Capítulo 54

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Enquanto ela dormia tranquilamente no quarto, eu a observava da porta. Depois de uma noite horrível ela havia conseguido pegar no sono, mas eu ainda estava surpreso com toda a situação.
Ela e o Pedro me parecia algo tão surreal. Eu não quero pensar que ela ainda pode gostar dele, mas infelizmente isso pode ser verdade. A forma como ela agiu, como se mostrou inquieta com a presença dele, ainda sim pode significar sentimento reprimido.
E talvez eu não tenha chances mesmo.
Mas e tudo o que ela disse?
É notório que ela ainda guarda mágoa e pelo que eu entendi por uma traição da parte dele. Pelo pouco que o conheço, é de se esperar que ele fosse esse tipo de homem, em nossas poucas conversas ele demonstrou uma arrogância em sempre falar das ex's, provavelmente em algum momento ele falou dela e eu não percebi.

Mas a verdade é que agora para ele éramos rivais, como se houvesse algum tipo de competição, o que não há. Talvez ela nunca perdoe ele e à mim muito menos. Meu celular começa a vibrar e pude ver uma mensagem da Carolina, avisando da festa de seus pais. Era hoje mais tarde e eu não estava com ânimo nenhum para isso, então apenas visualizo. A menina se remexe na cama, acordando. Era manhã e ela tinha conseguido dormir por um bom tempo. Ela se senta na cama esfregando os olhos e eu me aproximo. Seus cabelos estavam bagunçados, seu rosto amassado e seus olhos inchados, mas ainda sim o meu coração dá um tranco. Foi triste vê-la assim novamente, tão indefesa e desnorteada. Os seus olhos entregavam que ela tinha chorado por muito tempo e sua expressão apontava que ainda estava muito abalada, os acontecimentos ainda estavam ali com ela. Pude notar quando observava seu olhar perdido, ela sequer nota a minha presença ali.

O meu sangue ferve e eu tive uma imensa vontade de esmurrar aquele filho de uma puta por estar fazendo a menina sofrer dessa forma.
Você também tem sua parcela de culpa!
Cala a boca subconsciente, não é hora para isso.
Falo internamente, revirando os olhos. Não é o momento de focar em mim e sim nela. Me sento na cama, só assim ela me nota e olha para mim, enquanto suspira pesadamente. Eu tive uma imensa vontade de tomar aquela dor para mim, de enxugar as lágrimas dela e abraçá-la até não mais se lembrar disso.
E porque não o fazer?
Em um ato impulsivo, eu me aproximo e a abraço sentindo o seu cheiro adocicado. Ela não esboça nenhuma reação, apenas fica parada sem falar nada.
E eu continuo a senti-la junto à mim, era um abraço espontâneo, repleto de ternura, algo que eu nunca pensei em dar s alguém. Quando ia tocar os seus cabelos, ela sai de meu aperto com brutalidade e se levanta rapidamente.

_Eu vou ligar para um táxi vir me buscar. - Ela desce as escadas e eu a acompanho

_Você pode ficar o tempo que quiser.

_Eu já fiquei tempo demais.

_É melhor ligar para o Ricardo. Se não quer ficar aqui pelo menos vá com alguém de confiança, você não está em condições... - Ela me corta

_Pare de dizer o que tenho ou não que fazer.

_Eu só estou tentando te ajudar.

_Eu não preciso da sua ajuda. E a propósito, eu me demito.

_Como assim? - Pergunto atônito - Por quê?

_Eu não vou frequentar um lugar aonde aquele homem esteja.

_Ele não virá mais. Eu o detesto tanto quanto você.

_Por que você o trouxe aqui? Para me desestabilizar?

Os seus olhos estavam diferentes do normal, era um assunto que realmente mexia com ela.

_Eu não fazia idéia que vocês se conheciam. E também não sabia que tinham namorado. Ele deu a idéia de comemorar a vitória no tribunal e eu sugeri que fosse aqui, porquê eu não gosto de sair. - Tento me defender

O outro lado do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora