Capítulo 46

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A minha relação com a Aline estava melhor depois da nossa conversa no carro. Nos tratavámos com respeito e ela era até muito legal. Eu sei que ainda falta muito para conseguir me redimir, mas farei como a psicóloga pediu; um passo de cada vez.

_Com licença, senhor Magalhães. - A secretária entra e me entrega uma folha

_O que é isso? - Pergunto passando os olhos

_É uma intimação. O senhor está sendo acusado de agressão ao sócio de uma boate chamado Gustavo Mendes. - Estava demorando para isso acontecer

_Era só o que faltava. - Reviro os olhos indignado - Pode se retirar, senhorita Pires.

Ela sai e eu leio cada parágrafo da intimação.
Então esse estuprador babaca acha que pode me processar, não é?
Volto a me concentrar no outro processo, o do Pedro. Esta causa têm me deixado tenso, a audiência é amanhã e eu particulamente espero conseguir vencê-la. De repente meus pensamentos foram de encontro a um par de olhos claros e um sorriso radiante.

Agora ela deveria estar em minha casa e como eu também queria estar lá, nem que fosse para somente vê-la. E pensar que eu já fiz aqueles olhos lindos ficarem tristes. Suspiro e afasto esse pensamento, eu nunca conseguirei ver o que está porvir se eu ficar pensando no que passou. Olho as horas no relógio de pulso e parecia ter agarrado.
Mas o que isso importa?
Eu posso muito bem sair quando eu quiser. Fecho o paletó, pego alguns papéis para levar para casa e me despeço da secretária.
Ligo para o doutor Soares para que ele fosse a minha testemunha e eu precisaria convencer a menina para que ela também fosse depor. Com certeza não deve se lembrar de muita coisa, mas é importante que ela vá. Não será fácil estar frente a frente daquele cretino novamente, mas eu quero justiça. Eu não estava em um bom estado de espírito para ir para casa por agora, então desvio o meu caminho para outro lugar. Estaciono e desço,  ansioso, entrando em seguida.

_Cristopher, como vai? - Ela estende a mão me cumprimentando

_Estou bem, Cristiane. Mas preciso de uma ajuda.

_Então suba, por favor. - Ela abre caminho e eu subo

Entro em sua sala e me sento de frente para ela.

_Já fizemos isso tantas vezes, não precisa ficar nervoso.

_É sempre uma experiência nova para mim.

_Então vá devagar. Me diga, o que te aflige? - Começo a mexer nos dedos compulsivamente

_É uma moça. Eu acho que estou gostando dela.

_O que te faz pensar que tem esse tipo de sentimento por ela?

_Eu gosto de estar com ela, gosto das nossas conversas e gosto até quando ela fica brava.

_O que sente pode ser apenas amor fraternal.

_Eu também a desejo como mulher.

_Isso não é o suficiente para que afirme que gosta dela. Esses sentimentos vão muito mais além do que você imagina.

_Eu posso imaginar. E eu me sinto debilitado, eu nunca senti isso e não sei como lidar.

_Atração sexual não é o bastante para afirmar que está apaixonado. Na verdade, qualquer sentimento como gostar, paixão ou amor são muito complexos. Somente o tempo dirá se existe verdadeiramente ou se é carência passageira.

_E o que eu posso fazer para tentar lidar com isso?

_Apenas relaxe e deixe as coisas fluírem. Se for realmente sincero o que sente, você saberá. Você se sentirá diferente, sentirá vontade de protegê-la, sentirá todo o seu corpo reagir a simples presença dela e se sentirá feliz a fazendo algo que ela goste somente para vê-la sorrir. O amor é lindo, Cristopher. Feliz é quem se permite mergulhar a fundo em um amor recíproco.

O outro lado do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora