Capítulo 79

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Estávamos agora quase concluindo a segunda semana sem Elijah. O que me fez ficar um pouco decepcionada, acho que algo dentro de mim ainda acreditava que ele voltasse. Mas acho que agora é apenas eu e Angel.
Voltei a estaca zero de novo, o quarto de Elijah voltou a ser o meu porto seguro. Acho que por ter seu cheiro, por eu ainda ter algumas lembranças daqui.

Angel estava no berço e eu na cama, encarando o teto e pensando em como seguiria minha vida. Para as pessoas de fora pode parecer fácil, mas quem está sentindo na pele a dor do luto é complicado. Pra mim não existia mais um depois dele, era uma escuridão intensa que não me deixava enxergar o que vinha agora. Os sentimentos ainda estão em meu peito, algumas lembranças ainda são frescas pra mim. Será que não conseguiria seguir em frente agora? Será que não conseguiria voltar para casa? Sera que eu consiguiria amar alguém de novo?
Olhei para Angel, que sempre me fez lembrar de meu marido. Talvez eu conseguiria, mas não seria tão fácil assim.
Me levantei e fui até o berço e fiquei observando ela que estava quase pegando no sono, olhei para a porta e Klaus estava lá. A última vez que o vi forá na semana passada, acho que eu estava acostumado a vê-lo uma vez na semana.

- Oi!.-Ele sorriu.- Vim ver como vocês estão, não parei em casa muitos dias essa semana!

- Oi, estamos bem!.-Falei olhando para Angel e para ele novamente.

Mentira, não estava bem. Estava perdida sem saber o que fazer, mas eu precisava acreditar nisso, precisava acreditar que estava bem e seguir em frente por Angel.

- É mentira né?.-Ele encostou na entrada do quarto.- Cami ficou aqui sempre quando eu saí e ela disse que você nem saiu desse quarto!

Suspirei e o silêncio invadiu o quarto.

- Olha Humaninha, sei que pra você é difícil porque para nós é complicado também, ainda mais quando suas emoções são dobradas, mas não podemos parar. Mesmo que a dor seja muita, mesmo que você sinta seu coração dilacerado, não pode parar! A dor ajuda a lembrar que ainda estamos vivos, mas a cada dia o corte dói menos... Então o que sobra é apenas as boas lembranças!

Eu não consegui dizer nada, que ignorância a minha. Focar apenas em minha dor e esquecer que eles também sofriam, aliás foram mil anos perto de Elijah.

- Dizem que a passagem do tempo cura todas as feridas, mas quanto maior a perda mais fundo é o corte, mais difícil é o processo para ficar bem de novo. Mas não signifique que você não ficará bem!.-Ele deu um sorriso.- Bom, eu até poderia usar palavras nobres como as do meu irmão, mas acho que a nobreza não é minha cara!

Ri, porque ele tinha razão. Não só na brincadeira que acabou de fazer como nas palavras que me falou antes.

- E sei também que não posso diminuir a dor em seu peito. Só ele pode, então, vou deixar ele fazer isso, não é mesmo irmão?!.-Ele disse sem tirar os olhos de mim.

Meu coração estava acelerado e, respirar em questão de segundos ficou difícil. Tudo dentro de mim estava um turbilhão de sentimentos e quando vi Elijah aparacer na entrada do quarto, tudo se aquietou, menos meu coração e minha respiração que estava pesada. Soltei o ar pela boca e, não sentia mais minhas pernas e isso quase me levou ao chão. Mas Elijah se aproximou e me segurou. Era ele mesmo. Era o meu marido. Ele estava vivo. Encarei seus lindos olhos castanhos que senti falta durante essas semanas.

- Meu anjo!.-Ele sussurrou encarando-me.

Meus olhos começaram a queimar, meu nariz arder. Eu o abracei e chorei. Achei que nem havia mais lágrimas para chorar, já que passei duas semanas chorando.
Ele estava ali. Eu o trouxe mais para perto, o apertei contra meu corpo. Era disso que eu precisava, de seu toque. Antes dele eu nunca entendi a importância do toque, ninguém tocou em mim tão profundamente como ele me tocará, depois que senti seu toque não conseguia ficar mais um minuto sem. Quase duas semanas atrás eu vi o quanto era importante o toque dele, porque não teria mais.

Pov Elijah:

Toquei em seu rosto e seus olhos se fecharam. Eu sentia falta de tudo nela, inclusive disso.
Quase quatorze dias enfiados em um caixão não é tão fácil assim, por um segundo entendi Kol, mas com certeza o que ele passou fora pior. Nas primeiras semanas eu não senti nada e nem vi nada. Então de fato eu havia morrido, essa semana os sentimentos e as lembranças vieram átona, me lembrei de tudo inclusive do meu anjo.
Rebekah me contou tudo o que houve nessas semanas que não estava aqui, falou que quem me trouxe de volta fora o sangue da minha esposa. E me perguntei por que demorei tanto para acordar? Mas acho que para um novo coração bater dentro de você, até ele se formar por inteiro demoraria semanas mesmo.
Agora ela estava em meus braços, ela estava aqui fazendo toda escuridão ir embora. Precisava daquele abraço demorado, precisava dela apenas perto de mim. Eu apenas precisava dela. Olhei para o berço e minha filha dormia tranquilamente, sentia falta dela também. (S/n) olhou pra mim com o rosto todo molhado e, sorri. Beijei sua testa e logo depois juntei minha testa com a dela.
E só por um momento, nada mais existia. Ignorei meu irmão que estava presente ao quarto e por um momento minha filha também, não que ela não fosse importante pra mim, mas minha atenção era apenas da minha esposa naquele momento, até Klaus nos interromper.

- Vou deixá-los sozinhos!.-Ele disse.- E é melhor tirar essa mulher desse quarto!.-Ele brincou.

Sorri antes de me virar para olhar meu irmão. Assenti positivamente.

- Pode deixar! Estaremos lá embaixo logo, logo.-Sorri.

Agora minha atenção era só da minha filha, a peguei do berço e sentei na cama olhando fixamente seu lindo rostinho. Vi que minha esposa se encostou no berço e ficou nos olhando. Ela suspirou aliviada, acho que é por eu estar de volta, então a encarei. O sorriso que eu era apaixonado se abriu dentre as lágrimas. O que ela estava esperando para sentar-se ao meu lado?
Acho que ela leu meus pensamentos e se aproximou, sentando-se ao meu lado e se encostando em mim. E naquele momento, tudo o que passamos em duas semanas atrás, havia apagado em minha mente, toda a dor que senti quando tive uma katana dentro de mim, a dor e ansiedade que senti quando todas minhas emoções voltaram mas eu não havia acordado ainda, a dor de deixar minha mulher e minha filha nessa vida, sem segurança alguma. Todas essas dores sumiram, porque agora nada mais importava do que minha família.

Meu Porto Seguro // Elijah Mikaelson & (S/n)                (2ª Temporada)Onde histórias criam vida. Descubra agora