Capítulo 35

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I'm tired of being what you want me to be

Feeling so faithless, lost under the surface

I don't know what you're expecting of me

Put under the pressure of walking in your shoes

(Caught in the undertow, just caught in the undertow)

Every step that I take is another mistake to you

(Caught in the undertow, just caught in the undertow)

I've become so numb, I can't feel you there

Become so tired, so much more aware

I'm becoming this, all I want to do

Is be more like me and be less like you

Numb - Linkin Park

— Me diz, Leonardo, o que eu fiz para você? — Com seu olhar gélido, o tom de Leonor era acusatório. — Achei que tivesse sido uma boa avó. Você precisa me provocar dessa maneira só porque não aprovei sua antiga namorada?

— Eu... Eu... — A testa do garoto brilhava de suor. Como desfazer este mal entendido? — Eu não... Eu...

E, com alguns segundos de atraso, a face de Helena veio à sua mente. As lembranças daquele dia eram tão claras e cristalinas quanto vidro. Como uma fotografia antiga, que demorava a se revelar, Leonardo projetava as imagens do almoço nada simpático em sua cabeça; e, logo, a raiva que sentia pela avó tomou-lhe o corpo.

Por causa daquele dia. Aquele maldito dia, em que o garoto reagiu passivamente aos abusos de Leonor e por conta disso perdera o amor de sua vida. Por que, afinal, ele tentaria se esquivar desta situação? Nada mais importava.

— Eu e Dominick nos amamos. — O garoto desafiou a avó, sustentando um olhar firme no rosto. Não deixaria que ela passasse por cima de sua cabeça desta vez. — Tem algum problema com isso?

— Não ama. Você só está confuso com os hormônios da adolescência. — Disse ela, categórica. — Você sabe que não tenho preconceito, mas não é isso que Deus quer para você. Por que essa provocação agora? Eu fiz algo para você?

— E se não for uma provocação? — Era. Naquele contexto, ao menos. — E se eu for bissexual e estiver apaixonado por Dominick? O que você vai fazer?

Leonor pareceu perder a voz; as palavras se esvaíram de sua garganta tão rápido quanto uma lufada de vento. Era a primeira vez que Leonardo se impunha daquele jeito, e a idosa não estava preparada para tamanha afronta.

Uma pena que tal coragem só tenha vindo para defender uma mentira.

— Você é um ingrato. — Disparou Leonor, vacilante, e caminhou a passos lentos para a cozinha. Talvez esperasse um pedido de desculpas, que nunca veio; talvez estivesse furiosa demais para trocar com Leonardo mais do que uma frase. A verdade é que o garoto, agora, não se sentia mais apenas um menininho: Ele era um verdadeiro homem, dono de suas ações e desejos. E não deixaria mais que ninguém decidisse em sua vida coisas que cabiam somente a ele.

E sustentou um belo sorriso no rosto. Uma parte de si estava orgulhosa de si mesmo, mas a outra...

Ao abrir a janela do quarto, o barulho de um clique foi percebido pelos ouvidos de Leonardo. O garoto esfregou os olhos e logo se deparou com uma multidão gigantesca de paparazzis em frente à sua janela. As revistas de fofoca de Labramar estavam ansiosas para vasculhar cada pedaço da vida do garoto.

Nunca Mais Seremos os MesmosOnde histórias criam vida. Descubra agora