O Que Vem Depois?

Limitados aquele momento

Santa Monica, 2015

Os pais de Laura e Vanessa estavam fora de casa há dois anos em trabalho e férias. As irmãs já nem questionavam mais o que eles estavam fazendo. Três vezes por semana ligavam e conversavam com as meninas, que na maioria das vezes estavam bem. Ellen perguntava sempre "alguma coisa que nos faria voltar para casa imediatamente?" A resposta sempre era negativa e até dois dias atrás a resposta continuava a mesma.

-O que vai dizer?

Vanessa foi direta em perguntar a irmã.

Os pais ligariam logo e elas ainda não tinham decidido o que iriam responder quando a pergunta fosse feita.

-Não sei, algum conselho?

Laura estava vivendo o momento mais difícil da sua vida. Não estava preparada para uma gravidez. Estava pronta para ser entrevistada para a universidade, para jogar o chapéu no ar e se formar, arrumar um emprego de meio período. Qualquer coisa, menos um feto dentro de seu útero.

-Que tal, vocês podem voltar para casa daqui há seis meses, quando seu neto nascer, surpresa!

Laura juntou toda a sua força para arremessar uma almofada na cara da irmã, todavia ela riu da piada.

-Pode também ser, ei mãe, lembra quando você disse para não fazermos nada que você não faria? Então, adivinha quem vai ser mamãe, mãe?

As duas começaram a ter crises de riso pensando em como contar a novidade para os pais.

-Vocês se lembram quando disseram que podíamos usar o seu quarto? O que acham de um berço e um trocador de fraldas?

-Papai vai ter uma úlcera nervosa

A brincadeira era engraçada e o cômico ajudava a evitar o drama evidente, mas quanto mais o tempo passava e Vanessa e Laura pensavam na situação, a ansiedade e o medo tomavam conta de seus pensamentos.

-Laura, você vai contar para a outra pessoa que está envolvida nessa situação?

Vanessa questionou ainda sem saber como falar com a irmã sobre o garoto que ela tinha ficado nos últimos meses.

-Não, nós não tínhamos nada Vanessa. - Laura falou um pouco exaltada. - A graça sempre foi essa, não ter compromisso. É um problema totalmente meu.

-Pink, você não pode estar falando sério, não é? - Quando a irmã não mudou de expressão, levantou-se de onde estava e ficou em pé de frente para ela. - Laura, é um bebê. Vocês podem ter tido esse relacionamento casual antes, aliás, não sabia que curtia isso, porém não é mais assim. Você vai precisar de ajuda para criar essa criança, que também irá precisar do pai. A responsabilidade não é só sua, ok?

-Acha mesmo isso?

Era admirável o fato de Vanessa ser a bussola moral de Laura muitas das vezes

-Com certeza. Cuidar de um filho vai exigir muito de você, emocionalmente, financeiramente e ter uma pessoa, que é 50% responsável também, não é algo ruim.

Nova York, atualmente

O apartamento divido entre as duas amigas era localizado no Brooklyn e não era tão barato, contudo com as duas repartindo todas as contas ficava mais fácil de levar. Não tinha uma praia há cinco minutos dali, mas havia um parque bem perto e sinceramente ela não gostava de areia.