Converse comigo - Marina

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Maya nunca pensou que seu coração estaria batendo tão descontrolado quanto naquele momento. Sentia-se tonta com o fora que levara em pleno altar. Depois que havia dito o seu sim, encontrou os olhos castanhos nublados e o semblante da noiva tão triste fez com que ela abrisse e fechasse a boca em choque, não podia ser verdade. Estava presa naquela sala aos fundos da capela desde então e segurava o celular com força, olhando atenta a espera de algum sinal de Carina. Ela queria jogar seu telefone celular na parede, tamanha a sua raiva e aflição. Uma mão enxugando seu choro enquanto outra levava aos cabelos.

— Você vai infartar se continuar estressada assim Maya. – Andy disse puxando a amiga para um abraço.

— Ela me pediu para esperar enquanto dispensava os convidados, o pai dela está aí, os nossos amigos. – Dizia perdida.

Andy sabia que não deveria deixar com que sua capitã e amiga ficasse sozinha ou ela poderia cometer uma loucura. Maya era muito explosiva e com raiva tomava decisões equivocadas. Há muito tempo atras quando as duas estavam juntas no treinamento para se tornarem bombeiras, superaram juntas o preconceito e o fato de serem mulheres na corporação. Se amavam como irmãs e ela conhecia bem aquele temperamento preste a explodir.

— Se acalme, se ela pediu para ficar, ela quer ter uma conversa com você e pode ser que somente não estivesse pronta para se casar ainda, não que esteja desistindo de vocês. – Pausou pensando em algo. — Foi tudo muito rápido, não julgue ainda sem saber os reais motivos.

— Eu não entendo. - A loira desaba nos braços da amiga. — Ontem fizemos amor de uma forma tão... – Maya não consegue completar a frase, é interrompida pela porta que se abre e se anima achando que seria Carina, mas é Victoria quem transpassa ela, e oferece uma garrafa de água a amiga e roupas para que ela se trocasse.

A loira segue até um pequeno banheiro, onde ela se troca e leva alguns segundos em frente ao espelho e observa sua imagem. A maquiagem borrada, lágrimas persistentes e a dor de cabeça começando a tomar conta de si, e o principal, enxergava em seus olhos o medo de perder o amor da sua vida.

— Preciso saber por que ela desistiu. – Conclui com expectativas de que pudesse conversar e saber o que se passava na mente da outra.

Carina estava criando coragem para encarar Maya assim que ela saísse do banheiro, após encontrar as amigas da sua ex noiva no mesmo espaço e ambas olhando-a como se ela tivesse cometido um crime.

Finalmente Maya sai, e encontra Carina ainda com as roupas da festa, parada de costas a ela.

— Carina. – A loira chama, criando coragem para a conversa que teriam.

— Me desculpe. – Começa a médica embargando a voz. — Eu te amo Maya, antes que você diga algo que possa pôr em dúvida os meus sentimentos.

— Então, porque não me disse que não queria casar... – A voz da bombeira é sôfrega. — Eu disse sim, cheia de alegria e expectativas e você sabe como me doeu ouvir o seu não?

— Maya, eu quero me casar com você, mas eu não posso. – Ela conclui respirando fundo, para a conversa que deveria ter tido com ela quando soube que os projetos de vida eram diferentes.

— Por quê?

— Porque eu quero ser mãe e você abomina isso veemente.

Maya não podia acreditar que a sua mulher, a mulher para quem entregou seu coração estava trocando-a por algo tão supérfluo.

— Carina, um filho é tão importante que você vai jogar fora aquilo que nós construímos? Nossos sonhos?

— Não posso viver sabendo que eu abri mão de algo que eu almejo desde sempre, isso iria fazer com que eu passasse a me ressentir de você. – Conclui.

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