Capítulo 50

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Depois de me convencer de que o que aconteceria no futuro não seria culpa minha eu saí do quarto. Precisava comer alguma coisa, já que a tarde chegava de mansinho.
Porém, ainda não sabia com que coragem olharia para o rosto de Elijah, não sabia ao certo se continuaria existindo nós. Mas eu ainda o amava, eu ainda correria para seus braços se ele me chamasse, mesmo com o coração dilacerado. Ele estava na cozinha, não sabia o que ao certo o que ele estava fazendo, porque não conseguia encara-lo. Estava agora olhando para suas costas e assim que ele notou a minha presença ele se virou e nossos olhares se encontraram e eu não estava preparada.
Dor.. naquele momento era a palavra que me resumia. A dor lenta e aguda do tipo que vem quando você se machuca constantemente com a mesma pessoa. Você finalmente respira achando que as lembranças e o problema de ontem ficará no passado, quando na verdade é o problema de hoje, pode ser o problema de amanhã e pode se tornar o problema de todos os dias.
Só que nos momentos que ele me puxa para o peito dele, em que ele se aproxima e tira a distância de nós tanto do corpo e a mental, nos momentos que ele realmente mostra que me ama, nos momentos de carícias, necessidades, amor a dor desaparece e nosso relacionamento não parece problemático.

Desviei meu olhar do seu com o chute de Angel, não desabei ainda por ela.
Elijah se virou segurando um prato de comida e um copo e colocou sob o balcão.

- Precisa comer.-Ele disse frio.

E com isso senti calafrio, além da dor que me invadiu a culpa também se instalou em meu peito, mas eu tinha culpa nisso? Só queria ser uma boa esposa e ficar ao lado de seu marido em problemas de família. Suspirei, já que não conseguia dizer nada por lutar com a culpa avassaladora dentro de mim.
Me sentei no banquinho e comi, no entanto Elijah não permaneceu na cozinha, fazendo o silêncio se instalar no ambiente e o silêncio era ensurdecedor. A fome havia passado, mas eu precisava comer, o pior da culpa é que ela nunca é silenciosa, ela grita, sussurra, te encurrala em sua mente e não temos escapatória. Mas comecei a pensar sobre nosso relacionamento, o que realmente não era saudável, eu precisava dele, precisa dele como o peixe precisava da água, como o humano precisava de ar, como o passarinho precisava de ambas as asas. Reconheci que o que eu sentia não era saudável. Mas como quebrar um elo com uma pessoa se ela significa tudo pra você?
Uma parte de mim não aceitava um mundo sem Elijah, já a outra parte dilacerada tantas vezes por ele, levantou a bandeira branca. Porque eu não aguenta mais ter meu coração quebrado por ele. E as vezes? As vezes temos que ir embora da pessoa que amamos, por mais que você desse a vida por essa pessoa.
Mas, eu tenho medo. Elijah foi tão importante pra mim, me fez vivenciar coisas maravilhosas, me amou tão profundamente, me deu coisas que ninguém jamais me deu. Eu tenho medo de jamais encontrar alguém que faça meu coração bater de novo. Tenho medo de depois de Elijah, eu nunca mais acreditar no amor novamente. Mas, o mundo é tão cruel. Se pararmos de acreditar no amor, pelo que viveremos?
Meu maior medo é perceber que o amor que eu sinto por ele permanecerá dentro de mim pra sempre. Ignorei todos os meus pensamentos depois disso, eu nunca superaria Elijah. Mas precisava me acostumar com uma vida sem ele.

Quando terminei de comer, me troquei..

Pov Elijah:

Entrei novamente em casa, estava no quintal para esclarecer as coisas. Não queria ter dito aquelas palavras para minha esposa e sei que a magoei, precisava de seu perdão. Fui para cozinha e ela não estava presente ali, o prato e o copo que eu lhe dei estavam ambos lavados. Fui para o quarto na esperança de encontrar os seus olhos que mantinham vivos e não encontrei. Encontrei apenas um papel dobrado encima da cama, com meu nome. A caligrafia delicada de (S/n) estava marcada naquele pedaço de papel, não sei o que mas algo dentro de mim acabou de morrer, não havia coragem nenhuma em mim para ler aquele papel. Merda. Perdi a mulher da minha vida? Sei que fui tolo aí dizer aquelas palavras, mas estava com a cabeça quente e tudo o que eu conseguia pensar era em perder as duas mulheres da minha vida.
Meus olhos queimaram e o ar em meus pulmões pareciam ter acabados, peguei o celular e mandei mensagem para ela, liguei e seu celular tocou encima do criado-mudo.
Por um estante eu estava novamente no inferno, o meu anjo havia me deixado e decidido seguir em frente sem a minha presença. Porra. Era uma dor insuportável, era como se eu tivesse voltado a ser o cara que entrou no Rosseau mas, dessa vez não enxerguei luz alguma. Estava tudo escuro, tudo frio, puxava o ar com força para tentar me manter vivo, essa era a dor que ela sentirá quando eu a deixei e me arrependi de ter feito aquilo. Doía demais. Precisava lidar com a dor, com a realidade dolorosa e com o futuro que chegaria sem a presença da minha mulher.
Estava agora na cozinha, peguei um copo e um whisky. Encarei o copo em minha mão e ele não era capaz de tirar a dor que invadiu meu coração. Jogando ele na parede da cozinha peguei apenas a garrafa e dei uma golada. Precisava correr, me esconder daquele momento. Estava com medo do que minha vida viraria sem (S/n), o que era engraçado porque eu não temia nem ao diabo, meu único medo era aquele. Perdê-la.

Sentia como se estivesse caindo em queda livre, essa queda não tinha um fim. Me tornaria o homem solitário e sem sentimentos de antes, me tornaria o homem que por baixo de sua nobreza escondia o medo de nunca encontrar alguém novamente depois dela. Me sentei ao chão chorando, desnorteado por não saber onde (S/n) estava. Talvez á caminho de Suíça como ela disse outro dia. Deveria dar a ela dias para pensar? Dias longe de mim, por ser ser tão idiota pra ela? Todas as memórias que guardei dela vieram átona, me machucando ainda mais.

Minha tarde toda foi assim, não abri a carta que ela me escreveu pois sabia que cortaria meu coração. Eu não poderia deixar que tudo terminasse assim, não poderia deixar ela acreditar que tudo o que eu sentia por ela foi em vão. A noite chegava vagarosamente fazendo a dor dentro de mim se intensificar e aquela maldita porta permanecia fechada. Eu não tinha mais a risada doce de (S/n), não tinha mais seu amor, não tinha mais seu toque, eu não tinha mais o meu anjo ao meu lado.
Na quarta garrafa de whisky, percebi que o feitiço que Freya fez em mim para não ficar bêbado, não havia se rompido. Eu ainda continuava sóbrio nesse mundo cruel. Admiro que aguenta todas facadas que o mundo da, sóbrio. A porta se fechou e em questão de alguns segundos (S/n) apareceu na porta da cozinha, sua atenção focou em mim assim que me viu ao chão.
Sua reação ao me ver daquele jeito, foi de dor. Ela estava machucada e eu havia feito isso.

- Você..-Sua voz falha fez meu coração bater de novo.- Você está bem?

Soltei o ar com força pela boca, aliviado por vê-la novamente. Me levantei e dei alguns passos em sua direção, mas ela recuou com um passo para trás, me fazendo parar abruptamente. Aquilo foi como uma facada pra mim.

- Onde estava?!.-Sussurrei.

- Precisava de um tempo.

Foi apenas isso que ela disse. Nada mais. Eu precisava de mais, precisava ouvir sua voz. Ela ameaçou a ir para o quarto..

- Eu simplesmente não estava lá.-Falei fazendo ela parar e olhar pra mim.- Você é a coisa mais importante da minha vida, é o meu tesouro. Quero proteger você, eu prometi isso a mim, não só você mas Angel também. Fazer vocês se sentirem seguras. Aquelas palavras, sairam na hora do desespero por imaginar você sem vida (S/n). Peço que me entenda por favor.

Sua atenção focou em sua mão e não disse nada. Ela me deu apenas seu silêncio, deu-me o seu silêncio que sempre me incomodava por não saber o que ela estava pensando. Naquele momento o medo voltou novamente, e se eu fosse a pessoa que ela não queria por perto? E se eu fosse agora a pessoa que ela nunca mais amará?

- Diga-me o que eu poderia ter feito?.-Tentei fazer ela falar algo, tentei quebrar o iceberg entre nós.- Sinto que estou perdendo você e estou quase a ponto de desistir, sei que fui tolo aí machucar você, mas por favor não desista de mim!.-Implorei com a voz falha.

Seu coração estava acelerado mas ela não esbanjava reação alguma. O amor que era visível em seus olhos não estavam mais ali, ela já tinha desistido?

- Eu preciso de um banho, vou subir e descansar um pouco!.-Ela disse por fim.- Você deveria fazer o mesmo.

Ela disse indo para o quarto me deixando ali, na dor que ainda não me abandonou.

Meu Porto Seguro // Elijah Mikaelson & (S/n)                (2ª Temporada)Onde histórias criam vida. Descubra agora