Capítulo 15

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_Você está livre! - Essas palavras ecoaram em meus ouvidos e eu só consegui chorar de emoção

Depois de quase três dias, eu teria a minha liberdade. Sentia ainda um mau estar físico, mas não me contive. Levanto-me abruptamente sendo amparada pelo Ricardo. O delegado me olha com cara de desconfiança, mas eu pouco me importo. O importante é que eu poderia ir embora.

_O meu advogado recorrerá e provaremos que foi uma acusação injusta mas por enquanto me contento com a liberdade dela. - O Ricardo nem de longe lembrava aquele homem gentil e afetuoso

_Como ela é ré primária terá direito a responder em liberdade, mas enquanto não encontrarmos a caneta ela ficará sob investigação.

_E eu terei o prazer de esfregar na cara de vocês a inocência dela.

Enquanto eles discutem, eu me mantenho atrás do Ricardo, como se ele fosse um escudo. Ele estava sendo tão bom para mim que essa comparação é inapropriada. Ele veio todos os dias me ver e agora havia conseguido me tirar deste lugar tão hostil. Eu nunca mais quero passar uma noite sequer em um lugar assim.
Estava perdida em meus pensamentos, quando sinto a mão de Ricardo segurando a minha e me guiando para fora da delegacia. Fizemos em silêncio o percurso, em seu carro, ele parecia inquieto e sério. Ele estaciona em frente a um alto prédio. Descemos juntamente e eu estava boquiaberta de tão bonito que era. Ele me guia em silêncio, e quando o elevador para nós descemos e ele abre a porta de sua casa.

_Seja bem vinda à minha humilde residência. - Esboça um sorriso finalmente

Ele estava sendo muito modesto em falar humilde. A casa era muito elegante, toda bem arrumada e decorada. Eu que nunca havia entrado em um lugar tão chique assim estava deslumbrada.
Entro com a boca aberta e os olhos arregalados. Parecia casa de cinema. O Ricardo me olhava com um sorriso contido, deveria estar me achando uma boba.

_Cuidado com as moscas.

_A sua casa é tão linda. Eu só vi casas bonitas assim em filmes.

_Essa casa não é minha, e sim nossa.

_Só por um tempo que ficarei aqui. Eu não quero ser inconveniente.

_Como você quiser. - Se aproxima e segura as minhas mãos. - Mas você não incomoda, saiba disso.

Ele abre um sorriso singelo e eu o observo. Ele é muito bonito. Além de ser generoso e intrigante. Nos conhecíamos há pouco tempo e ele estava me ajudando muito. Instantaneamente eu me lembro das palavras daquele carrasco.
Será que ele está interessado daquela forma?
Olho para ele e mentalmente me questiono.
Ele estava sendo muito solicito, me ofereceu estádia na sua casa e até mesmo pagou advogado...
E se ele realmente for como aquele carrasco descreveu?
E se ele só estiver me ajudando para me levar para a cama?
Fecho a cara imediatamente e ele estranha essa atitude.

_Aconteceu alguma coisa?

Falo ou não falo? falo ou não falo?

_É que... - O seu olhar estava atento sobre mim - Você quer transar comigo?

Quando faço essa pergunta, eu não sabia aonde enfiar a cara. Ele se assusta um pouco mas não perde a postura. E em seguida solta uma risada, entendendo o meu constrangimento.

_Eu iria adorar, mas eu não a vejo com esses olhos.

_Não é isso. - Ai que vergonha! - Eu quero saber se você está me ajudando com o intuito de transar comigo?

_Não. Eu estou fazendo isso por você porquê acho certo. Mas o que te faz pensar isso?

_Hoje em dia é difícil gentilezas sem visar algo em troca. Você é homem e eu sou mulher, então eu pensei que...

_Isso nunca se passou pela minha cabeça. Tudo o que eu faço é de coração.

_Me desculpe. - Ele levanta o meu queixo

_Está tudo bem. A sociedade nos implanta esses tipos de pensamentos.

_Eu não irei mais permitir que os insultos do carrasco me afetem.

_De quem?

_Carrasco. É como eu chamo o senhor Magalhães mentalmente.

_Por favor, se ele ousar te perturbar novamente não hesite em me falar.

_Eu acredito que agora ele me deixe em paz.

_Eu não sei se ele conhece a palavra limites, mas posso muito bem colocar um freio novamente nele.

_O que você fez?

_Eu fui na casa dele e o agredi fisicamente.

_Ele estava merecendo isso há tempos.

_Eu sei, mas eu não gosto de perder o controle.

_Eu entendo. E agradeço por me defender. - Acaricio o seu rosto levemente

_Vamos conhecer o seu quarto.

Começamos a caminhar e ele me mostra cada cômodo de sua casa e tudo era tão incrível.
Ele abre a porta do meu quarto eu fico impressionada com a delicadeza dos detalhes.

_É lindo! - O abraço com carinho - Obrigada.

_E aqui na frente é o meu quarto. Se você precisar eu estarei aqui. Tem algumas peças de roupas na cômoda. Fique a vontade, eu preciso sair para um compromisso.

E eu admiro o quarto e descanso, em seguida. Pela primeira vez depois de dias eu estava me sentindo bem. E poderia ter um descanso merecido. Eu precisava disso, urgentemente.



Edit 🌼

O outro lado do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora