— Shhh. — Sorriu sorriu me puxando para dentro do apartamento. — Essa hora todos estão dormindo, se você ficar rindo assim vai acabar acordando o vizinho chato do lado.
O motivo? Bom, Soojin tropeçou no nada e quase deu de cara com uma parede, como eu consigo rir de tudo, não demorou dois segundos para que meus gritos exagerados fossem emitidos quebrando a barreira de som.
— Desculpa. — Encostei minha cabeça em seu pescoço. — Afinal, que lugar é esse?
Ouvi a porta atrás de nós duas se fechar, a garota suspirou acariciando meus cabelos, um gesto calmo e carinhoso, em momento nenhum, demonstrava sentir nervosismo.
— Aqui foi lugar de muitas memórias boas. — Sua voz não passava de um sussurro. — Achei que seria muito bom começar por aqui.
Me virei para olhar o apartamento, mediano e muito arrumado, uma energia completamente positiva.
— O que é isso? — Me aproximei da cozinha ligada na sala, mais especificamente fui olhar o que tinha na porta da geladeira. — Oh.
As milhares de fotos e imãs que estavam ali, fotos de viagens e momentos divertidos, imãs com o nome de Minnie, Soojin e Miyeon. Lembranças felizes e bem guardadas.
— Fui criada nesse apartamento. — Caminhou até mim. — Quando Minnie fez seus dezesseis anos, pediu de aniversário um apartamento, como meus pais sempre babavam nela, acabaram por comprar.
— E então ela usou esse apartamento para te livrar de voltar para uma casa em que seria julgada. — Encarei seu rosto sério. — Não é?
Por um momento a garota pareceu recuar, observei sua reação quando vi Soojin engolir em seco.
— Sim. — Finalmente confirmou. — Eu passei a ter aqui como segunda casa, sinceramente, eram raros os momentos em que eu estava com meus pais e não com Minnie e Miyeon.
Pude visualizar uma Soojin pequena sentada em cima da bancada lambendo uma colher melada de chocolate enquanto Minnie fazia algum bolo e Miyeon aproveitava para raspar a panela.
Também consegui ver a pequena sala toda desarrumada com lençóis e travesseiros jogados para todo canto, uma TV ligada passando Jumanji e um pequeno par de mãos levantadas com um balde de pipoca.
— Sooji-nah! — Minnie fez uma careta. — devolve a pipoca, anda! — Tentou pegar o balde da mão da criança.
— Unnie! — Fez bico quando cinco pipocas caíram do balde. — Se você quiser faz para você, eu disse que não ia dividir.
— Oh sua esfomeada. — Miyeon agarrou a garota fazendo com que Minnie conseguisse agarrar o balde.
As mais velhas estavam cada em um canto, uma criança emburrada se deitada entre elas, completamente indignada.
— Birrentinha. — Minnie deu língua.
— O quê? — Se fez de indignada.
— Birrenta! — Repetiu mais alto.
Naquele momento o pé direito de Soojin que estava em cima de Minnie, se levantou e bateu com tudo no balde de pipoca, fazendo tudo cair no chão.
— SEO SOOJIN! — O grito das duas em conjunto só fez a garotinha rir mais, rir tanto que até rolou no chão.
Não demorou muito para que todas se juntassem a uma guerra de travesseiros e pipocas voadoras durante todo o filme.
— Elas foram minhas mães. — Riu por um breve período de tempo. — Foram momentos maravilhosos.
— Eu imagino. — Me aproximei dela. — Esses momentos foram muito importantes para você, uma diversão fora da realidade que te esperava depois da escola, Minnie foi uma irmã incrível. — Dei meu sorriso mais verdadeiro, fiquei feliz quando foi retribuído.
— É por isso que é tão difícil deixar ir. — Seu tom de voz se tornou mais cansado. — Saber que muitos sonhos não se realizaram por ter que cuidar de mim, isso faz me sentir uma pessoa tão ruim.
Quase senti vontade de gritar, agora estava colocando a culpa em si própria?
— Se tem alguém com culpa, esse alguém são seus pais. — Fui firme. — Você não tem nada que lamentar, a culpa nunca foi sua, eles que não tinham maturidade o suficiente para amar e cuidar de uma criança só porquê não tem a mesma nacionalidade.
O silêncio tomou conta do apartamento escuro, uma parte da janela da sala que estava aberta, permitia a luz da lua invadir.
— Você é perfeita e sempre foi. — Fiz seus olhos focarem nos meus. — Eu não digo isso à toa. Eu digo por quê te amo. — Sorri ao finalmente conseguir falar com todo meu sentimento.
A expressão de Soojin se transformou, meu corpo estava grudado de frente ao dela, era possível ouvir seu coração entrar em uma explosão de batimentos, um vulcão que estava inativo e em um momento que ninguém esperava, acabou por entrar em processo de erupção.
— Você o quê? — O sorriso em seu rosto me fazia sentir cada vez mais borboletas.
— Eu te amo. — Sussurrei perto de seu ouvido. — E caraca, como eu te amo! — Meu riso sem graça foi inevitável, a vergonha subia cada vez mais.
Acho que foi a primeira vez que nos beijamos com tanta emoção, uma sensação tão diferente, que te leva a o céu e ao inferno no mesmo segundo, te faz flutuar acima das mais lindas nuvens e também faz afogar no imenso oceano, te causa calma como uma brisa suave mas tem o pânico de um filme de terror.
Emoções de todos os tipos, todas as formas e sentidos.
— Eu também te amo. — Finalizou o beijo após a frase.
Não canso de falar da nossa conexão, tudo estava traçado para ser assim, por mais que tenha sido confuso e muitas vezes parecia que não teria um fim, eu com toda certeza faria tudo novamente, apenas para tê-la aqui comigo.
— Quer saber? — Arqueeou uma sobrancelha. — Tá na hora.
Me vi confusa com sua afirmação, "tá na hora do quê? " Iria perguntar quando percebi Soojin retirando algo do bolso, logo se enclinado para a geladeira e afastando algumas fotos.
— Está na hora de criar novas memórias, únicas e especiais. — Sorriu antes de colocar nossa foto na geladeira. — Hora de deixar o passado ir embora e torcer para que o futuro seja bom.
Fogos de artifício explodiram dentro de mim, não consiga conter a alegria em saber que eu fiz parte de toda essa evolução.
— Sabe, os tempos com Minnie foram bons. — Sorriu para mim. — Agora é nossa hora de viver uma história.
E com aquelas palavras e o brilho da noite invadindo a janela, nos juntamos em mais um beijo, fazendo ali, nascer um novo começo.
Soojin não estava mais perdida.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Lost - Sooshu
FanfictionNÃO ACEITO ADAPTAÇÕES Não recomendado para menores de 16 anos Yeh Shuhua se vê sem amigos ao se mudar para Coréia do Sul, tendo apenas a mãe e o pai para recorrer quando precisa de ajuda, sem ter com quem conversar ou alguém para passar o tempo, Shu...