5.3.

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O mês de dezembro estava a meio.

As cortinas do novo quarto de Yuna tinham sido abertas, imensas empregadas caminhavam de um lado para o outro.

As suas fardas tinham mudado de cor e ao invés de cinzentas, as suas roupas estavam pretas.

Depois do Baile de Inverno, o rei tinha sido levado para os seus aposentos onde seria tratado para o seu funeral, que seria hoje.

Todos os convidados do baile tinham ficado mais um dia no Palácio Real para que pudessem estar no funeral do rei do Reino de Dragão; o término do baile tinha sido feito de forma rápida, foi informado que os suspeitos estavam nas masmorras e que tinham sido condenados à guilhotina.

O fim da vida de Kim Dae e Kim Seung seria hoje, logo após o funeral do rei.

Yuna foi despida pelas empregadas que já preparavam o seu vestido preto volumoso.

Todo o quarto estava preenchido de silêncio, Yuna não tinha conseguido dormir, estava preocupada com o príncipe que tinha regressado ao seu quarto na madrugada do baile, depois de se conseguir acalmar.

O príncipe sabia que o seu pai estava velho, mas não queria que tivesse tido um fim tão cruel como aquele.

O cabelo de Yuna foi preso e nenhum adorno foi colocado no mesmo, a sua maquilhagem era leve e neutra apenas o suficiente para esconder as olheiras e os olhos inchados de ter chorado junto do príncipe.

Após uma hora, Yuna saiu do seu quarto caminhando até à entrada principal do Palácio Real, esperava pelo príncipe antes de as portas serem abertas, mas não demorou muito até que o príncipe chegasse.

Na sua cabeça trazia a coroa que tinha pertencido ao seu pai, vestia um fato preto sem nenhum adorno, o seu rosto já não estava tão inchado como ontem, talvez devido à maquilhagem.

Ao chegar junto de Yuna soltou um sorriso pousando a sua mão na da mulher que encarou o príncipe com ternura.

-Como está o príncipe? - questionou a mulher.

Hyunjin soltou um leve suspiro e humedeceu os lábios.

-Estou bem. - respondeu. - A justiça foi feita e preciso de me focar no nosso casamento.

Yuna assentiu, apesar de ser um dia triste, o casal deixou escapar um sorriso apaixonado.

Ao serem abertas as portas para o salão principal, Yuna teve visão para centenas de pessoas que se sentavam nos bancos colocados ali, todas as pessoas ergueram os seus corpos e curvaram-se assim que viram o casal entrar.

Todo o ambiente dentro daquela sala era escuro e cheio de melancolia, pessoas choravam enquanto limpavam as suas lágrimas com lenços brancos, todas elas também vestiam roupas pretas e Yuna caminhou pelo corredor que havia entre os bancos ao lado do príncipe.

Um caixão preto estava em cima de uma pedra cinzenta, imensas flores tinham sido colocadas junto do caixão, todas elas de diversas cores, mas a sua maioria eram rosas brancas.

Ao chegar junto do caixão, Kang Sohui, que permanecia ao lado de todas as outras empregadas, esticou a sua mão entregando uma tulipa roxa a Yuna que sorriu agradecendo, a mulher encarou o príncipe que encarava o caixão petrificado, parecia pensar em algo pois o seu olhar era sério.

Yuna humedeceu os lábios e juntos, o príncipe e a mulher agarraram na tulipa roxa, pousando-a em cima do caixão.

Na cabeça de Hyunjin, este dia não seria uma despedida, o príncipe poderia sempre visitar o seu pai no cemitério real, onde também permanecia a sua mãe, com quem fazia questão de falar todos os dias.

Naquele dia, o príncipe não derramou lágrimas, ele sentia que já tinha derramado todas as lágrimas possíveis e, como futuro rei, não poderia demonstrar fraqueza perante todas as pessoas ali presentes.

A cerimónia teve pouca duração, toda a parte da manhã foi preenchida de lágrimas, imensas flores foram colocadas em torno da campa de cemitério, o dia estava escuro e cheio de nuvens, mostrando também a tristeza do reino.

Os irmãos de Yuna também estavam ali, apesar de novos, percebiam o que se tinha passado e, apesar de terem passado pouco tempo com rei, ainda sentiam tristeza e não se preocuparam em derramar algumas lágrimas.

Depois de se terem despedido de todos os convidados do Baile de Inverno, o casal regressou ao Palácio Real, preparando-se para cerimónia da pena de morte dos irmãos Kim.

Por ser uma cerimónia pública, também as pessoas do povo poderiam participar no evento e ver o ocorrido.

Yuna caminhava junto de Hyunjin em silêncio, toda a sua história de romance parecia estar acabada, o príncipe ainda estava enfurecido com o sucedido e não parecia querer falar, por isso habilitava-se apenas a caminhar junto de Yuna.

-A menina Yuna está apta para ver a cerimónia? - questionou o príncipe encarando-a.

Yuna assentiu, ela seria a rainha e não se poderia dar ao luxo de mostrar fraqueza e não comparecer à cerimonia.

A mulher deu por si a observar tudo com atenção, imensas pessoas estavam presentes enquanto comentavam o que se iria passar, um pequeno palco de madeira estava à frente das pessoas e uma guilhotina permanecia em cima do palco com a sua lâmina afiada e brilhante.

A tarde já tinha começado e o céu continuava escuro, Yuna subiu as escadas de madeira com cuidado seguindo o príncipe até ao local onde assistiriam à cerimónia; dois pequenos tronos tinham sido colocados ali para que o casal se pudesse sentar.

Yuna sentia que o príncipe estava nervoso e, por isso, pousou a sua mão em cima da de Hyunjin que a apertou com força.

Foi apenas uma questão de minutos até que os irmãos Kim aparecessem com algemas nos pulsos, ao seu lado caminhava um homem entroncado, o seu rosto estava tapado com um saco de lã preto e empurrava os irmãos fazendo com que estes caminhassem mais rápido.

Apesar de todo o sofrimento que lhe foi causado, Lee Yuna sentia um peso enorme no seu coração e desde sempre que achava aquele final trágico injusto, mas como não tinham sido as suas ordens, ela apenas respeitou, esperando o pior.

O vestido vermelho de Kim Dae estava sujo com terra, a ferida o seu pescoço estava agora em sangue seco, não tinha mais maquilhagem no rosto e estava numa figura lastimável.

A mulher sentia-se furiosa com o seu final, se ao menos Lee Yuna não tivesse aparecido, pensava ela enquanto a sua cabeça era pousada na madeira.

Todas as pessoas que assistiam gritavam palavras maldosas, atiravam frutas podres e encorajavam o homem de rosto tapado a despachar o seu trabalho; o homem virou o seu rosto encarando o príncipe que ergueu a sua mão dando permissão para que a lâmina fosse solta.

Num movimento rápido, Yuna fechou os seus olhos e apertou a mão do príncipe com força.

O som alto de algo a ser cortado foi ouvido por entre as pessoas e quando Yuna voltou a abrir os olhos, sangue escorria do palco para o chão.

Yuna suspirou aliviada por não ter visto a cena mórbida.

Finalmente tudo estava resolvido e Yuna poderia continuar a sua vida com o príncipe.

I Married the Prince || Hwang HyunjinOnde histórias criam vida. Descubra agora