Capítulo 100

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_Eu vou ser objetivo. - Encaro o médico temerosa - Eu procurei saber sobre o seu doador e acabei descobrindo que ele era seu irmão.

_Irmão?

_Tudo me indica que sim. As amostras de sangue, o DNA, enfim...

Mas como isso pode ser possível?
Eu tinha um irmão e logo isso me levaria ao meu pai.

_O nome dele era Edgar Martínez, tinha dezenove anos e sofreu um acidente de trânsito enquanto dirigia bêbado. - Paraliso com aquelas informações - A família me exigiu sigilo neste caso, mas não quando isso envolve coisas maiores.

_Então o senhor sabe quem é o meu pai?

_Sim. Você deseja saber?

_Eu quero.

_Por incrível que pareça, ele estava mais perto do que você poderia imaginar. O seu pai é aquele homem que estava agora a pouco aqui. Carlos Martínez é ele.

O meu coração para de bater no mesmo segundo que ouço o nome do meu pai. De todas as opções viáveis, ele seria o último homem ao qual eu pensaria que fosse o meu genitor. A minha cabeça estava muito confusa, aquelas informações me pegaram abruptamente e eu não sabia o que pensar.
Como ele pode ser o meu pai?
Será que ele sabe?
Por que nos abandonou?
Como tudo isso pode ser possível?
Tantas perguntas rondavam a minha cabeça que a sinto ficar mais pesada, então me encosto na cama e fecho os olhos.

_Eu sei que deve ser difícil, mas você não merecia passar o resto de sua vida sem saber quem é o seu pai.

_Eu agradeço, doutor. É que eu tenho tantas perguntas que me rondam à cabeça.

_Eu imagino. Mas terá tempo para ter todas as respostas que busca.

A minha cabeça não parava de martelar e eu só queria estar de frente com ele. E ainda por cima, um irmão, que salvou a minha vida. É informação demais para um único dia. E o Pedro ainda foragido. Suspiro pesadamente e ouço passos, abrindo os olhos em seguida.

_Já podemos ir. - Cristopher diz com uma falsa calma

_Vamos, por favor.

Ele me encara estranhando a minha pressa, mas apenas concorda, saindo comigo daquele hospital.
Ricardo, Anne e Vovô estavam no andar de baixo me esperando, com expressões péssimas também.
Imagine quando eu contar tudo então?
Entramos no carro, menos o Ricardo que foi dirigindo o outro. O caminho é feito em um silêncio ensurdecedor, todos pareciam estar tensos e o clima estava pesado. Encosto a cabeça na janela e penso ainda no meu pai. Tudo que o meu vô disse, sendo verdade, coloca o meu pai como um monstro insensível.

Mas ele não parecia ser horrível como ele o descreveu ou talvez as aparências tenham me enganado novamente. A única verdade é que eu queria saber mais sobre essa história.
Cristopher estaciona no seu antigo prédio e nós nos despedimos. Depois de alguns minutos, chegamos na sua residência.

_Você parece tenso...

_Eu vou tomar um banho. Nós precisamos conversar.

Faço o mesmo trajeto e entro no outro banheiro, para tomar banho. Visto uma roupa confortável e desço, encontrando ele sentado no sofá.

_Você está me preocupando. - Sento-me ao seu lado - É muito sério?

_É sobre o seu pai.

Será que ele já sabe?

_O médico também me falou sobre ele.

_O que ele disse?

_Disse a identidade dele e o meu doador. Coincidentemente ele era o meu irmão.

O outro lado do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora