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Sabe, o som do piano pode ser surpreendente, nunca se sabe quais melodias você pode acabar fazendo ali, seja suave como uma pena, ou pesada como uma rocha.

Meus dedos deslizavam pelas teclas, eu tentava me manter firme e calma enquanto olhares eram direcionados para mim.

A sala totalmente branca, que antes estava vazia, agora tinha alguns alunos, pessoas para o teste e professores que me avaliavam.

Apesar de várias pessoas ali comigo, as que eu mais queria ali, não estavam no momento, e isso me fazia ter um sentimento de vazio.

Então enquanto tocava a música, tentei me concentrar toda minha dor da saudade naquela música, tentando esquecer os olhinhos curiosos ali.

Yuqi, Tzuyu... Eu faria de tudo para ir até a China abraça-las

- Uau... - Uma voz masculina se fez presente.

Só então abri meus olhos, percebendo que já havia terminado de tocar.

- Ela toca com o coração, não é? - Ouvi o comentário da garota de cabelo rosa.

Rosé estava ali, ao lado do professor do teatro.

Notei meu rosto meio molhado, me repreendi por deixar os sentimentos saírem, não era para aquilo ter acontecido, era para somente sentir, não deixar sair.

Odeio que me vejam como uma pessoa sentimental e fraca.

- De todas as meninas que fizeram o teste hoje e no decorrer da semana, você foi a que mais me tocou, senhorita Yeh! A outra figura masculina (professor de música) disse enquanto caminhava até mim com a ficha.

- Obrigada. - Tentei manter minha voz firme, mas saiu rouca pelo choro contido.

- Essa música tem significado pra você, não tem? - Ele tinha um sorriso adorável no rosto.

Não contive minha vontade de sorrir de volta, e assim fiz.

- Lembra meu país, meus amigos, minha família. - Abaixei a cabeça quando percebi que iria voltar a chorar. - Me trás paz e conforto.

Notei que ele se virou, ficando de costas para mim.

- Audições encerradas, é ela. - Deu sinal para as outras meninas que ainda iriam fazer as audições. - Agradeço por cada uma que veio até aqui, esperamos que você tenha outra oportunidade nas futuras audições.

Logo a sala foi ficando mais vazia, os burburinhos e resmungos foram ficando mais altos também, era como se todos alunos ali falassem de mim.

- Rosé! - O professor chamou.

- Senhor? - A garota cambaleou enquanto corria até ele.

- Leve senhorita Yeh para beber uma água, mostre a ela o local do figurino, sala de teatro e a sala de dança. - Entregou a ficha na mão da garota. - Deixe a sala de dança por último, Soojin está ensaiando lá e não gosta quando é interrompida.

Rosé assentiu e me jogou um olhar amigável, convidando a sair da sala.

- Com licença, e muito obrigada pela oportunidade. - Senti minha ficha caindo, eu estava dentro da equipe!

- Você fez isso acontecer, o mérito é seu! - Sorriu novamente.

O sorriso dele era um sorriso real, de alguém que realmente ama a vida.

-Vamos Shu! - Rosé puxou meu braço.

Saí da sala renovada, me sentia nas nuvens de tanta felicidade, e também um tanto nervosa, agora eu teria que me dedicar a peça, teria que fazer valer a pena.

Mostrar meu valor.

- Bom, eu disse que você mandava bem em?! - Me deu uma cotovelada. - Acertei em cheio.

Soltei uma risada pelo jeitinho desastrado e engraçado de Rosé, poxa... Ela combinaria com a Lisa.

Não que Soyeon não seja o par perfeito.

- Acertou mesmo, obrigada pela oportunidade que me deu. - Eu não podia evitar agradecer Rosé por tudo aquilo, afinal, se ela não tivesse me pedido para tocar piano na loja de sua tia, nada disso estaria acontecendo.

Suas bochechinhas coraram um pouco, ela balançou a cabeça e voltou a se concentrar.

- Vem, ali tem um bebedouro, você pode matar sua sede finalmente. - Me guiou até o final do corredor.

- Bem grande aqui, não é?

- Demais, nem acredito que isso seja uma escola. - Suspirou. - Pena que ninguém mais quer fazer parte da equipe de teatro.

Peguei um copo ao lado do bebedouro é enchi de água.

- Daqui a pouco vai estar lotado de gente, vai ver. - Tentei lhe passar confiança.

- Espero que sim.

Enquanto bebia água, olhei ao redor, vendo alguns quadros ali.

- Quem são aqueles? - Apontei para os quadros na parede de trás da gente, vários quadros cheio de pessoas.

- Ah, eram da equipe de teatro antiga, antes da escola fechar. - Andou até lá. - Olhe! Essa é Seo Soojin, acho que tinha 14 anos aqui.

Me aproximei olhando a foto, sorri boba ao ver Soojin com um laço vermelho na cabeça, junto com um vestido cinza e gravata borboleta.

- Isso são sapatos para sapateado? - Observei seus pés.

- Sim! Não era fofa? - Rosé riu.

- Da vontade de morder as bochechas - Logo me repreendi por falar aquilo, pois Rosé me olhou arqueando as sobrancelhas antes de mostrar seu sorriso de ladinho.

- Pode morder, ela está bem naquela sala ali - voltamos para o local da sala onde tinha o piano, mas agora passamos direto, terceira sala depois daquela, a direita.

- Ué? Tudo apagado... - Rosé observou a sala. - Puta que Pariu! - Olhou para mim, meio que em desespero.

- O que?

Nada a menina disse, apenas adentrou a sala correndo, acendeu a luz e soltou um grito.

- Merda, merda, merda!

Quando olhei pela porta o motivo da gritaria, meu coração acelerou.

Soojin estava jogada no chão, Rosé deu tapinhas em seu rosto, e assim que percebeu que a garota não respondia, saiu correndo da sala.

- Soojin? - Foi minha vez de entrar. - O que aconteceu meu Deus!

A garota estava gelada, deslizei para o lado dela, coloquei meu dedo abaixo do seu nariz, ok! Estava respirando.

Logo passos ligeiros se tornaram audíveis.

- Liga pra ambulância! Rápido! - O professor de teatro deu seu celular ao outro professor e se sentou no chão junto comigo. - Ela fez de novo?

- Fez, de novo. - Rosé apontou para o fim da sala.

Todos nós direcionamos o olhar para o mesmo ponto.

- Puta merda. - Murmurei baixinho.

Havia uma mochila preta ali, caida no chão, de dentro dela vários potes de remédios abertos estavam caídos, algumas pílulas até estavam jogadas no chão.

Posso dizer que eram pelo menos, oito tipos de remédios diferentes.

Lost - SooshuOnde histórias criam vida. Descubra agora