão difícil é cuidar de uma criança, e tinha entendido que peguei pesado com a Sarah, mas ao chegar ao quarto de hospedes tive a infeliz surpresa de não a encontrar lá. – Juliette deixa uma lágrima rolar. — Me senti abandonada, ao ver que ela tinha ido mesmo eu chorei pelo menos uns litros.

— Amor. – A voz da analista é dita sussurrada. — Me perdoa.

— Deixe-a pôr para fora Sarah.

— Eu li sua carta, entendi seus motivos, mas, mesmo assim foi péssimo a sensação de te perder assim, tão fácil. – Ela olhou magoada para a loira. — Parecia que da mesma forma que veio de uma maneira forte, tinha ido e eu fiquei com muita raiva dela.

— E o que você fez para externar a sua raiva?

— Eu a mandei ir tomar no cu. – Juliette diz respirando fundo enquanto relembra. — Joguei algumas coisas que ela tinha me dado no lixo também. – Wanda perguntou anotando em seu bloquinho "amor explosivo, humor abrasivo!"

— E você Sarah, como foi que acabou tendo essa reação tão precipitada de ir embora? – Perguntou enquanto se levantava indo até o frigobar do consultório, pegando duas garrafas de água e estendendo para cada uma. Quando a psicóloga volta ao seu lugar, ela cruza as pernas, e reposiciona seus óculos para poder observá-las melhor.

— Fiquei com medo. – A analista olha para sua então noiva. — Eu não consegui suportar olhar o rosto dela e ver tanta decepção, sabendo que tinha confiado a mim cuidar da nossa pequena estrelinha. – Fala com carinho relembrando da garotinha. — Pensei que ela ficaria melhor sem mim, então deixe-a em paz. – Conclui.

— Bom, mas vocês sabiam que o programa não iria simplesmente deixar com que vocês se separassem antes do final, não foi? – Wanda pensou que se ela não havia conseguido ir até a parte do sim, pelo menos isso seria um alívio.

— Sim, mas não foi só isso que nos fez estar aqui hoje. – Juliette diz ajeitando o seu vestido enquanto se remexia inquieta na cadeira. — Sarah roubou o coração não só meu, como da minha filha. – Acusa a loira que sorri sapeca.

— Roubei mesmo, bobeou já era. – Diz brincando, enquanto entrelaça a mão esquerda com a noiva.

— Conte-me mais sobre isso Juliette. – Wanda percebe que o clima melhorou e sorri com a interação de ambas, agora desarmadas.

— Quando Sarah foi embora, nossa vida ficou um inferno. – Ela diz suspirando baixinho. — Julia só falava em ver a tia Sah, queria que ela cantasse para poder dormir, ou então queria ouvir uma historinha e isso começou a me amolecer.

— Ela não queria admitir que sentia minha falta. – Sarah interrompe.

— Não mesmo. – Confirma rindo. — Ela ficou na minha casa por uma semana e minha filha já a amava, e foi embora por duas, deixando nos com o peito faltando um pedaço.

— Também tínhamos que gravar normalmente, e eu estava quase mandando a Netflix ir tomar no rabo. – Sarah confessa. — O sentimento nunca sumiu, mas eu odiava ficar sendo um peso para ela, e que ela ficasse desconfortável em me ver, até que Julia pediu que eu dormisse lá um dia, que estava caindo um pé d'gua, logo depois eu a deixar em casa. – Respira fundo relembrando. — Eu queria sequestrar a filha dela.

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