Ela andou e eu fiquei ali
Ou será que fui eu que dali mudei
Como os passos mudos de uma reticência
Ela me olhou, bem!
Quem sabe com ela
Eu teria achado
O que sempre me faltava
Couros, colagens, sons, emoção
Ali - Skank
Quando Leonardo saiu para o intervalo, sua barriga estava roncando. Apesar de não ter trazido nenhum lanche de casa, sabia que poderia se alimentar por ali; A escola servia uma refeição para todos os alunos. E ele mal podia esperar para se satisfazer com as iguarias que seriam servidas ali, talvez um hambúrguer delicioso com um leite bem quente.
Foi quando ouviu dois garotos conversando ao seu lado:
一 Pronto para comer aquele mingau de barata? 一 Disse o primeiro rapaz, rindo.
一 Não, eu trouxe um lanche natural de casa. 一 O segundo balançou um pacote que tinha em mãos. 一 Imagine... me sujeitar àquela coisa horrenda!
一 Sorte a sua. 一 Brincou o primeiro. 一 Infelizmente eu não tive tamanha perspicácia. Espero que meu estômago esteja preparado!
E se acabaram em risadas, divertindo-se com a situação. Mas Leonardo freou; Seriam as refeições daquele lugar tão ruins assim? Seu estômago deu uma cambalhota. Agora, não ter guardado o sanduíche de queijo e presunto pareceu uma péssima ideia.
Ele observava, atento, algumas pessoas que saíam da cantina com uma tigela de mingau em mãos. Nenhuma delas parecia feliz; O cheiro da refeição, tampouco parecia animador. Mas, ainda assim, Leonardo tentou ser otimista. Talvez ele desse a sorte de obter a parte menos grotesca do mingau e, assim, seu horário de lanche não seria tão ruim assim. Bom, era o que ele esperava.
Quando a moça da cantina serviu a papa ensopada, o rapaz quis vomitar. Como alguém conseguia estragar um mingau? Era literalmente apenas farinha e leite. Mas, naquele ali, tinha brócolis, carne, tomate e mais algumas outras coisas que definitivamente não deveriam estar em um mingau. Tudo isso misturado em uma farinha láctea de péssima qualidade, talvez já estivesse até mesmo vencida.
一 O que é isso? 一 E apontou para a tigela. 一 Não é um mingau convencional.
A moça da cantina fez que não com a cabeça.
一 A cozinheira gosta de fazer experimentos. 一 E deu de ombros. 一 Eu sei, não é nada bonito. Mas, bem, eu sigo ordens. Não posso fazer nada.
一 Essas coisas não combinam! 一 Protestou Leonardo. 一 Carne, brócolis, tomate, leite, farinha... E, meu deus, isso aqui está vivo?
一 Se você não quer, então saia da fila. 一 Ela não estava com muita paciência naquele dia. 一 Tem gente querendo esse prato que você está desprezando.
Leonardo grunhiu e tomou a tigela em suas mãos. Apesar do aspecto pouco convidativo, ele precisava comer, e não havia outra opção.
Ele se sentou em uma mesa isolada, longe das outras pessoas, como sempre havia feito na vida. Encarou a mistura de mingau com ensopado algumas vezes, sentiu seu estômago protestar. No entanto, Leonardo precisava ser corajoso. Encheu uma colher com a refeição, tapou o nariz, levou até a boca...
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Nunca Mais Seremos os Mesmos
RomanceLeonardo, aos dezessete anos, acaba de perder sua mãe de forma abrupta e traumática. Se sentindo apenas um peso no mundo, o garoto acaba por viver com sua avó e se obriga a encarar uma nova vida, cheia de medos e mistérios. Dentre tantas incertezas...