All the cameras watch the accidents and the stars you hate
They only care if you can bleed
Does the television make you feel the pills you ate
Or every person that you need to be
'Cause you only live forever in the lights you make
When we were young we used to say
That you only hear the music when your heart begins to break
Now we are the kids from yesterday
— The Kids From Yesterday - My Chemical Romance
— Você pode me falar um pouco sobre a sua relação com a família, Dominick? — Perguntou uma mulher alta, magricela, com ombros e dedos ossudos e um coque grisalho na cabeça. Mariângela era como se chamava. Por mais que parecesse esquisito no começo, o jovem havia se acostumado a vê-la toda semana.
— Bem... — Dominick encarou a chave do carro em sua mão. — Meu pai... Para ser sincero, ele sempre foi minha maior inspiração. Sonhava em ser como ele um dia.
— E sua mãe? — Insistiu a psicóloga.
— Nunca parei pra pensar nisso... — O garoto mordeu o canto da boca. — Minha mãe... Bom, ela sempre foi minha mãe. Acho que sempre a encarei assim: Minha mãe. Ela me criou, cuidou de mim... E quando me assumi gay, se tornou o meu maior porto seguro, porque meu pai não aceitou bem.
— Você acha que encarou sua mãe como um substituto do seu pai? — Mariângela ajeitou os óculos em seus olhos esbugalhados.
— Não. — E passou a mão pelos seus cabelos rosados, agora já desbotados. — Minha mãe nunca foi minha ídolo. Corri para ela quando me senti só, mas nunca fui verdadeiramente acolhido. Quem me acolheu de verdade foi Leonardo. Eu nunca senti que minha mãe amasse a gente de verdade, sabe? Me parecia que eu e Benjamin éramos subterfúgios para ela alcançar ascensão social. Não sei, tive essa impressão...
— Você se sente culpado por ter esse pensamento? — Tornou a questionar a mulher.
— Muito. — Admitiu Dominick. — Ela sempre fez o papel de mãe, a trancos e barrancos. Apesar de brilhar seus olhos quando vê dinheiro, ela fez de tudo para preservar nossa família, e... Bem, fez tanto que acabou morta.
— E o que você sentiu quando soube que seu pai havia matado a sua mãe?
Aquela era uma pergunta delicada. Dominick não queria remexer naqueles sentimentos, porque fora um verdadeiro choque. Afinal, quem queria ver um crime tão horrendo dentro da própria casa?
— Eu senti raiva. — Admitiu. — Raiva do meu pai. Não apenas porque ele tirou minha mãe de mim, mas porque ele destruiu a imagem perfeita que eu tinha. Mas, ao conversar com ele após o crime...
Dominick suspirou fundo.
— Eu entendi que foi para proteger Leonardo. E, por mais que tenha sido uma decisão impensada... — Alisou os braços. — Eu o entendo. Não faria o mesmo, mas entendo.
— Você perdoa seu pai? — Mariângela empurrou o óculos para cima com o dedo indicador.
— Perdoo. — Dominick fechou as pálpebras por um momento, sentindo as lágrimas abandonarem seus olhos. — Eu o perdoo.
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Nunca Mais Seremos os Mesmos
Roman d'amourLeonardo, aos dezessete anos, acaba de perder sua mãe de forma abrupta e traumática. Se sentindo apenas um peso no mundo, o garoto acaba por viver com sua avó e se obriga a encarar uma nova vida, cheia de medos e mistérios. Dentre tantas incertezas...