— Acabou. — Ouvi uma voz desconhecida, acompanhada de choro. — Minha vida acabou.
O choro ecoava pelo local, um banheiro de escola
Dentro de uma das cabines, havia uma garota sentada na tampa do vaso, segurando algo em sua mão, os cabelos longos e pretos, meio encaracolados, seus olhos vermelhos e soluços altos por ali.
Parecia um tanto cansada e enjoada, a blusa da escola tinha seus três primeiros botões abertos, e ainda sim parecia um tanto apertada, já a saia, parecia mais curto que o normal.
— Jihyo? Você está aí? — Vi Soojin entrar no banheiro, ah sim! Era sua escola. — O que foi?
Bastou aquilo para a garota voltar a chorar com tudo, Soojin que estava a frente da cabine, entrou na mesma tentando acalmar a garota.
— Soojin... — A voz embargada, a maquiagem borrada, ela parecia tão desolada. — Nicha estava certa.
A garota deu a Soojin o que estava em sua mão, sua reação foi séria e surpresa, como se realmente não acreditasse.
— Oh... — Olhou para a outra menina. — Eu sinto muito Jihyo.
— Eu sabia! Eu sabia que não devia ter confiado nele. — Se levantou empurrando Soojin da cabine. — Olha pra mim agora!
Já em pé, a garota se virou, seu rosto inchado, olhar cansado e até os tênis pareciam apertados.
— É por isso que engordei tanto nesses últimos três meses! — Abaixou um pouco a saia. — Eu engravidei com dezoito anos! — Gritou em desespero
Quando reparei em sua saia mais baixa, percebi o motivo de ter colocado tão alta, um pequeno relevo começava a se formar ali.
— Eu deveria abortar — Se olhou no espelho. — Ainda dá tempo.
Soojin que era claramente mais nova, arregalou os olhos.
— Jihyo, seu sonho sempre foi ser mãe. — Engoliu em seco. — Sei que a escolha é sua, mas talvez devesse pensar com mais calma.
— Eu sei soosoo. — Suspirou. — Mas pensa comigo, só tenho mais alguns meses de ensino médio, já tenho vaga em uma das faculdades de direito mais concorridas em Seul, uma criança agora iria atrapalhar todos meus planos, sem contar que vivo com meus avós que são super religiosos e não iriam aceitar uma criança.
— A gente ajuda. — Nicha se encontrava na porta do banheiro.
— Como? —Jihyo enxugou as lágrimas.
— Se o problema for dinheiro, faço questão de comprar tudo pra vocês, se precisar de algum lugar pra morar, meu apartamento é seu, se quiser apoio... — Abriu os braços. — Estou aqui.
A cena acabava com Jihyo indo abraçar Minnie, e Soojin dando um suspiro aliviado.
Mas assim que tudo voltou a ficar preto, achei que iria acordar confusa como sempre, mas não, um choro de neném se fez presente.
— Shh... — Uma voz soluçava enquanto sussurrava ao bebê. — Você já mamou, não está com fralda suja e nem tem dodói. — Soojin estava sentada em uma poltrona de hospital, tinha a mesma aparência que da visão passada, só seu rostinho estava mais inchado.
Ao lado pude ver uma maca, onde Jihyo estava deitada dormindo.
O choro do neném foi diminuindo a medida que Soojin balançava o mesmo.
— Sabe Yeri.— Fungou. — Você escolheu a pior hora pra nascer, sua mamãe foi expulsa de casa, seu papai fugiu, a dois meses atrás aconteceu a pior coisa do mundo na escola, e agora você chegou aqui, em um momento horrível. — Suspirou. — Nem sei como vamos cuidar de você, talvez eu tenha que pedir ajuda aos meus tios...
Soojin olhava tão preocupada para a bebê, um ser tão pequeno e tão magrinho ali, a mãe deitada sem sinal de que iria acordar tão cedo, parecia um pesadelo aquele exato momento.
E novamente tudo se apagou, para logo depois voltar a ter outro cenário.
Dessa vez era uma sala branca cheia de brinquedos, no meio deles havia um trenzinho passando pelos trilhos enquanto fazia barulho.
Uma criançinha estava sentada de costas para minha visão, conseguia ver seus longos cabelos castanhos ondulados e um pequeno laço verde atrás, estava totalmente parada, concentrada em olhar o trem.
— Yeri está com três aninhos agora né mamãe? — Reparei em uma mesa ali ao lado, onde duas mulheres estavam sentadas conversando.
— Sim, doutora. — Disse enquanto preenchia uma ficha. — Eu não costumo acompanhar muito o desenvolvimento dela sabe? Estou na faculdade quase toda hora e quem cuida dela pra mim são meus avós, então só fui reparar no comportamento dela nessas férias de agora. — A mulher de cabelos curtos se virou para olhar a filha, então reparei que era Jihyo ali.
— Realmente Yeri parece ser autista, quando chamamos ela não corresponde, não fala nada, não gosta de barulhos altos e também costuma sempre estar concentrada demais em algo para prestar atenção no mundo ao seu redor.
— Sim. — Assentiu. — E esses dias ela começou a sempre querer usar roupas assim. — deu uma pausa. — Somente saias ou vestidos, não aceita shorts, e tem que ser tudo de uma cor só.
Tudo o que Jihyo falava, a outra mulher anotava em um caderninho, as duas conversando e Yeri sem tirar os olhos do trem enquanto mexia nas próprias mãozinhas.
— Pode ser nível 2 de autismo — Mostrou o papel para Jihyo. — Vamos observar o comportamento da mocinha ok? E traga ela aqui todo sábado.
— Certo, muito obrigada doutora. — Jihyo se levantou e foi até Yeri, segurando a garota pelo pulso e a puxando para fora da sala.
Então a visão se apagou.
— Shuhua? — Abri meus olhos tentando me esconder da claridade. — Acorda!
Só então me lembrei que estava na casa de Soojin, e que talvez já se passasse do meio dia.
— Que horas são? — Olhei para a menina apenas de toalha a minha frente, sentindo que estava sendo invasiva demais.
— Hora de levantar e ir a um lugar comigo. — Sorriu vendo minha vergonha.
— Soojin! — Levei minhas mãos ao rosto. — Vai colocar uma roupa.
Ouvi sua risada e senti a cama afundar.
— Não vai perguntar como veio parar aqui? — Abaixou minhas mãos.
Meu rosto ganhou uma expressão confusa ao notar que estava em um quarto, e parecia ser o quarto se Soojin.
— Eu te trouxe aqui. — Revirou os olhos. — agora se arruma e coloca uma roupa de frio.
— Onde vamos? — Me sentei na cama.
Ela suspirou aflita.
— Vamos ao cemitério.
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Desculpem por esse tamanho de capítulo, eu acabei chegando tarde na escola hj e acabei usando o tempo até a próxima aula para pelo menos trazer alguma atualização, ainda vou tentar fazer capítulos maiores.
Mas tá difícil viu? Ensino médio é o capeta
Não sei quando volto, mas por enquanto aproveitem e vão ler minha outra fanfic tbm, é puro amorzinho
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Lost - Sooshu
FanfictionNÃO ACEITO ADAPTAÇÕES Não recomendado para menores de 16 anos Yeh Shuhua se vê sem amigos ao se mudar para Coréia do Sul, tendo apenas a mãe e o pai para recorrer quando precisa de ajuda, sem ter com quem conversar ou alguém para passar o tempo, Shu...