Aqueles que Sonham que são Piratas e Fridas

27 3 10
                                    

Em 2014, um cinema em Santa Mônica apresentou duas sessões do que pensaram ser filmes clássicos. As 13:00 uma sala mostrou o filme baseado na artista Frida Kahlo, Laura assistiu com Vanessa e com o namorado que a irmã tinha na época. Eles obviamente não assistiram mais do que o início e os créditos finais, todavia, ao contrario dela, Laura realmente prestou atenção no que estava na tela.

O filme era perfeito e assistiu mais três vezes depois disso. O que mais chamou sua atenção foi a história trágica de uma das maiores artistas do mundo. Era poético ela ter feito de sua dor obras de arte lindas, mas depois disso, tudo que Laura conseguia pensar era que não queria que sua vida fosse tão trágica. Queria poesia e mágica no que estava por viver, porém, já bastava sua mãe ter ido embora quando eram pequenas. Então, seu objetivo principal era terminar o Ensino Médio, ir para uma boa universidade e ser incrivelmente normal no processo. Nada de tragedias.

A sessão depois dessa apresentou Piratas do Caribe: a maldição do Pérola Negra. Os três Lynch's tinham marcado de assistir há uma semana. Ross tinha pouco mais de sete anos quando viu pela primeira vez, tudo que sabia e entendia na época era que se tratava de um filme sobre piratas. Anos depois assistiu de novo e dessa vez tinha certeza, Jack Sperow era um herói. O personagem de falas engraçadas se tornou modelo. Ele poderia não ser bom para seus textos românticos, mas era um exemplo de vida livre e divertida.

Ross até esse momento se desgastou para ser como os irmãos, perfeitos como eles. Entretanto, depois de tantas vezes assistir o pirata Jack, começou a pensar em como seria sua vida se não tivesse o peso da vida idealizada nos ombros. Se ele fosse só Ross, como seria a vida? Poderia mesmo existir liberdade de escolha, mesmo quando todas as suas opções eram baseadas nas ações e sonhos de outros? Não conseguiria ter um navio e se tornar um pirata, mas algo similar poderia acontecer.

(...)

Ao fundo de uma sala apertada e sombria, era possível Hallelujah da banda Pentatonix, as pessoas usando preto também era um forte sinal do que estava acontecendo na tarde quarta-feira. Ninguém estava chorando, exceto a viúva, mas os jovens amigos estavam presentes.

Era perceptível que eles ainda conseguiam fazer dentro de poucos metros quadrados habitar uma distância de quilômetros entre eles, Mesmo já passado um mês desde que aconteceu dia mais quente de Nova York, tanto em termos climáticos como sociáveis, ninguém verdadeiramente se falava ou se esforçava para trazer de volta o que tinha se perdido nesses 30 dias.

Rocky tentando se livrar da gravata que estava apertando o pescoço e não colaborava para o sentimento de calor extrema conversava somente com o irmão sentado no parapeito da janela, único lugar que parecia ter algum tipo de ventilação. O ruivo também tinha Vanessa, todavia, depois de passar semanas trabalhando arduamente, está era a primeira vez que via as sobrinhas e os amigos. Ainda que o ambiente não fosse dos melhores, poderia abraçar Riley e Emma o quanto desse.

Ryan, Maia, Raini e Laura eram obrigados a estar mais perto do centro da sala fúnebre. Como conhecidos, quase família do falecido, sentiam-se na obrigação de ficar perto do morto e pegando um pouco de ar frio que saia das saídas de ventilação.

Depois de 30 dias, a família Marano Goulart Mitchell Rodriguez Lynch se encontrou no velório do dono da livraria que trabalhavam, ou seja, seus chefe.

— Harriet me ligou hoje de manhã.

Rocky disse com seu tom de voz baixo e olhando para o liquido que um dos donos da casa o entregou. Não tinha certeza se era alcoólico ou se era suco de maça.

O Que Vem Depois?Onde histórias criam vida. Descubra agora