I know you've suffered
But I don't want you to hide
It's cold and loveless
I won't let you be denied
Soothing
I'll make you feel pure
Trust me
You can be sure
I want to reconcile the violence in your heart
I want to recognise your beauty is not just a mask
I want to exorcise the demons from your past
I want to satisfy the undisclosed desires in your
heart
Undisclosed Desires - Muse
O calendário marcava 28 de junho, um tão esperado domingo. Não apenas porque aos domingos os passarinhos cantavam mais alegremente, ou porque as famílias se reuniam para um passeio sereno no parque, mas também porque naquele dia era aniversário de Leonardo.
E Helena não perdeu tempo em demonstrar seu afeto pelo tão querido amigo. O relógio mal havia marcado as seis da manhã e ela arrancou o garoto de sua residência, dizendo que tinha algo especial para ele.
E, obviamente, as "coisas especiais" de Helena geralmente eram alguma aventura maluca das quais Leonardo se arrependeria no meio do caminho. Contudo, ele também já a havia arrastado para algumas emboscadas, como a festa de Augusto, e desde então o rapaz aceitava entrar em suas furadas apenas porque, no final das contas, ele se divertia à beça.
Desta vez não foi diferente. Antes mesmo que o garoto saísse de casa, Helena lhe entregou uma venda.
— O que é isso? — E apontou para o pedaço de pano em suas mãos. — Eu não vou ter que usar essa porcaria, vou?
— Vai sim. — Para seu desespero, Helena confirmou. — E não faça mais perguntas.
— Por que eu tenho que ir vendado? — Leonardo questionou.
— Porque é uma surpresa. — Disse Helena. — Vai me agradecer por isso mais tarde.
— Eu não vou usar isso. — Ele retrucou, fazendo a ideia de Helena parecer ridícula. No entanto, apesar de sua resistência, ela não desistiu.
— Ah, você vai. — Antes mesmo que Leonardo pudesse se recusar, ela já estava amarrando o pano em seus olhos. — Não confia em mim?
— Não. — Ele respondeu, em tom de zombaria.
— Sábia escolha. — Helena devolveu, também brincalhona. — Vai, anda. Se você ficar se lamentando, nós vamos perder o ônibus.
— Ônibus? — Já vendado, Leonardo era conduzido pela calçada por Helena. — Onde nós vamos?
E, claro, ele não obteve resposta.
Foram necessários uns cinco minutos no ponto até que Helena decidisse embarcar junto de seu mais novo fantoche, e, ao menos, ela havia pagado a passagem dele. Ambos se sentaram em um banco qualquer — Era domingo, e o transporte público estava vazio. — e esperaram cerca de quinze minutos até a parada.
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Nunca Mais Seremos os Mesmos
RomanceLeonardo, aos dezessete anos, acaba de perder sua mãe de forma abrupta e traumática. Se sentindo apenas um peso no mundo, o garoto acaba por viver com sua avó e se obriga a encarar uma nova vida, cheia de medos e mistérios. Dentre tantas incertezas...