3.8.

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O céu estava escuro, mesmo sendo inicio da tarde.

O Palácio Real permanecia vazio, Lee Yuna não via nem uma empregada ou mordomo a caminhar de um lado para outro como sempre faziam.

Yuna vestia a sua farda de guarda real, no entanto, a farda era preta e tinha alguns detalhes em dourado, o seu cabelo estava amarrado e sentia o seu tronco pesado por estar a usar um colete por baixo de toda a roupa que vestia.

A mulher suspirou intrigada e caminhou até à rua esperando ver alguém familiar.

Deparou-se com os seus irmãos gémeos que choravam desalmadamente, também eles vestiam roupas pretas e abraçavam Han Jisung que escondia a tristeza nos seus olhos enquanto limpava os mesmo.

Han vestia uma farda igual à de Yuna, o seu cabelo estava perfeitamente penteado e a sua espada estava junto dele.

Observou tudo à sua volta, diversas bandeiras do reino estavam erguidas, desta vez as bandeira eram pretas e não vermelhas como costumavam ser sempre, o que só podia significar duas coisas, ou o reino estava em guerra ou era o funeral de alguém.

Yuna descia as escadas da entrada do Palácio Real com rapidez procurando o príncipe.

Todos os guardas pareciam em posição pronta para lutar, alguns deles estavam em cima dos seus cavalos esperando as ordens do rei, que também vestia um fato de batalha com a sua capa preta comprida.

Sorriu ao finalmente encontrar o príncipe Hyunjin e apressou-se a ir ter com ele, porém, o seu sorriso desapareceu ao reparar que ao seu lado estava Kim Dae, ambos os seus dedos traziam anéis de casamento, o que significava que estavam casados e Yuna ergueu uma sobrancelha confusa.

O que estava a acontecer?

Lee Yuna decidiu caminhar até ao irmão e baixou o seu corpo tocando no ombro de Nari que não se manifestou e continuou com o seu choro alto.

-Nari? Jeong? - chamou a mulher desesperada.

Ninguém a conseguia ouvir e Yuna estava cada vez mais confusa.

Ergueu o seu corpo encarando Han que não notava na sua presença ali junto dele e continuava a limpar a lágrimas rebeldes que caíam do seu rosto.

O rei aproximou-se de todos os guardas reais e ergueu o seu braço.

-Apesar de hoje ser um dia triste para todo o reino, não nos podemos esquecer que ainda estamos em guerra com o Reino da Fénix. - comentou o rei com a sua voz poderosa.

Todos os guardas ergueram as suas cabeças e Yuna perguntava-se mais uma vez o que estava a acontecer.

O príncipe Hyunjin baixou o seu olhar e Yuna conseguiu ver uma pequena lágrima que caía do seu rosto para o chão, parecia que o príncipe estava prestes a desabar, por isso Yuna caminhou até ao homem pousando a sua mão no seu rosto com pena.

-Porque chora o príncipe? - questionou murmurando a mulher.

Mais uma vez, sem nenhuma resposta.

Yuna ouviu o som de espadas a bater no chão de pedra do castelo e virou o seu olhar encarando um caixão branco, Han Jisung deixou os seus irmãos e rapidamente ajudou a carregar o caixão junto de todos os outros três guardas.

Túlipas roxas estavam pousadas em cima do caixão e notou rapidamente no choro alto do príncipe que estava agora ajoelhado no chão soluçando, já Kim Dae revirava várias vezes os seus olhos.

Porque chorava o príncipe? Seria o funeral da sua mãe a rainha?

Não, isso seria impossível, a rainha tinha falecido à muito tempo atrás.

Foi aí que Yuna percebeu que aquele não era o funeral da rainha, mas sim o seu.

Seria Yuna um fantasma? Talvez fosse por isso que não conseguia falar com ninguém, mas Yuna não acreditava nisso, por isso seria impossível.

Yuna arregalou os seus olhos e um pequeno flashback passou à sua frente recordando-lhe de tudo o que se tinha passado.

Ela tinha sido envenenada e talvez tudo isto fosse apenas um sonho.

No entanto, Yuna sentia o seu corpo cheio de angústia, porque teria ela um sonho tão cruel? 

A mulher pousou os seus braços atrás das suas costas e esperou que o caixão fosse levado fechando os seus olhos com tristeza.

Kang Sohui também estava ali presente, caminhou em passos largos até ao príncipe ajudando-o a erguer-se, Hyunjin pousou as suas mãos no rosto escondendo-o de ser visto a chorar, o rei encarava o céu perguntando-se o porquê de algo assim acontecer.

Yuna sentiu algumas gotas de chuva caírem no seu rosto fazendo-a abrir os olhos. Estava novamente sozinha, ninguém estava no Palácio Real e a entrada parecia suja.

Decidiu caminhar durante uns minutos até ao jardim real e mostrou-se surpreendida ao reparar em todas as árvores murchas e arbustos castanhos e secos por não serem regados.

De longe observou um casal novo, não pareciam ser da nobreza pois usavam roupas sujas e velhas, o casal caminhava descalço pelo jardim enquanto entrelaçavam os seus braços um no outros e soltavam algumas gargalhadas.

Yuna correu para alcançá-los e tocou no ombro da mulher, numa tentativa de conseguir a sua atenção.

O casal virou o seu corpo com um sorriso gentil e Yuna abriu a boca surpreendida.

Os seus pais estavam à sua frente com um sorriso que Yuna já não via à imenso tempo, no entanto os seus pais não parecia reconhecê-la.

-Podemos ajudar? - questionou o seu pai.

Yuna soltou uma leve gargalhada feliz e sem se aperceber uma lágrima escorreu dos seus olhos, rapidamente pousou as suas mãos nos ombros dos seus pais puxando-os para ela num abraço caloroso e voltou a fechar os seus olhos.

Ao voltar a abrir os olhos largou os seus pais, encarando o céu que estava agora completamente branco ofuscando os olhos de Yuna, estaria ela prestes a morrer?

Pousou a sua mão na testa fechando mais uma vez os olhos receosa de ficar cega com a intensidade da luz, perguntava-se o que poderia ser desta vez.

Seria isto aquilo a que chamavam de luz ao fundo do túnel?

Quando deu por si, Yuna estava num quarto do Palácio Real, desta vez tudo parecia real, o quarto estava escuro e a mulher sentia os seus lábios secos e o seu corpo fraco, conseguia ouvir uma pequena discussão de fundo.

Sentiu um nó na garganta e tossiu fortemente fazendo com que abrisse os seus olhos repentinamente, sentia uma pequena falta de ar e por isso procurava desesperadamente pelo oxigénio.

-Lee Yuna!

A mulher fechou os seus olhos com alguma dor e sentiu passos largos e pesados perto de si e uma mão calorosa tocar no seu rosto, reconheceu rapidamente o toque do príncipe. 

Yuna pousou a sua mão na do príncipe e sorriu.

Ela estava de volta.

I Married the Prince || Hwang HyunjinOnde histórias criam vida. Descubra agora