Carta

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Acordar não era exatamente o que Dae queria fazer naquele momento, mas se viu sem escolha quando a luz do sol começou a atrapalhar.

Abrindo os olhos, percebeu que Suga ainda dormia tranquilamente.

As lembras de ontem corriam como cachoeira em sua cabeça e a vontade de querer chorar veio com tudo mais uma vez.

Aproveitando para observar pela última vez o dono de seu coração dormir, deslizou suavemente seu dedo no rosto dele, tirando uma mecha que caia em seus olhos.

Sem saber exatamente quanto tempo passou olhando pra ele, se despede em um sussurro.

- Não vou deixar de cumprir, eu prometo! Por favor seja feliz.

Levantando com cuidado para não acordá-lo, escreveu algo em um papel, deixou na mesa dele e foi embora.

Não demorou muito tempo pra Suga acordar, sentia seu corpo mais relaxado que o comum, como se um peso enorme tivesse sido tirado de seus ombros.

Sem nem mesmo abrir os olhos sabia que Dae já não estava mais ali.

Se vestiu rapidamente e foi para sua mesa pegar suas partituras e composições. Com um aperto no peito viu um papel com a caligrafia de Dae.

"Meu lindo ursinho, você estava tão perfeito dormindo que não ousei te acordar.

Eu espero que esse novo ciclo de sua vida seja abençoado e muito feliz.

Eu agradeço muito por todos os dias que estive com você, aprendi muito, principalmente a admirar ainda mais o garoto dedicado, atencioso e responsável que você é.

Você sempre será meu príncipe encantado, mas sinto muito, não conseguirei ter um último encontro com você, eu não suportaria.

Na próxima vez que nos vermos, serei realmente apenas a sua amiga.

Estarei sempre aqui, nos bons e maus momentos.

Até algum dia.

Dae."

Suga chorava com cada palavra que lia. Apesar de tudo, Dae ainda é importante pra ele.

Colocando tanto a carta quanto seus papéis na bolsa foi pro trabalho sem nem tomar o café da manhã.

Se sentia quase doente durante o ensaio.

De começo, a zoação foi grande, todos sabiam que os três tinham saído na noite anterior, mas o rosto dele com o passar do tempo foi se tornando cada vez mais triste.

Quando finalmente o dia de trabalho acabou, Suga foi arrastado pelos seus amigos até o antigo clube que costumavam ensaiar.

JM: - Você está bem?

JH: - O que está acontecendo? Você parece meio morto, sabia?

JK: - A noite com os dois foi tão exaustiva assim? A festa particular de vocês devia estar muito boa mesmo!

Tae: - Vai contar pra gente como foi, né?

SG: - ME DEIXEM EM PAZ!

JN: - Calma cara, só estamos curiosos... Não precisa ficar tão irritado assim.

RM: O que aconteceu? Foi tão ruim assim?

Sg: - Não... Vocês não entendem... Foi incrível... Eu nunca senti nada como aquilo na vida, mas... Eu não me arrependo, mas... Quando o Jun-ho estava com ela... Eu fiquei louco, quase arranquei ela de lá... Eu não queria que ela tocasse no Jun-ho... Ele... Estava tão... Tão... Eu não consegui evitar... Tudo o que eu queria era... Mesmo tentando esconder ela percebeu... A Dae percebeu tudo...

JM: - Já era de se esperar... Mulheres são super sensíveis nessa questão.

JN: - Então você está dizendo que ao invés de sentir ciúmes da Dae você sentiu do Jun-ho?

SG: - Sim.

Tae: - Se você finalmente descobriu o que sente por ele, por que está com essa cara tão triste?

SG: - Vocês não entendem? Eu machuquei a Dae... Quando eu ia explicar, ela não deixou... Ela disse que já sabia de tudo, que soube no momento em que eu chamei o Jun-ho de... Ela disse que não me prenderia... Ela me desejou felicidade e disse que seria apenas minha amiga... Ela deixou uma maldita carta e foi embora!

JK: - Para aí mesmo! "No momento em que chamei Jun-ho de...", Você não pode começar uma frase dessas e não completar... Não é justo nos matar de curiosidade assim... Chamou ele de quê?

JH: Tem razão JK. Suga você não pode fazer isso com a gente! Diz logo do que você chamou ele!

RM: - Isso não é difícil de imaginar... Ele no mínimo o chamou de gato.

JM: - Não, não, ele deve ter chamado de gostoso.

Tae: - Não seria gato gostoso, né?

JN: - Ele deve ter chamado de Amor.

Apesar das brincadeiras e zoações, todos ficaram mudos quando perceberam que Suga ficou totalmente vermelho com as palavras de Jin, e ficaram ainda mais chocados quando ele desviou os olhos.

JM: - Então você chamou mesmo ele de amor?

Suga não conseguia responder e nem encarar seus amigos, o que fez todos eles encararem como confirmação.

A sala ficou num silêncio tão grande que era possível ouvir as respirações de todos.

Suga chorou, chorou com uma intensidade que pegou todos desprevenidos.

- Eu chamei o Jun-ho de amor na frente da Dae... Eu... Na hora não estava pensando em mais nada além das sensações que estava sentido com ele, eu cheguei a me esquecer por um momento que ela estava lá... Ela tinha dito que estava tudo bem... Ela disse que... Eu perdi a minha princesa pra sempre! Ela nunca vai me perdoar por isso!

Tentando respirar fundo continuou.

- Ela disse que quando aceitou, ela sabia que as chances dela eram poucas, mesmo tendo um mínino de esperança... Ela disse que sabia, que queria me mostrar meus verdadeiros sentimentos... Ela me pediu um último encontro como uma despedida decente, pra logo em seguida escrever numa maldita carta que não poderia fazer isso, que não iria suportar...

Ver seu amigo soluçar de culpa, deixou todos eles sem saber o que fazer ou falar.

Todos sabiam que de qualquer maneira, nada do que dissessem ajudaria no momento.

RM: - É isso! Nós vamos pra minha casa! Vamos fazer a "noite dos meninos".

JN: - Você devia parar de ver a Isa por um tempo sabia? Já está até falando como ela...

Todos: - É mesmo!

RM: - Ah calem a boca e mexam-se, hoje nenhum de nós irá dormir! Vamos competir até o amanhecer!

Tae: - Você sabe que amanhã temos trabalho, né? E eu não posso chegar tarde em casa...

JM: - Fica quieto papai!!! Hoje você não escapa de nós e tenho certeza que a Luna não vai reclamar!

JN: - Nem vem com desculpas! Eun me disse que elas vão fazer a noite das meninas também!

Suga era incapaz de prestar atenção da empolgação de seus irmãos, nem sequer ouviu uma única palavra do que eles tagarelavam.

Alheio a tudo, nem percebeu que estava sendo arrastado pra outro lugar.

Sua mente estava voltada apenas para a culpa que sentia.

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