Você é Minha Única

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Não culpe a idade, maturidade não significa tempo de vivência. Contudo, será que era possível culpar ou exigir que alguém com 24 anos seja maduro? Ou isso deveria ser intrínseco,quanto mais velho, mãos sábio?

— Você consegue acreditar que provavelmente nós somos o único edifício que está funcionando em Nova York?

Harriet, a razão de uma briga que nem sabia que tinha acontecido chegou em seu trabalho. Ainda que estivesse com raiva por ter que trabalhar, também estava feliz e bem humorada.

Ross estava a sua frente olhando para o nada e perdido em muitos pensamentos.

Ele estava com um sobretudo que provavelmente não era dele, a julgar em como estava apertado em seus braços.  Seu cabelo também estava  bagunçado e ele estava muito, muito perdido.

Depois de não obter resposta do outro funcionário, a secretária sentou-se na sua mesa e ligou seu computador silenciosamente.

— Bom dia Harriet. Chegou agora?

Ele ouviu um barulho vindo do lado de fora e saiu de seus pensamentos.

— É, agora. Você parece um pouco distraído, tudo bem?

— Sim, só estou com sono. — Esfregou os olhos antes de ir atrás de um copo de café. — Como passou sua noite de tempestade?

— Por que todo mundo está falando disso como se fosse um evento real? Mas, respondendo sua pergunta, antes da luz apagar, estava bebendo com meus gatos, depois que a luz se foi, continuei bebendo com meus gatos. — Ela contou tão animada, que Ross riu. — Não fique chateado por mim. Elvis e Madonna são os gatos do meu namorado, que viajou e deixou eles comigo.

— Você namora?

Ele deixou a máquina de café e se virou admirado.

— Sim. E essa sua cara não ajuda na minha autoestima.

— Desculpa, não foi minha intenção.

— Espera, você estava dando em cima de mim? Imaginei, mas sabe, a idiotice e a grosseria me  deixaram um pouco confusa.

Harriet ironizou o deixando levemente envergonhado. Ross entregou um pouco de café para ela e se virou para conversar

— Não, e se fiz isso transparecer, me perdoa. Na verdade, estou gostando de uma pessoa.

Confessou e agora conseguia dizer isso sem se sentir estranho.

— Sério? Quem é essa corajosa garota?

— Ela é a mãe da minha filha.

— Você tem uma filha? — Eles não trocaram mais que vinte palavras e Ross não fez muita questão de falar sobre sua vida. — Disse muito chocada? Desculpa. Mas, e daí? Você tem uma filha e gosta da mãe dela, isso não me parece estranho.

— É mais complicado do que parece.

Confessou exausto. Ele não tinha dormido muito na noite anterior e não esperava acordar hoje com mais brigas.

— Me diz. Depois de administração e gestão, cuidar da vida amorosa dos outros é meu dom.

Talvez fosse bom conversar com outra pessoa, além de Rocky.

— Tem tempo?

Ele perguntou já voltando para a cafeteira.

— O chefe não vem hoje e temos café para um dia inteiro. Me conte sua complicada história Ross.

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— Aquele babaca! Ele é um idiota loiro.

Raini esbravejou totalmente enfurecida. Laura contou toda história para as amigas que nesse momento queriam elas mesmas pegar cada árvore caída de Nova York, só para ir em direção a Ross e esmagá-lo como um inseto.

— Por isso estou solteira. Homens são modificados geneticamente para serem adolescentes até os 30 anos. — Maia desabafou e assim que terminou de falar ouviu os pigarros do único menino na mesa. — Exceto Ryan.   — Ele jogou um beijo no ar para ela. — Ryan não se sinta ofendido. Você nos escolheu como amigas, agora é obrigado ouvir a gente reclamar da sua espécie.

— Eu estou bem. — Esclareceu, enquanto comia suas panquecas. — Meus ouvidos já são preparados. Já são dois namorados, quinze paixões secretas, vinte e dois caras de uma noite só e incontáveis personagens de televisão. — Contou sobre todos os garotos que já tinha escutado elas falarem e reclamando. — Pelo menos quando acontecer com Riley já vou estar preparado.


— Ei! Minha filha nunca vai fazer isso!

Ela levantou seu garfo e por pouco não o colocou na cara do amigo.

— Transar? — Olhou para Laura  rindo de como ela tentava sempre parecer assustadora. — Acho que está na hora de termos aquela conversa Laura.


— Falou transar perto da Emma?

Maia o questionou.

— Ela está dormindo, não está?

— Riley não vai cometer os mesmos erros que eu. Não vai namorar na adolescência.


— Você não acha hipocrisia isso?

Raini a questionou

— O que?


— Você namorou na adolescência e nem estamos falando do Ross. Como vai impor que sua filha não faça isso?


Raini admirava Laura como mãe, mas precisava fazer esse questionamento, enquanto tomava seu café.


— Riley não é um erro, ela é o melhor da minha vida, mas aconteceu quando eu tinha 18 anos. Eu mal tinha acabado o Ensino Médio. — Olhou para os amigos que provavelmente não entenderiam seu ponto de vista. — Sou tão grata por Riley existir. — Olhou para sua filha brincando com outras crianças. — Eu quero que ela seja mãe, se ela quiser, porém quero que Riley planeje isso e que não aconteça quando tudo que ela tem que fazer é ser uma adolescente.


— Acho que entendi. Você é a melhor mãe que conheço.


Raini falou apertando suas mãos nas dela.



— Eu tento.


Laura desviou sua atenção até o lado de fora. Ainda estava chovendo, com menos intensidade, mas estava. Ela acreditava que nunca mais olharia para a chuva da mesma forma.

— Mamãe.


A garotinha correu até Laura pulando em seu colo.


— Oi Girafinha.


Apertou ela em seus braços. Como amava sentir o cheiro dela.


— Posso pedir mais waffles?


— Claro, vamos ir até o balcão, eles entregam mais rápido lá.


Ryan interrompeu qualquer não que Laura pudesse dizer.


— Então...


Maia começou a falar trocando olhares com Raini.

— Então...



A amiga repetiu a fala.


— Então?

Laura sabia  que elas provavelmente queriam falar alguma coisa sem Ryan por perto.

— Como foi?

Maia perguntou ainda sem desse a pergunta completa.


— Como foi o que?

Olhou para a dupla ainda sem entender.

— O sexo! — Raini falou mais alto do que deveria e em poucos minutos viu todos olharem para ela. — Você e Ross. Como foi?


— Eu já disse.


— Não, você disse bufando de raiva. Agora que está mais calma, queremos detalhes.

Maia falou em seu nome e de Raini.

— Por que essa curiosidade? Com o Oliver não foi assim.

— Vamos pôr dessa forma, Laura, conhecemos todos os homens com quem você já esteve, exceto o pai da pequena pessoa aí. — Raini apontou para adormecida bebê. — E conhecemos você em toda sua preguiça de existir.

— Odiamos o Ross, que fique claro, mas lemos o livro dele. — Maia falou ganhando o apoio da amiga. — Não podemos deixar de perguntar como funciona a matemática quando você uni todas esses somatórios.


Laura não pode deixar de rir ao ouvir as amigas usarem cálculos só para fazê-la contar.


— Do jeito que vocês falam parece que essa é minha primeira vez. — Estava mais leve. Suas amigas conseguiam fazer com que ela esquecesse do que estava sentindo. — Foi bom. Muito bom. — Laura ainda tinha dentro de si resquícios de raiva agora, porque se fechasse os olhos ainda conseguia sentir ele a abraçando por trás e beijando seu pescoço. — Mas, assim como a Cinderela meu príncipe não passava de um rato.

Raini iria corrigir a história, mas Maia tampou sua boca.


Laura voltou sua atenção para as gotículas de água na janela. Se isso que ela estava sentido fosse como a chuva, em algum momento passaria.


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— Eu estou em choque. Já pensou em transformar essa história em livro? — Ross contou toda a história para Harriet. Desde Santa Mônica até o dia anterior, ele apenas encobriu que ela tinha sido um dos motivos da briga. — Acho que sou tentada a concordar com seu irmão Ross.

— Sério? Por quê?

A última coisa que queria era que outra pessoa desse razão a Rocky.

— Você nunca esteve com nenhuma pessoa por mais de uma noite. Não pode querer que ela confie cegamente em você.


— Isso mudou. Sabe quanto tempo faz que não fico com alguém? Tirando ontem.

Como queria que alguém acreditasse nele.

— Você fez isso, porque estava ocupado Ross. — Ela riu nervosamente tentando convencê-lo de que errado. — Nas últimas noites esteve com sua filha ou trabalhando. Se não tivesse nada para fazer, estivesse no seu apartamento. Ficar sozinho, seria uma opção? — Não sabia o que responder. De fato, quando morava Seattle nunca tinha ficado sozinho. — Ao meu ver Laura tem medo de ser mais uma garota na sua vida.


— Mas, ela não é!

O Que Vem Depois?Onde histórias criam vida. Descubra agora