Capítulo 98

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Hoje finalmente era o dia da inauguração do novo escritório do Cristopher e ele não poderia estar mais feliz. Já acordou radiante, com um sorriso no rosto, mas era de se esperar. Sempre foi o sonho dele expandir ainda mais o seu negócio e agora ele teria a oportunidade. Eu estava muito feliz, desde o dia que fomos no cemitério ele têm se sentido mais leve, é como se tivesse saído um peso de seus ombros. Não houve nenhuma intervenção do Jorge na mudança dos sepulcros e talvez ele não se importasse com qualquer decisão tomada em relação a ela. O que era muito bom, ele havia destruído a vida da Helena e não tinha mais esse direito.
Ouço o sino, da porta da lanchonete, se mexer e olho para a entrada. Era uma moça, caminhava rapidamente na minha direção e quando ela fica frente a frente, eu a reconheço.

Era a cúmplice do Pedro, a Silvia. Ela me olhava de uma forma misteriosa, ao qual eu não conseguia decifrar. Ela usava roupas que cobriam o seu corpo e em sua cabeça usava uma touca. Não parecia a mulher elegante que estava sempre muito bem vestida.

_Eu preciso falar com você.

_Não temos nada para falar. Você e Pedro quase arruinaram a minha vida. Deveria agradecer por não estar presa.

_Eu sei. Por isso eu estou aqui. Por favor, me ouça.

_Eu estou em horário de trabalho e...

_Eu não viria aqui se não fosse urgente. - Ela levanta a blusa

Haviam vários hematomas e eu me assusto. Aquelas roupas estavam ali para esconder a covardia do Pedro.

_Sente-se, por favor. - Ela senta-se e eu a acompanho - A lanchonete não está muito movimentada.

_Obrigada. Eu realmente sinto muito por tudo que fiz á você, mesmo que indiretamente.

_Eu sofri muito com o plano de vocês.

_O Pedro pensava que separando vocês, você voltaria com ele. - Manuseio a cabeça - Ele é louco!

_Agora que percebeu?

_Não. Na verdade, eu achava que era apenas uma obsessão passageira. Desde que começamos a ficar, ele sempre deixou claro que amava a ex-namorada. Muitas das vezes ele me chamava pelo seu nome enquanto...você sabe. Mas eu pensava que era apenas loucura dele, até cheguei a pensar que você não existia, devido a idealização que ele fazia de você. Eu só não entendia o porquê dele te querer tanto de volta sendo que ele a perdeu por culpa dele mesmo.

_Nós namoramos quando eu tinha dezesseis anos, ele tinha vinte e quatro e por ser mais experiente, ele me mantinha em um relacionamento abusivo, cercado de mentiras e traições. Quando eu descobri, o peguei no flagra em sua casa com outra, ele tentou se justificar e colocar a culpa em mim. Eu confesso que sofri muito, eu pensava que ele me amava, afinal, era o meu primeiro namorado. Mas eu terminei de vez, fiz questão de não aceitá-lo nunca mais na minha vida. E desde então, quando me encontrou na cidade, ele vêm me perseguindo.

_É pior do que eu imaginava. Quando ele te encontrou, não havia nada que pudesse tirar a alegria dele. E então ele começou a jogar sujo.

_Por que está me dizendo tudo isso? Por que está aqui?

_No começo, eu encarava como uma besteira dele. Mas percebi que estava indo longe demais quando ele passou a te dopar e você ficou desacordada por quase três dias. Foi então que vi que não era só uma obsessão. Eu confesso que iria sim dar em cima de seu namorado, como havia feito outras vezes e talvez fosse até menos arriscado para você.

_É sério isso? - Arqueio a sobrancelha

_Aqueles dias com ele poderiam ter sido fatais.

_Dar em cima do meu namorado também poderia ser fatal. - Fecho a cara - Para você.

O outro lado do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora