O dia amanhece vagarosamente e os mesmos pensamentos me assombram há dias, desde que me mudei me vêm em mente...
Eu precisava conseguir um emprego.
As minhas economias estavam acabando, eu precisava ajudar o meu vô e minha irmã, que ficaram em nossa cidade. Eu fui criada pelo meu avô, após a morte de minha mãe, no nascimento da minha irmã; Anne. Quanto ao nosso pai, nunca chegamos a conhecê-lo. O meu vô sempre foi muito evasivo neste assunto e por não querer ser repetitiva, não me interessei o suficiente em descobrir a sua identidade. Ele nunca havia feito questão de nos conhecer ou se fazer presente. As poucas coisas que me lembro da minha mãe é que ela sempre foi muito amorosa, dizia que eu deveria ser forte pois o mundo é ruim, mas com o tempo eu descobri que na realidade as pessoas que são ruins. Desde a sua morte, meu vô cuida de nós com todo o amor do mundo. Mas com sua idade avançada ele já não podia mais fazer esforços, então decidi vir para a cidade do Rio de Janeiro, atrás de uma oportunidade.
Coloco os pés na rua, sentindo um arrepio estranho mas sequer estava frio. Caminho até o ponto e entro no ônibus. Cumprimento o motorista, e me sento, observando o lugar que passava. Depois de alguns minutos, ele estaciona em uma outra parte da cidade ao qual eu ainda não havia ido. Desço, observando ser um bairro muito elegante. Uma placa informa que eu estou em um bairro chamado leblon. Caminho até uma loja de roupas e assim que entro, eu tive vontade de dar meia volta. As três moças que atendiam não fizeram a mínima questão de disfarçar o olhar e muito menos a expressão facial. Elas me olhavam de uma forma superior, mas eu engulo o nó em minha garganta.
Entrego o currículo com formalidade e tento forçar um sorriso amigável. Eu havia passado por situações parecidas algumas vezes, e entendi quando mamãe disse que deveria ser forte. Levanto a cabeça e volto a caminhar. Estava aguardando o sinal fechar, quando vejo um pequeno gato no meio da rua. Era magro e estava muito frágil. Sem hesitar, caminho para o meio da rua para pegá-lo. O sinal estava aberto, mas não havia naquele momento carro algum passando, então eu o seguro em meus braços. Estava me levantando para sair do meio da rua, mas ouço uma voz alterada. E alguns segundos depois um choque entre mim e o carro. Foi de leve, mas mesmo assim me fez cair sentada, machucando as mãos. Estava me levantando mas hesito quando ouço uma voz irritada e hostil.
Em seguida, dois homens saem do carro._Você é doida? - Esbraveja com raiva um dos homens
_Se acalme, Cristopher. Ela não deve ter visto o sinal.
_Ela quase amassou o meu carro! - Diz irritado
Levanto-me calmamente os observando. O que estava com raiva era muito bonito. O outro parecia ser um pouco mais velho mas também era extremamente charmoso.
_Além de ser destrambelhada, você é muda também?
_Eu sinto muito. Eu só atravessei para salvá-lo. - Mostro-lhe o pequeno
_Você está machucada, quase arranhou o meu carro e eu poderia levar multa.
_Não se preocupe comigo. Eu estou bem...
_Eu a aconselho ir ao hospital para colocar um curativo nos machucados. - O outro homem sugere
_Está tudo bem, não foi nada.
_Tem certeza?
_Eu tenho sim.
_Vamos, Ricardo. Se não chegaremos atrasados. - Diz impaciente
Eles entraram no carro e foram embora. E eu me sento no banco, ainda segurando o gato. Eu não poderia entregar mais currículos, porquê estava com a calça um pouco suja e agora com a testa machucada.
_O dia não foi dos melhores, mas eu conheci você. Então valeu a pena. - Ele dá um fraco miado - Agora você tem um lar e nunca mais estará sozinho.
Sorrio, enquanto o observo e caminho até o ponto, para esperar o ônibus. A minha mente me recorda daquele grosso, que apesar de ser extremamente ignorante era muito bonito. Mas ao me recordar novamente de suas ásperas palavras, eu reviro os olhos e afasto qualquer pensamento sobre o mesmo. Felizmente eu não teria a oportunidade desagradável de tornar a vê-lo. Então ele não merecia ter importância alguma para mim. Era apenas mais um estúpido no mundo. Nada além disso.
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O outro lado do amor
RomanceNenhuma linha se cruza por acaso, certo? Cristopher Magalhães é o homem que encanta a qualquer mulher, aparentemente destemido e egocêntrico, e ao mesmo tempo frágil e intrigante. Aline Dias está fora de qualquer padrão, é sensível mas também dete...