Capítulo 86

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Aqueles gritos estavam me deixando desorientada.
Eu ainda não conseguia compreender o que estava acontecendo, mas era algo muito grave. O homem nos expulsou aos berros e palavrões, ainda seminus. Eu estava com frio e envergonhada. Mas infelizmente eu só tinha ele neste momento e por mais que eu não confiasse nele, eu não tinha outra opção. Aquele desconhecido me parecia tão triste, seus olhos não me negavam isso, por isso senti uma imensa vontade de tocá-lo. Mas a sua reação não foi a das melhores.

_Silvia? - O homem ao meu lado falava ao telefone - Está na portaria do prédio? Ótimo. Nós iremos descer.

Ele desliga e se vira para mim. Me encosto na parede, me encolhendo de frio e com vergonha.

_Quem era aquele homem?

_É um homem muito ruim. Você viu como ele nos agrediu e nos expulsou.

_Ele parecia estar triste.

_Não pense nisso, meu amor. Ele não é ninguém importante. - Ele segura a minha mão - Vamos? Não podemos ficar aqui com essas vestes.

Seguro a sua mão e descemos pelo elevador rapidamente. Ele me conduz até um carro, onde estava ao volante uma mulher.

_Nossa...

_Cala a boca. Apenas dirija.

O caminho inteiro é feito em silêncio, de vez em quando eles se entreolhavam e cochichavam algo, mas era inaudível. Abraço o meu corpo, para tentar amenizar o frio e esperar até ver para onde iríamos. Sentia um aperto no peito só de estar perto deste homem, sensação essa que não senti ao estar perto do outro homem. De alguma forma eu senti algo diferente, algo bom. Mas ele não pareceu ter gostado de me ver.
Quem era aquele homem?
Tento pensar, mas a minha cabeça começa a doer e eu não pude evitar emitir um som desagradável.

_O que aconteceu, meu amor?

_A minha cabeça... - Coloco a mão em suas laterais - Está doendo tanto.

_Já estamos chegando em nossa casa, fique tranquila.

O carro é estacionado, e ele segura a minha mão para que pudéssemos descer juntos. A mulher nos acompanha e nós subimos rapidamente, para quê evitassemos ser vistos. Entramos no apartamento, e ele vai buscar roupas para cobrir a nossa nudez. Aguardo na sala, encolhida, debaixo do olhar da moça. Ele volta vestido e me entrega uma camisa longa. A visto rapidamente e me sento no sofá, ainda com frio. Ele percebe e pega um cobertor, para que eu me cobrisse.

_O que vai fazer com ela?

_Tudo o que eu sempre quis! - Diz sorrindo - Venha para o nosso quarto, meu amor.

_E o que eu devo fazer agora?

_Por que não tenta conquistar o idiota do Magalhães? Ele deve estar muito tristinho e precisando de consolo.

_É mais fácil invadir a rússia no inverno do que se aproximar dele.

O homem me conduz ao quarto e me deixa ali sentada.
A moça vai embora, deixando-nos a sós.

_Está com fome?

_Um pouco.

_Eu vou trazer algo para você comer. - Ele acaricia o meu rosto - Eu já volto.

Olho ao redor e sinto um arrepio percorrer por minha espinha. De repente a minha cabeça começa a dar algumas pontadas e a dor volta, mas desta vez, com uma breve lembrança.

"Eu estava em um lugar muito bonito, a água era cristalina e eu parecia feliz.

_Uma flor para outra flor... - E então o homem coloca a flor em minha orelha, sobre meus cabelos

O outro lado do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora