Encontros e Desencontros

Satisfação (Parte II)

Suga estava sentado, massageando a mão e soltando uma boa quantidade de palavrões, quando ela se aproxima, olha pra ela acusadoramente.

Ao vê-lo o sangue dela ferve.

- Como se atreveu a fazer isso?

- Me diz você... Como ousa me trair dessa maneira?

- Trair você!? Você só pode estar brincando, né? Não te devo satisfação de minha vida! Nós não temos nada um com o outro, por que eu estou te traindo? Pelo que me lembro quem me rejeitou foi você!

- Dae eu já te expliquei isso! Não é que eu não sinta, eu fiquei com medo de... Nós somos amigos.

- E como eu já disse antes, somos amigos e por isso, você não tem o direito de querer tirar satisfação de algo que eu faço. Onde eu trai você? Eu estava apenas cuidando da minha vida. Estava dançando com alguém, sim e daí? Qual o problema em dançar com um homem?

- Dae, você é estúpida por acaso? Será que você não enxerga o que aquele idiota queria? Ele queria comer você!

- É? E daí? Talvez eu também queira comer ele, qual o problema? O que isso tem a ver com você?

- Você já transou com aquele cara?

- Isso não é da sua conta.

- Dae, estou avisando, não me tire mais ainda do sério! Você transou com ele? Responde logo.

- Não Suga, não transei com ele e nem com ninguém. Satisfeito agora?

Apesar de todo aquele turbilhão de emoções, o alívio que ele sentiu com a resposta dela estava estampado em cada milímetro do seu rosto.

- Sim, muito! Você nem imagina o quanto! Estou quase indo atrás dele pra agradecer.

Mesmo tremendo de raiva, Dae encara Suga como se ele realmente tivesse enlouquecido.

- O que diabos está dizendo agora? O que, enlouqueceu de vez?

- Sim, estou louco. Quase doente. As últimas duas semanas foram um inferno pra mim... Primeiro você me ataca do nada, não me deu nem chance de conversar sobre o assunto ou mesmo de pensar sobre ele. Depois você se esconde e me ignora completamente. E agora te vejo se esfregando em um maldito qualquer...

- Eu não estava me esfregando em ninguém! O que você pensa que eu sou? Eu não sou puta... Posso ser virgem, mas não sou tão inocente quanto você acredita! Naquele dia, quando você me rejeitou, eu cheguei sim a duvidar de mim, como mulher, isso me torturou por uma semana inteira! Quando você invadiu minha casa e jogou tudo aquilo pra cima de mim, você não tem ideia de como foi... Naquele mesmo dia eu jurei que homem nenhum no mundo iria fazer eu duvidar de minha capacidade! E você ainda vem me dizer que você passou pelo inferno!? Eu sou bonita, e posso sim ser sexy quando eu quiser ser e se algum dia eu quiser me entregar pra alguém, vou fazer sem arrependimentos. Homem nenhum no mundo vai destruir minha autoestima novamente!

O alívio que Suga sentia até aquele momento foi substituído por uma culpa devastadora. Cada palavra dela era um punhal sendo enfiado em seu coração.

- Dae... Eu... Nunca tive essa intenção. Eu não... Eu te disse antes, você é linda e qualquer homem no mundo seria feliz em ter você ao seu lado... Não é que eu te rejeitei, as coisas aconteceram tão rápido... Se eu tivesse aceitado sua oferta, nossa amizade poderia não ser mais a mesma e isso me assustou. Você é importante demais, fiquei com medo de perder você. Até aquele dia eu não me permita pensar em você dessa maneira, não me atrevia, não queria perder sua amizade... Mas você acha mesmo que sou cego? Acha mesmo que eu não vejo o quanto você é linda. Ou o quanto você fica encantadora quando está envergonhada... Ou ainda o quanto você estava sexy com aquela camisa? Tem alguma noção de como foi difícil manter minhas mãos longe de você naquele dia?

- O que você quer? Já não me atormentou o suficiente? Agora tem a capacidade de dizer que fez tudo aquilo por mim? Jura? Como você espera que eu lide com isso agora?

- Você não tem nem ideia do quanto eu me amaldiçoei por aquele dia. Eu realmente não espero que você me perdoe, vou até entender, mas eu quero você.

- Você me ama?

Por mais que Suga tenha reconhecido seu desejo por ela, ele ainda não tinha certeza se a amava a nível de namoro. Então foi sincero ao responder a pergunta de Dae.

- Eu... Não sei, simplesmente não sei, mas eu quero você com todas as minhas forças.

Todos os amigos de Suga assistiam cena, surpresos até. De todos esse anos que o conheciam, ele nunca se comportou dessa maneira, ao contrário nunca quis nada sério com ninguém, mas alí, viram ele quase cair de joelhos com as palavras dela.

Depois daquele dia na boate, as coisas entre os dois estavam estranhas, eles voltaram a se falar como antes, se viam até, mas nenhum dos dois tocava mais naquele assunto.

Quando se viam, Dae já não se vestia mais com roupas ousadas, ela cobria o máximo que conseguia, e ele notou que ela já não chegava mais tão perto, mal tocava seu braço ou sua mão.

Aproveitando o tempo quente, mesmo não gostando muito de estar no sol, Suga a convidou pra ir em uma sorveteria e novamente ela estava toda coberta, usava uma calça jeans e uma blusa fina de mangas compridas.

- Você precisa mesmo se cobrir dessa maneira quando está comigo?

- Sim.

- Está com medo de que eu agarre você se você se vestir como antes?

- Digamos apenas que eu não tive uma experiência muito boa, da última vez que me permiti mostrar algo a você.

Suga não poderia falar mais nada, a lembrança daquele dia e as palavras dela na boate fizeram ele ficar mudo.

- Que foi? O gato comeu sua língua? Eu apenas fiz uma constatação.

- Me perdoe.

- Nós já passamos dessa fase Suga, pare de pedir perdão.

- Só vou parar quando você realmente me perdoar e voltar a ser você mesma.

- Tradução: Só vou parar quando você concordar em transar comigo.

- Dae, eu não disse isso!

- Não, não disse, mas pensou. Está escrito na sua cara. Mas sabe, apesar de ter me oferecido a você, e o fato de ser livre para transar com quem eu quiser, eu não transo com quem não tem sentimentos por mim.

- Dae, não fale assim... Você não tem nem ideia do quanto me fere ver você falar assim.

- Desculpe Suga, não foi minha intenção, eu apenas fiz uma segunda constatação. Se me der licença vou embora.

Sem esperar uma resposta dele, ela levanta e sai.