Confronto

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Quando voltou, olhou diretamente pra Dae.

- Agora sim Dae, podemos começar.

- Muito bem. Primeiro quero que me conte tudo.

Aquele começo pegou Jun-ho de surpresa, estava esperando no mínimo um "fique longe do meu namorado".

- Pra ser sincero não tenho muito pra contar. Eu vi Suga pela primeira vez em um parque aqui perto de casa, ele estava tirando fotos. Ficou a manhã inteira concentrado nelas... Um pouco antes dele ir embora, o encontrei em uma sorveteria e apenas o cumprimentei de longe... Não o vi mais por um bom tempo, até que vi vocês dois naquela sorveteria, você estava com uma cara muito brava e do nada foi embora... Não consegui apenas ficar assistindo ele com aquela carinha triste, então tentei ir falar com ele, mas...

- Mas você aproveitou a situação e transou com ele.

Pela segunda vez Jun-ho ficou surpreso.

- Não foi bem assim que aconteceu Dae... Sim, nós transamos, mas eu não o enganei como você pensa. Fui claro com ele desde o princípio. E ele tinha dito que vocês não namoravam, então não vi problema nenhum em aceitar a oferta dele.

- Como é que é??? Como assim oferta dele???

- Bom, pra ser justo, não foi exatamente uma oferta da parte dele... Eu dei em cima dele primeiro, mas as reações dele foram tão encantadoras e inocentes que apenas não resisti quando ele olhou pra minha boca... Eu entendi aquilo como um convite e o trouxe pra cá.

O choque de Dae não poderia ser maior. Ela, que até então estava tentando ao máximo se controlar, explodiu de vez.

Pulando do sofá começou a gritar.

- VOCÊ FORÇOU ELE!?! SEU MALDITO CARA DE MODELO...

- Eu não forcei ninguém! Por quem me toma? Eu deixei bem claro o que ia fazer e ele aceitou, mesmo estando assustado ele aceitou!

- Eu não posso acreditar nisso! Não posso!!! O Suga não é assim!!!

- Por que não pode? Sim, ele é assim! Naquele dia, ele se descobriu bissexual, você nem imagina o choque que foi pra ele descobrir isso! Ele saiu daqui totalmente desesperado. O medo e a confusão no rosto dele eram  tão evidentes que quase me arrependi de ter o provocado ao ponto dele ceder...

Dae paralisou totalmente com a menção das palavras "choque", "medo" e "confusão".

Sua mente lhe enviando novamente as imagens dele tentando se explicar. Logo em seguida mostrando o quanto ficou preocupada por ele ter se trancado no quarto.

Nesse momento,  enquanto olhava para Jun-ho, que sua ficha realmente caiu. O peso de suas acusações voltando com tudo pra cima dela.

Se sentindo a pessoa mais egoísta do mundo, Dae percebeu que até agora, não tinha pensado sequer uma única vez no quanto tudo aquilo pode ter sido difícil pra Suga.

Abaixando a cabeça, permitiu que uma lágrima rolasse.

Jun-ho observava as reações dos pensamentos dela refletidos em seu rosto.

- Eu não sei como ou quando começou o relacionamento de vocês, mas isso eu posso dizer com certeza, com exceção daquele dia, nós nunca tivemos nada um com o outro. Foi uma coisa de momento para nós dois. Ele nunca traiu você.

- Mas você ainda o quer... Eu vi, a maneira como vocês se olharam!

- Não vou mentir pra você, Suga me marcou muito, muito mesmo. Mas não sei te dizer se isso passa de atração física. Naquele dia, quando tomei coragem pra falar com vocês, minha intenção era sim pedir outra chance com ele, mas quando você se anunciou namorada dele, fiquei mesmo surpreso. Nunca tive a intenção de destruir o relacionamento de ninguém...

- Nunca teve essa intenção, mas teve a cara de pau de se oferecer para uma "segunda dose".

- Sim, eu admito isso, mas só o fiz, porque, mais do que qualquer outra coisa, ainda quero descobrir o que ele é pra mim.

- Entendi.

Enquanto o silêncio reinava, Luna não sabia o que fazer, queria confortar os dois ao mesmo tempo, mas sabia que não podia interferir na conversa deles.

- Luna, vamos embora.

Tanto Luna quanto Jun-ho a olharam surpresos.

- Você tem certeza disso Dae?

- Sim.

Se virando para Jun-ho, Dae completa.

- Eu sei que você também é bissexual, Suga me contou, e eu até entendo os seus sentimentos, mas... Eu apenas não posso, não consigo... Suga é a pessoa mais importante da minha vida. Obrigada por ter sido sincero comigo, mas eu realmente espero não ter que te ver nunca mais! Eu só tenho um pedido a fazer... Por favor desista. Eu não tenho intenção nenhuma de entregar meu namorado, portanto, se afaste... Você disse que nunca teve a intenção de interferir, então nesse momento estou te dando a chance de provar o que disse. Nos deixe em paz.

Sem esperar a resposta dele, vira em direção a porta e apenas vai embora.

Jun-ho encarando a sala vazia, diz pra si mesmo.

- Sinto muito Dae, mas eu não posso, não dessa vez...

Luna acompanhava os passos lentos de sua amiga, olhando-a a cada poucos segundos preocupada.

Ela estava estranhamente calada demais, seu rosto estava indecifrável.

- Dae...

- Sim?

- Você está bem?

- Não Luna, não estou não.

- Então vamos parar ali no parque... Dar um tempo... Eu vou escutar tudo o que você quiser falar.

- Não se preocupe Luna, eu vou ficar bem, só quero ir pra casa agora...

- Dae...

- Estou falando sério, não precisa se preocupar. Vou te levar pra casa e depois vou direto pra minha.

- Tudo bem então... Eu vou pedir pro Tae te levar...

- Luna, pelo amor de deus, eu apenas quero ficar sozinha, juro pelo que você quiser que não vou desaparecer, pode até ligar pra minha mãe se quiser, eu realmente vou pra casa.

Pediram um táxi e fizeram o restante da viagem em silêncio, quando pararam em frente a casa de Luna, ela antes de descer, deu um abraço bem apertado em Dae e disse baixinho.

- Eu te amo Dae, você é muito importante pra mim, eu sempre vou te apoiar. Me liga e eu vou correndo te encontrar, não importa o lugar ou o horário.

- Obrigada Luna, por tudo.

Quando ela desceu, olhou pro motorista e deu o endereço de sua casa.

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