O clima daquela sala branca de hospital era pesado, Lisa conversava com o médico de Soojin, enquanto Soyeon esperava pacientemente do lado de fora.
Eu fui liberada para ver a menina depois de umas duas horas que ela chegou.
Estou sentada ao lado da maca, em uma poltrona bem pequena, Soojin parece tão serena enquanto o barulho do "pi" toca, o soro ligado a sua veia e a respiração tranquila.
Por que fez isso Seo Soojin?
Me pego encarando a menina, sua boca meio aberta e um fio de baba escorrendo da mesma, tudo o que eu queria era sorrir e achar graça na situação.
Mas pensar que ela veio parar no hospital me faz ficar nervosa e ansiosa.
E pelo o que Lisa conversava com o Doutor antes de eu entrar, não é a primeira vez que ela faz isso.
Desde que entrou novamente para a escola esse ano, Soojin vem tendo um comportamento diferente segundo a prima, voltou a fazer coisas que somente fez na época em que perdeu sua irmã.
É como se Soojin estivesse sentindo tudo de novo.
Imagino sua dor, ela não parecia ter muitas pessoas além da irmã.
- Shuhua? - a voz suave de Soojin se fez presente.
Qualquer pessoa que visse a garota acordada, iria gritar chamando o médico, choraria de felicidade até.
Mas eu não, eu não me levantei, não toquei nela, apenas encarei e sorri.
- Está melhor? - Perguntei quase em um sussurro.
Ela analisou o local atrás de mim, parece que se deu conta que estava em um hospital, pois piscou algumas vezes como se quisesse que tudo fosse uma mentira.
- Eu... - Tentou desviar o olhar do meu. - Eu fiz de novo?
Suspirei desviando o olhar também.
- Sim. - Silêncio.
Escuto Soojin fungar, quando passo o olhar por ela, seu semblante está assustado.
- Desculpa. - É o que diz com a voz meio rouca. - E - Eu não sei controlar! - Me olhou com desespero.
- Tudo bem! - involuntariamente, repousei minha mão em cima da dela. - As vezes, precisamos achar uma maneira de esquecermos os problemas, e mesmo que algumas não sejam certas e acabem nos machucando, pode ter sido a única maneira apropriada na nossa visão.
Eu precisava acalmar Soojin, não iria adiantar brigar com ela, só iria piorar a situação.
- Certo. - Ela tentou engolir o choro.
Por alguns segundos fiquei fazendo carinho na mão dela, até notar a sua respiração mais calma.
- Mas, Soojin. - Olhei a garota, ela me retribuiu o olhar. - Não é a primeira vez que faz isso, por quê? Por que dessa maneira?
Ela se cala por mais um tempo, parece pensar em como colocar em palavras.
- É automático. - Diz. - Acho que como não posso ter minha irmã aqui de volta, coloquei na minha cabeça que a única maneira de ver de novo, é tentando ir até onde ela está.
Doeu ouvir aquilo.
Apertei um pouco sua mão, como se aquilo fosse sugar sua dor.
- Ainda dói. - Seus olhinhos se enchem de água novamente. - E não acho outra maneira melhor para curar a dor, do que ficar com minha irmã.
Sinto vontade de agarrar aquela garota e falar que vai ficar tudo bem, mas estamos em um hospital, e não sou próxima o suficiente para fazer isso.
- Quando sente essa dor, tem vontade de fazer o que, exatamente?
- Colocar pra fora, remédios me fazem sentir mais leve.
- Mas machucam, ferem.
Novamente silêncio.
- Minnie não iria gostar de saber que você está assim. - faço um carinho em seu braço exposto. - Acha mesmo que ela quer você com ela, agora?
- Não sei...
- Tenho certeza que ela quer que você viva o que ela não conseguiu viver. - Dou meu melhor sorriso de conforto para Soojin.
Ela me fita, e por um segundo sinto sua tristeza diminuir.
- Chore, grite, esperneie, corra, tente socar uma almofada, jogue alguma coisa no chão. - Sussurro. - Mas nunca, nunca mais se machuque.
Soojin continua me olhando, curiosa agora.
- Me prometa isso. - Dessa vez minha mão vai até seus cabelos. - Pois você é preciosa, e pedras preciosas são raras e delicadas, podem se quebrar facilmente.
Um sorriso se abre em seu rosto, suas bochechas começam a ficar vermelhas.
Adorável.
- E se em um momento de pânico, nada disso der certo, tente abraçar alguém, ou desabafar. - Toco a pontinha do seu nariz. - Me liga que eu vou correndo te ajudar.
Foi como se Soojin saísse de um poço fundo com minhas palavras e minhas carícias, eu nem sei de onde eu tirei essas coisas.
Eu só sabia que eu precisava fazer alguma coisa.
Me levantei, dei um último sorriso para a garota, e sai do quarto.
- Ela acabou de acordar. - avisei ao médico que passava pelo corredor.
- Que bom! - Mudou sua rota, adentrando a sala. - Soojin?
A garota antes nervosa, agora estava serena.
Lisa e Soyeon adentraram o quarto com os semblantes assustados, mas ambas pareciam aliviadas.
- Prima, pelo amor de Deus!
Eu já sabia que Lisa iria querer falar com Soojin, Soyeon também iria lhe dar um sermão provavelmente, mas Soojin estava tão calma agora, acho que nem uma bomba conseguiria perturbar a menina.
Então sai da sala, devagar e sem fazer barulho.
Por um motivo eu sorri ao pensar no exato momento em que toquei o nariz de Soojin, ela acompanhava meu movimento com os olhos, deixando a garota vesguinha, sorri boba ao sentir meu coração se aquecer com aquilo.
Só então fui me dar conta.
Eu disse o apelido Minnie.
Soojin não me falou de Minnie, só se referia a garota como "irmã".
Mas não pareceu notar isso quando eu mencionei o apelido dela, espero que continue assim.
Eu teria um novo desafio em breve.
Desvendar Seo Soojin.
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Lost - Sooshu
FanfictionNÃO ACEITO ADAPTAÇÕES Não recomendado para menores de 16 anos Yeh Shuhua se vê sem amigos ao se mudar para Coréia do Sul, tendo apenas a mãe e o pai para recorrer quando precisa de ajuda, sem ter com quem conversar ou alguém para passar o tempo, Shu...