Capítulo 79

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Mais uma vez estávamos passando por aquela mesma situação. Não importa o lugar, a hora ou se estivéssemos juntos ou separados, parecia que isso sempre aconteceria. Um misto de vergonha e raiva se apossavam de mim. O dia estava tão agradável, essa viagem...
Mas era só sairmos da nossa bolha que a realidade caía sobre nós. O quanto ainda teríamos que enfrentar, o quão difícil seria ficarmos juntos e até quando suportariamos tantas humilhações.

_Ela não está me incomodando porra nenhuma e sabe por quê? - Ele solta sua mão da minha - Porque ela é a minha namorada!

Ele encarava o homem fixamente, tentando conter a raiva, mas o seu rosto vermelho e os punhos cerrados o denunciavam. Olho para o homem em nossa frente e agora a sua expressão era de vergonha. Abaixo a cabeça e suspiro entristecida. Isso estava tão repetitivo e ainda assim me deixava cabisbaixa. As pessoas sempre apontavam e descriminavam, mas assim que descobriam que eu estava com o Grande advogado Magalhães, eles mudavam o tratamento, e até pareciam arrependidos, uma falsidade e hipocrisia sem fim. Seguro a mão dele novamente para sair daquela situação, sempre iria ser assim e eu não tenho energia para tentar debater ou reverter a situação.

_Vamos embora daqui.

Ele se vira para mim e parece se acalmar um pouco. Ainda fica alguns minutos me analisando e arqueia a sobrancelha.

_Mas amor... 

_Por favor. - Desvio o olhar para não chorar ali mesmo

Ele parece entender e dá uma apertada na minha mão. Em seguida coloca alguns fios de meu cabelo atrás da minha orelha e assente, dando um sorriso fraco.

_Eu quero que vocês vão imediatamente buscar todas as nossas coisas. - Ele se vira novamente para o homem - Eu não fico mais um segundo neste lugar.

_Senhor Magalhães, queira perdoar a minha falta de atenção. Eu não sabia que era a sua namorada, eu não a vi entrar mais cedo.

_Eu não quero saber das suas justificativas, apenas faça o que eu mandei! - A sua voz se torna rude

_Eu ofereço estadia grátis, senhor. Por favor, fique. - O ouço dar um suspiro e fechar os olhos, ele estava se controlando

_Vá buscar a porra das nossas malas antes que eu perca a paciência com você. - Diz baixo mas sua voz continha raiva

_Eu insisto que...

_Vai logo, caralho! - Ele se altera com a insistência do homem e o segura pelo colarinho - Eu não vou falar novamente, se você não sair da minha frente agora eu juro que eu não respondo por mim.

Ele solta o homem, que sai sob o olhar de alguns presentes. Então ele me abraça, colocando o seu queixo sob a minha cabeça. Eu apenas fico ali parada, enquanto ele falava coisas que eu não compreendia no momento. Após alguns minutos, o homem retorna com as camareiras, trazendo as malas. Ele me pede para levá-las e chamar o táxi. Enquanto fica alguns minutos ali dentro falando algo com o homem. E então ele sai e nós entramos no táxi, que nos aguardava.

_O que você disse à ele?

_Não se preocupe com isso, meu amor.

O caminho é feito em silêncio, até que chegamos na pista onde o jatinho nos esperava. Eu me deito e deixo algumas lágrimas rolarem. Nunca é fácil passar por isso e de certa forma, sempre deixava o meu emocional abalado. Então para não remoer, fecho os olhos e espero o sono vir. Não demora muito, pois a ida à praia tinha me deixado cansada. Quando acordo, tomo um pequeno susto ao notar que estava no meu quarto.
Ele tinha me trago dormindo para cá.
Olho as horas no relógio do celular e ainda eram oito horas. Desço as escadas até o andar de baixo, e o vejo sentado no chão, assistindo um filme.

O outro lado do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora