Nunca Mais Seremos os Mesmos

Capítulo 36

Long ago

Just like the hearse, you die to get in again

We are so far from you

Burning on, just like a match you strike to incinerate

The lives of everyone you know

And what's the worst you take (worst you take)

From every heart you break (heart you break)

And like a blade you stain (blade you stain)

Well, I've been holding on tonight

What's the worst that I can say?

Things are better if I stay

So long and goodnight

So long not goodnight

Helena - My Chemical Romance

Nem todas as coisas são fáceis; Depois de passar dois dias junto do carinho e amor de Raquel, Helena sabia que ter de retornar para o amedrontador lar com seu padrasto seria uma das tarefas mais difíceis que encararia neste fim de semana.

Não se importava suficientemente com Francisco para voltar, mas deixar João à mercê daquele canalha era algo que aterrorizava a garota. Depois de muitas horas de pensamento cíclico e ruminante, optou por retornar ao lugar onde nunca conseguira sair. Talvez, neste novo ano, Helena finalmente teria a sorte de encontrar um emprego que pagasse o suficiente para que ela e João morassem a sós.

Planos, apenas planos. Com um suspiro longo e intenso, a moça girou a chave na fechadura, ouvindo as dobradiças da porta rangerem ao seu toque. Era pouco mais de dez da noite, e Francisco não costumava estar dormindo a este horário; Com sorte, estaria em um prostíbulo qualquer e Helena teria seu momento de paz.

Não era seu melhor dia, porém.
— Ora, ora. — O homem grunhiu com sua voz rouca. — Se não é a minha maldita afilhada. O filho pródigo à casa do pai retorna, não é?

— Você não é meu pai. — Disse Helena, por entre os dentes. Apanhando um punhado de embalagens de pizza, latinhas de cerveja e garrafas de refrigerante perto do sofá, ela percebeu que teria um longo trabalho na pia. — Que sujeira você deixou, hein? Não é capaz de jogar uma embalagem de papelão no lixo? Bom, espero pelo menos que esse bando de porcaria que você come te dê um AVC em breve.

— Você não vai se livrar de mim tão cedo. — Para a infelicidade de Helena, ele provavelmente estava correto. — Onde estava, hein? Achei que não voltaria mais.

Apanhando um saco na gaveta para jogar o lixo, Helena pensou em deixar Francisco falando sozinho. Como ela imaginava, a pilha de pratos e copos na pia estava imensa.

— Hein? — Ele insistiu. — Não vai me responder não, vadiazinha?

— Eu estava na casa da minha namorada. — Ela preferiu relevar o xingamento. — Mais alguma pergunta? Espero que não, porque não pretendo responder nenhuma.

— Namorada? — Ele questionou. — Você é sapatona agora?

Revirando os olhos, Helena novamente o deixou sem resposta. Desta vez, Francisco não insistiu.

— Onde está o João? — Perguntou ela, após uma longa pausa.

— Você não me paga para responder às suas perguntas. — Retornou Francisco, com uma fungada.