Capítulo 40

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A médico deixa algumas recomendações e eu seguiria a risca para que a menina melhore logo. Não que seja algo ruim tê-la aqui em casa, pelo contrário para mim estava sendo ótimo. Uma boa oportunidade para tentar me redimir. Os vômitos tinham cessado e agora ela estava deitada dormindo. Suspiro e me levanto para tomar um banho e me preparar para cuidar dela. Debaixo do chuveiro, eu sorria pensando nisso. O destino foi muito traiçoeiro comigo colocando justamente ela no meu caminho.

Há algum tempo atrás eu sentia repulsa, pela sua condição social e cor. E hoje eu me encontro hipnotizado por aqueles par de olhos claros.
Claro que não é algo que eu me orgulhe, até um tempo atrás eu não pensava o quanto ser intolerante é ruim. Eu fui criado assim, então para mim era algo normal, até sair da minha zona de conforto e enxergar com outros olhos a realidade. São tantas ao meu redor e eu só enxergava a mim mesmo, a quem era como eu. Sem saber que a minha realidade não é a única que existe. Fecho o chuveiro e começo a me secar. Aviso no escritório que ficaria alguns dias ausente e também a terapeuta. Ela precisava de mim e eu cuidaria dela. Me visto e caminho até o seu quarto, ela estava acordada e atendia uma chamada.

_Droga! - Ela exclama irritada e coloca o celular ao lado

_O que aconteceu? - Pergunto me aproximando

_Eu estou recebendo ligações há algum tempo, mas assim que eu atendo a pessoa desliga. - Fico desconfiado

_Pode ser algum maníaco, deveria denunciar à polícia.

_Pode ser. - Volta a se deitar se cobrindo - Eu irei na delegacia quando der.

_Está com frio? - Me aproximo e coloco a mão em sua testa - Desculpe-me. Eu vou pegar o termômetro.

Saio imediatamente do quarto sem entender a minha própria atitude. Mas de certa forma eu achei ser desrespeitoso tocá-la sem o seu consentimento, por mais que não tivesse nenhum tipo de malícia no toque. Pego o termômetro, afastando esses pensamentos e volto para o quarto.

_Você está bem? - Sento na cama

_Sim, por quê? - Minto

_Você saiu correndo daqui... - Ela coloca a mão no queixo como se estivesse pensando - Você é muito estranho, sabia?

_Por quê? - Pego o termômetro e aponto para ela - Posso? - Ela assente e eu coloquei-o em sua boca

_Você é bipolar. Desde sempre demonstrou não gostar de mim e agora me trata assim. - Ela sacode a cabeça - Você me salvou, está cuidando de mim e de vez em quando fala coisas sem sentido. - Tiro o termômetro e a febre estava alta

_Você está com 40°C. - Me levanto preocupado - Isso é ruim...

_Pare de fugir deste assunto. - Ela exclama raivosa

_Agora não é hora para falar sobre isso. Você está doente e eu sou o seu cuidador no momento. Então fique quieta e me deixe cuidar de você, menina.

Me viro até a cômoda e pego as recomendações.
Eu não tinha nenhum remédio para febre, então o jeito seria fazer uma sopa.
Mas aí está o problema, eu não sei cozinhar.
Ela me olha com a cara amarrada e eu suspiro só vendo uma solução.
Fazer a sopa!

_Pelo que o médico disse você precisa de um remédio ou algo para esquentar o seu corpo para diminuir a febre.

_Isso é uma coisa meio lógica, não?! - Ela me olha como se eu tivesse falado algo surreal

_Eu sei. Mas não tem nenhum remédio aqui, então eu tenho que fazer uma sopa. - Ela aguardava o complemento e eu reviro os olhos - E eu não sei fazer uma sopa.

O outro lado do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora