O outro lado do amor

Capítulo 101

Já estava perto do nosso casamento, mas eu sentia uma sensação terrível, como se algo ruim fosse acontecer e por isso eu temia. A polícia procurava o Pedro, mas ele parecia ter evaporado e isso era um dos motivos da minha preocupação. Com ele à solta e a minha menina indo estudar, eu não conseguia pensar em nada, às vezes era difícil até trabalhar.

_Com licença, senhor Magalhães. - A secretária interrompe os meus pensamentos - O seu pai está aqui.

_Como é que é?

_O seu pai, ele...

_Não precisa me informar.

Ele simplesmente entra, sem hesitar e dar importância a secretária. A senhorita Pires sai da minha sala, fechando a porta e nos deixando a sós. Eu encarava o meu pai naquela cadeira e só conseguia pensar no que ele poderia querer. Ele se cansou de vomitar o quanto me odeia e que não sou seu filho.

_O que você quer?

_Eu estou indo para os Estados Unidos.

_Boa viagem!

_Não tem como negar que você é meu filho. Quando quer é extremamente frio e evasivo.

_Foi esse o tratamento que o senhor me direcionou a vida toda. O que esperava? - Arqueio a sobrancelha - E caso não se lembre, você mesmo não me considera seu filho.

_Eu sou um péssimo pai.

_Pelo menos concordamos em alguma coisa. Mas saiba que apesar de tudo, eu não o odeio.

_Eu não esperava menos de você, Cristopher. Você é realmente melhor do que eu, não há dúvidas disso.

A secretária novamente bate na porta, e desta vez entra o senhor Carlos.

_Oi Carlos. - Cumprimenta - Eu preciso ir, o meu voo sairá daqui a pouco.

_Faça uma boa viagem. Irei visitá-lo quando der.

_Eu estarei esperando.

_Mas você vêm para o casamento, certo?

_Casamento de quem?

_Nossos filhos irão se casar. - Diz animado - Eu me esqueci que você ainda não sabia.

_Como assim, nossos filhos?

_Eu descobri que a noiva de seu filho é minha filha, e ainda tem outra pequenina. - Esclarece - Foi um caso do passado.

_Como assim? Aquela garota é sua filha?

_Sim. A Aline é minha primogênita.

_Mas ela é... - Hesita - Eu realmente esperava mais de você.

_Por que diz isso?

_Ele se refere ao fato dela ser negra, Carlos. Algo que ele odeia.

_Eu me lembro daquele dia no shopping. Você tratou a minha filha muito mal.

_Não pense que ela ser sua filha muda alguma coisa. A viagem é definitiva, eu não pretendo voltar. E não precisa ir me visitar, Carlos. Eu não sabia que se contaminava a esse ponto com essa gente.

_Eu imaginei que não poderíamos mais ser amigos. Eu espero que algum dia você melhore como pessoa, Jorge.

_Espere sentado. - Ele me encara - Adeus, Cristopher...

Ele vai embora da minha sala, se despedindo sem transparecer remorso de nada. Provavelmente não voltaríamos a nos ver e conversar. Eu queria que fosse diferente, queria ter um pai amoroso e que se importasse comigo, mas infelizmente o Jorge não é esse homem. Portanto, a distância é o melhor para nós.