Encontros e Desencontros

Escolhas

Quando os três já estavam vestidos, o clima entre eles mudou novamente. Agora tinha um quê de expectativa da parte de Jun-ho e constrangimento das partes de Suga e Dae, principalmente entre eles mesmos.

Eles se olhavam nos olhos tentando entender em pé estava a situação deles.

JNH: - Eu não sei o que está acontecendo com vocês agora ou em que estão pensando, mas precisamos ir embora, já é tarde e ainda tenho que deixar vocês em casa...

SG: - Obrigado, mas não precisa se preocupar com a gente. Nós vamos embora sozinhos.

Não passou despercebido pra nenhum dos dois a pontinha de tristeza no rosto de Jun-ho, mas relutante ele aceitou, sabia que agora os dois precisavam de tempo e espaço pra conversarem sobre tudo.

Dae: A gente se vê depois.

SG: - Até.

JNH: - Vocês vão mesmo ficar bem sozinhos? Não se esqueçam que fiz isso pra atender o pedido de vocês, não importa o que acontecer agora, apenas tenham em mente que independente de tudo, nós ainda somos amigos!

No carro, ainda permaneceram calados, evitando até mesmo de se tocarem. Seguiram pra casa de Suga.

Todos já estavam dormindo, então tentaram fazer o menor barulho possível ao irem pro quarto dele.

O silêncio deles começou a se tornar constrangedor e na tentativa de quebrá-lo Suga se arrisca.

- Dae...

- Suga...

- Você está bem?

- Sinceramente não sei dizer e você?

- Eu também não sei.

- Bom, pelo menos você já se decidiu e eu realmente espero que você seja feliz com sua escolha. Eu vou torcer por vocês!

- Você...

- Sim Suga, eu sei que você o escolheu. Eu soube no momento em que o chamou de amor.

Suga não conseguia falar mais alto que um sussurro.

- Eu sinto muito... Me perdoe.

Com uma lágrima teimosa percorrendo seu rosto, Dae leva as duas mãos ao rosto dele o segurando.

- Não faça isso, por favor, não assim! Eu sempre soube que minhas chances eram poucas... Quando eu aceitei, já sabia o resultado, mesmo ainda tendo uma pequena pontinha de esperança.

- Eu te amo.

- Eu sei, sei que ama, mas também sei que não está mais apaixonado por mim. Eu te amo e agora eu sei que fiz realmente tudo pela gente, não vou me arrepender.

- Dae... Eu...

Tentando colocar um sorriso em seu rosto, mas  conseguindo apenas um sorriso triste, Dae o abraça forte, tentando gravar em sua memória seus últimos momentos como a namorada do Suga.

Com a cabeça apoiada no espaço entre o pescoço e o ombro dele, Dae diz.

- Suga, eu agora vou te deixar livre, a partir de amanhã serei apenas mais uma amiga pra você. Mas posso te pedir um último favor como sua namorada?

- O quê?

- Você pode me dar um último encontro? Quero me despedir da gente decentemente.

Naquele momento Suga se via incapaz de recusar qualquer pedido dela, sabia que ela estava sofrendo muito, então queria dar a ela pelo menos isso.

Com uma lágrima também rolando em seu rosto ele concorda.

Depois de uns minutos abraçados, Dae pediu licença pra tomar um banho.

- Vou pegar sua camisa emprestada.

-  Não tem problema. Vou fazer um lanche pra gente.

Quando Dae entrou no banheiro, se permitiu chorar silenciosamente.

Mesmo tendo tomado a decisão de deixar Suga livre pra viver sua nova paixão ainda era muito difícil pra ela.

Ficou no chuveiro mais tempo que o normal, suas lágrimas se misturando com a água. Quando percebeu que não podia protelar mais, apenas se secou, vestiu a camisa dele, tentando o máximo possível melhorar sua expressão.

Quando chegou na cozinha seu coração se partiu ainda mais. Suga estava recostado na pia, de cabeça baixa chorando.

Se aproximando devagar, ela apenas o abraçou e chorou junto.

Mesmo sem dizer nada os dois estavam se fazendo a mesma pergunta.

"Por que as coisas acabaram assim?"

Se forçando a parar de chorar Suga seca as lágrimas dela.

- Você sempre vai ser a minha princesa, não importa quanto tempo passe, mesmo que nossos caminhos sigam separados.

- Você sempre vai ser meu príncipe, pelo resto da minha vida, mesmo te vendo de longe.

Mesmo tendo feito o lanche, nenhum dos dois sequer cogitou tocar neles. Voltaram para o quarto e Suga foi tomar um banho.

Compartilhando a cama, os dois se permitiram dormir abraçados uma última vez.

Foi um sono agitado e curto pra Dae. Teve pesadelos. Acordando várias vezes a noite. Em uma dessas vezes percebeu que estava sozinha na cama.

Estranho decidiu ir ver onde Suga estava. Mas assim que se sentou na cama o viu sentado numa poltrona olhando pra ela.

- Você está bem princesa?

- Suga o que aconteceu? Você está bem? Por que está sentado aí?

- Eu não consegui dormir.

Dae se levantou e foi até ele, se sentando em seu colo.

- Você quer falar sobre isso?

- Dae, você está mesmo me deixando?

- Suga, não posso te prender. Não quando você está apaixonado por outra pessoa.

- Mas eu não sei se estou apaixonado por ele! Enquanto você dormia tive a chance de pensar em tudo o que aconteceu hoje... Nós estamos apenas tomados pela emoção do que fizemos. Realmente acho que deveríamos pensar melhor em tudo.

- Você se arrependeu?

- Não, não me arrependo porque essa experiência me deu a chance de confirmar a minha orientação sexual, mas foi apenas isso. O que senti por Jun-ho talvez seja apenas atração, e se eu levar em conta que essa é minha primeira vez sentindo algo assim por um homem, tenho que admitir também que me empolguei e me deixei levar.

- Eu entendo o que você está dizendo leitinho, mas eu sei o que eu vi naquela sala. Não posso dizer a você como deve se sentir ou como eu vejo o seu sentimento por ele, mas ter essa experiência me fez descobrir coisas em mim que eu nem sequer cogitava ter. Eu sinceramente acho que precisamos de um tempo pra colocar principal a cabeça no lugar.

- Você está bem com isso?

- Pra ser sincera não. Deixar você está sendo a coisa mais difícil do mundo, mas é preciso. Você precisa entender seus sentimentos e ter uma namorada nesse momento não vai te ajudar a ver as coisas como elas realmente são.

Suga não conseguia responder, principalmente porque sabia que ela tinha razão, não é justo pra Dae estar com ele quando nem ele mesmo sabe o quer e sente.

Com um abraço apertado, os dois permaneceram o restante da noite alí mesmo no sofá apenas em silêncio.